Folha de S.Paulo – Coluna Painel
Por Daniela Lima
Se houve silêncio diante do público, nos bastidores do Supremo a gravação em que Eduardo Bolsonaro (PSL) diz que “um soldado e um cabo” bastam para fechar o STF causou forte alarido. Para ministros, o vídeo evidencia “autoritarismo e despreparo”. “Tribunais só são peças dispensáveis na ditadura”, afirmou um magistrado. “E o que temiam, aconteceu. Há investigação no TSE e eles vão ter que conviver com essa sombra.” Dias Toffoli, presidente da corte, está sob pressão para responder.
O filme que viralizou é o trecho de uma palestra de Eduardo a alunos de um cursinho para ingressar na PF, em julho. A polêmica fala foi feita durante resposta a um aluno que perguntou se ele descartava uma ação do STF para impedir a eleição do pai —e uma consequente reação das Forças Armadas.
Antes de falar em tom de galhofa sobre o hipotético fechamento do Supremo, Eduardo disse que não achava impossível que usassem uma doação irregular de “R$ 100 do José da Silva” para impugnar a candidatura de Bolsonaro.
O presidenciável agora é alvo de investigação pelo escândalo do WhatsApp, revelado pela Folha. É a esse caso que o ministro do Supremo ouvido pelo Painel se referiu como sombra.
Um outro magistrado do STF fez muitos comentários sobre o linguajar usado pelo filho de Bolsonaro ao longo da palestra. Com o evento em clima descontraído, Eduardo disse diversos palavrões.
No início da palestra, o filho de Bolsonaro falou sobre o ingresso na PF —ele é escrivão— e descreveu a rotina na corporação. Ele criticou quem não defende polícia letal. “Policial treinado para atirar na perna?”, ironizou. “Policiais morrem por medo de apertar o gatilho.”