A movimentação de cargas no Porto do Recife ainda não deu sinais de ter sido afetada pelos reflexos da pandemia do covid-19 que vem afetando quase todos os setores da economia.
Segundo o presidente do Porto, Carlos Vilar, as operações gerais do Porto no mês de março foram 60% maiores do que no mesmo mês do ano passado e, em abril, a expectativa é de que a movimentação seja pelo menos igual à do mesmo período de 2019.
Vilar revelou que contribuíram para o significativo crescimento no volume de cargas em março deste ano em relação a março de 2019 a movimentação de 25 mil toneladas de milho, contra 12 mil no mesmo mês do ano passado; 25 mil toneladas de fertilizante, contra 11 mil em março de 2019 e de 25 mil toneladas de trigo, contra 11 mil no mesmo período do ano passado.
A operadora portuária Agemar Infraestrutura e Logística, por exemplo, que no ano passado foi responsável por 40% das movimentações de cargas no Recife, já descarregou, de 1º de janeiro a 14 de abril deste ano, 187 mil toneladas de mercadorias, contra 131 mil no mesmo período do ano passado, o que representa um incremento de 43%.
Para o presidente do Porto do Recife, Carlos Vilar, o volume de cargas registrados este ano referem a contratos de importação fechados com antecedência cujas cargas estão sendo entregues agora. Para ele, os reflexos da retração dos mercados causados pela pandemia deverão afetar as operações portuárias a partir de maio.
Manoel Ferreira Neto, diretor da Agemar, afirma que o fechamento do comércio e a redução na produção industrial irá ocasionar uma grande redução na movimentação de cargas no Porto nos próximos meses. Mesmo assim, ele destaca que a empresa não dispensou nenhum funcionário. “Estamos dando férias coletivas de forma escalonada e, para quem está trabalhando, estamos cumprindo todas as normas sanitárias para evitar o contágio”, explica.
Nesta semana, a empresa está realizando a operação de descarga do navio Sapphire Island, vindo da Argentina com 29 mil toneladas de milho. “As operações dos setores de transporte e logística não foram afetadas pelas medidas de restrição baixadas pelo Governo do Estado para conter a expansão do coronavírus. Em razão disso, estamos não só mantendo nossas operações portuárias, como também de transporte marítimo de combustível entre Recife e Fernando de Noronha, a além de manter nossas unidades de armazéns gerais em pleno funcionamento”, destaca.
De acordo com Carlos Vilar, o Porto do Recife emprega atualmente cerca de 1.200 trabalhadores diretos e indiretos. Desse total, 350 foram afastados por 120 dias por fazerem parte do grupo de risco que incluem pessoas com mais de 60 anos e portadores de doenças crônicas. Segundo ele, até agora não foi registrado no Porto nenhum caso de pessoas com sintomas da Covid-19. “Estamos tomando todas as precauções, incluindo a adoção de regras rígidas de distanciamento, uso de equipamentos de proteção e bloqueio do acesso ao Porto de pessoas do grupo de risco”, afirma.