Com os hospitais lotados e as UTIs sem leitos para todos que precisam, nefrologistas de todo o país vêm atuando frequentemente nos times da linha de frente em casos graves, pois a infecção por Covid-19 atinge o funcionamento dos rins e, uma vez que isso aconteça, o risco de morte é ampliado em até cinco vezes.
“O coronavírus também lesiona órgãos como pele e músculo. Quando isso ocorre, o corpo produz mais mioglobina, uma proteína que tem função de acumular oxigênio nas células musculares para a produção de energia necessária à contração muscular. Com uma quantidade maior dessa substância sendo filtrada pelos rins, as células tubulares renais acabam sendo lesionadas também, levando à insuficiência renal e à necessidade de hemodiálise”, afirma a Dra. Tamires Piraciaba, nefrologista e professora do curso de Medicina da Unisa.
“O rim é extremamente sensível a períodos prolongados de ventilação mecânica e ao uso de muitos medicamentos, uma situação infelizmente muito comum no caso dos pacientes intubados”, complementa a especialista.
Quando se fala em pandemia, um aspecto essencial não pode ser ignorado, que é o dos impactos da doença na saúde global do paciente. Há casos em que os rins se recuperam, mas há outros em que, mesmo curados do coronavírus, os pacientes precisam manter a hemodiálise por tempo indeterminado, e isso pode mudar para sempre suas vidas, uma vez que ainda não há estudos suficientes que atestem que o paciente voltará a ter uma vida normal, como a que tinha pré-coronavírus.
Se tiver interesse em repercutir o tema como serviço, a Dra. Tamires Piraciaba está à disposição para entrevistas.