Do jornal O Globo
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou hoje que sua relação com o presidente Jair Bolsonaro não é “simples” e que eles não são os primeiros companheiros de chapa a enfrentarem um “problema”, mas disse que Bolsonaro conta com sua “lealdade”. Os comentários foram feitos após o GLOBO mostrar que a relação entre os dois passa por um dos piores momentos.
— Não é uma relação simples, nunca foi, entre presidente e vice. Nós não somos os primeiros a vivermos esse tipo de problema, mas a gente sabe muito bem que ele conta com a minha lealdade acima de tudo porque os valores que eu aprendi ao longo da minha vida eu não abro mão deles, não é? Da lealdade, da honestidade, da integridade, da probidade. Então ele pode ficar tranquilo sempre ao meu respeito — disse Mourão, ao chegar no Palácio do Planalto.
A crise permanente entre os dois atingiu um dos piores momentos nas últimas semanas após Bolsonaro se sentir traído por descobrir pela imprensa que Mourão havia se encontrado às escondidas com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, um dos seus principais desafetos e contra quem ele promete apresentar um pedido de impeachment no Senado.
Antes desse momento de crise aguda, o casamento esteve por um fio no final do ano passado. Na conversa mais dura que a dupla já teve, sem testemunhas, Mourão falou em renúncia. O episódio ocorreu no dia 16 de dezembro, no Palácio do Planalto. De acordo com o que o vice relatou a pessoas de sua confiança, deu-se o seguinte monólogo:
— Bolsonaro, se você quiser, eu entrego a minha cadeira hoje, mas vou te avisar: no dia seguinte, o Centrão toma conta disso aqui — desabafou o militar da reserva naquela tarde.
Nesta segunda-feira, o vice-presidente disse que não cogitou renunciar e que ficará no cargo até o fim do governo.
— Jamais, jamais fugi de missão. Não entrega os pontos — disse, acrescentando sobre sua intenção de ficar até o final do governo: — Lógico, tranquilamente.
Mourão também minimizou as chances de uma “convulsão” durante manifestações em defesa do governo que estão programadas para o dia 7 de Setembro, dizendo que isso é “fogo de palha”:
— Não, acho que nada. Isso aí tudo é fogo de palha. Zero preocupação.