Não ter acesso à água tratada e aos serviços de coleta e tratamento de esgoto tem impacto direto na desigualdade de gênero no Brasil, como mostra o estudo nacional realizado pela BRK Ambiental, em parceria com o Instituto Trata Brasil. A realidade é dura: no país, uma em cada quatro mulheres lidam com a falta de saneamento básico, com consequências calculáveis em sua formação educacional e renda, além da qualidade de vida, saúde e bem-estar.
No total, o público feminino que vive nestas condições representa 27 milhões de pessoas, mais de 10% da população brasileira. Quando olhamos para as indígenas e negras, os déficits são relativamente maiores. A pesquisa foi desenvolvida com base no cruzamento de dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dos Ministérios da Saúde, Educação e Cidades, em um levantamento inédito.
Segundo dados da PNADC (IBGE, 2017), 15,2 milhões de mulheres declararam não receber água em suas residências, ou seja, uma em cada sete brasileiras não tinham acesso à água. Essa carência se concentrava na população mais jovem (0 a 14 anos), de menor escolaridade e nas classes de renda mais pobres.
Além de não contarem com água potável, a ausência de banheiro em suas moradias – o mais primário dos problemas associados ao esgoto – atingia 1,6 milhão de mulheres brasileiras. O estudo da BRK Ambiental aponta que o acesso a água e esgoto de forma regular tiraria, imediatamente, 635 mil de mulheres da pobreza. No país, temos exemplos de estados com déficits de acesso à água tratada relativamente baixos, como foram os casos de Roraima (11,5% da população), Tocantins (12,9% da população) e Amazonas (25,4% da população). Já no Nordeste, os estados que estavam mais adiantados no processo de universalização da água tratada foram Sergipe (14,0% da população), Bahia (14,5% da população) e Rio Grande do Norte (14,7% da população).
Na região sudeste, economicamente mais avançada, destacava-se São Paulo (3,3%). No Sul, Paraná (8,5% da população) e Rio Grande do Sul (11,2% da população) contavam com os menores índices.
Perfil da privação
As análises possibilitam traçar um perfil da privação: a mulher sem acesso adequado à água tratada pertencia a uma família entre as 30% mais pobres do Brasil, ela tinha baixa instrução – em sua maioria tinha o ensino fundamental incompleto –, era adolescente ou jovem (menos de 40 anos), morava nas regiões metropolitanas do país ou nas áreas rurais.
Já a mulher sem acesso aos serviços adequados de esgotamento sanitário tinha um perfil semelhante, com a distinção de que morava em áreas urbanas do interior do país. Os aspectos dão uma conotação social marcante à questão do acesso ao saneamento básico no Brasil.
Teresa Vernaglia, presidente da BRK Ambiental, destaca que a pesquisa mostra a dupla jornada praticada pela maior parte das mulheres no Brasil e o peso que a falta de saneamento tem nessa rotina. “No Brasil é a mulher que cuida dos afazeres domésticos. É ela quem cozinha e é quem se ausenta do trabalho para levar o filho no posto de saúde. Portanto, a falta de saneamento afeta diretamente a sua vida em diversas esferas, com impactos inclusive na sua mobilidade socioeconômica. São informações impactantes dada a importância da autonomia financeira para a igualdade de gênero e para o empoderamento da mulher, previstos no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 da Agenda 2030 da ONU”, afirma.
Desempenho escolar
As desigualdades de gênero ocorrem em todos os estágios da vida da mulher, da sua infância até a velhice. Olhando para meninas em fase escolar, o levantamento revela que o desempenho das sem acesso a banheiro foi inferior em 46 pontos na média do Enem, quando comparadas à média dos estudantes brasileiros.
Além disso, há repercussões no ingresso ao mercado de trabalho, uma vez seria possível reduzir em até 10% o atraso escolar dessas estudantes e, falando em renda, trazer um acréscimo médio de R$ 321,03 ao ano para cada uma dessas brasileiras.
Vulnerabilidade a doenças
A falta de água e a carência de serviços de esgoto aumenta não somente a incidência de infecções gastrointestinais como o crescente do número de casos de doenças transmitidas por mosquitos e animais.
Neste tocante, a pesquisa demonstra que as mulheres se afastaram, em média, 3,5 dias por ano de suas atividades rotineiras devido a esses problemas de saúde. As meninas com até 14 anos têm índice de afastamento por diarreia 76% maior que a média em outras idades (132,5 casos de afastamento por mil mulheres contra 76), sendo as principais prejudicadas. Os estados com maiores incidências de licenças foram Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, todos com índices superiores a 100 a cada mil mulheres.
Universalização do saneamento
Oferecer saneamento básico significa beneficiar a população com melhores condições de saúde, qualidade de vida, cidadania e dignidade, além de melhorar os aspectos econômicos e ambientais do país. Existe uma grande relação entre a economia e o saneamento básico. Estudos mostram que para cada R$ 1 investido em saneamento, são economizados R$ 4 em saúde, pois a falta de tratamento de água e esgoto provocam diversas doenças.
Ao avaliarmos o cenário nacional entre os anos de 2010 e 2017, o Brasil gastou mais de R$ 1 bilhão em internações, uma média de R$ 140 milhões por ano. Com a universalização do saneamento básico, a redução dos custos com saúde no Brasil, segundo dados da CNI, chegaria a R$ 1,45 bilhão ao ano. Em 20 anos, considerando o avanço gradativo do saneamento, o valor da economia com saúde, seja pelos afastamentos do trabalho, seja pelas despesas com internação no SUS, deve alcançar R$ 5,9 bilhões, segundo dados do Instituto Trata Brasil.
Sobre a BRK Ambiental em Pernambuco
Líder no segmento privado de saneamento do país, a BRK Ambiental trabalha para transformar a realidade do saneamento básico do Brasil, onde ainda hoje 1 em cada 2 pessoas vive sem coleta de esgoto. A BRK beneficia diretamente a vida de 15 milhões de brasileiros, conhece a realidade do país de Norte a Sul, e atua para transformá-la, proporcionando investimentos para ampliação do acesso ao saneamento e garantir serviços de qualidade para seus clientes. Em Pernambuco, a BRK Ambiental está presente na Região Metropolitana do Recife (RMR) desde 2013, numa parceria público-privada com a Compesa. O objetivo do projeto é a universalização dos serviços de esgoto em todas as 15 cidades da RMR.