O valor emocional do aprendizado Realidade e desafios em tempos de pandemia para a educação

Com o fechamento das escolas e universidades, cerca de 2 bilhões de estudantes estão sem aulas em 160 países. Muitas escolas têm aproveitado para desenvolver novas metodologias com a ajuda da tecnologia.

Mas o que podemos dizer do Brasil, onde existem diversas realidades diferentes? Devemos lembrar que a educação pública, em muitos estados, está extremamente defasada no que diz respeito à tecnologia e inovação. Trata-se de um grande desafio trazido para o governo, escolas, pais e alunos.

No que diz respeito às escolas particulares, podemos dizer que a maioria está com menos dificuldades para implementar essa nova forma de estudar. Afinal, os recursos existem e isso facilita demais na adaptação.

Mas para a psicanalista Elizandra Souza, “não se trata somente de existirem recursos tecnológicos para que o aprendizado se consolide, é preciso algo além e este além está no contato, na interação, o que na psicanálise chamamos de transferência”.

A parte mais difícil é com relação ao costume das crianças em estudar de forma online e à distância. Mas basicamente, crianças matriculadas em escolas particulares, possuem mais oportunidade de ter acesso à internet e às ferramentas necessárias.

As crianças das escolas públicas já começam com dificuldades relacionadas às ferramentas possíveis. Computador, tablet, internet, tudo o que é necessário para um mínimo de aprendizagem não existe, para grande parte delas.

A psicanalista Elizandra Souza, completa “o aprendizado se dá por transferência, que significa a possibilidade de integração do conteúdo estudado com a própria subjetividade da criança e mais a relação com o professor, por isso, algumas crianças aprendem melhor com o professor X e nada com o professor Y”

Muitas escolas estão entregando materiais impressos e pedindo que as crianças façam as atividades em casa. Mas sem nenhum respaldo e por conta própria. Infelizmente, mais uma vez, essa parcela da população sairá em desvantagem. Além, de não terem condições tecnológicas, ainda não conseguem abstrair qualquer tipo de aprendizado pela falta de relação com o outro. “Aprender tem a ver com olhar e sentir”, diz Elizandra Souza.

Obviamente, a divisão não deve ser feita, simplesmente, entre crianças de escolas particulares e crianças de escolas públicas. “Existem escolas particulares que não são de ‘ricos’, além disso, muitos pais perderam seus empregos ou fecharam suas empresas. E isso, gera angústia nas crianças também, que se sentem desamparadas com tantos problemas na família. O aprendizado, então, é quase impossível!”, completa a psicanalista.

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