A Secretaria de Defesa Social – SDS, através da Polícia Civil de Pernambuco, divulgou o resultado da 22ª Operação de Repressão Qualificada denominada “Arquibancada”, desencadeada na manhã desta quarta-feira (28/10), na Região Metropolitana do Recife. Dez membros de torcidas organizadas foram presos por terem sido identificados em imagens de tumultos e outros dois flagrados com posse ilegal de arma. O balanço geral da operação foi anunciado durante coletiva de imprensa no auditório da SDS, no bairro de Santo Amaro.
Os acusados estão envolvidos em três ocorrências pontuais que são reconhecidas como danos promovidos por integrantes dessas torcidas. A primeira, na Estação de Metrô do Barro; a segunda foi registrada na sede do Clube Náutico Capibaribe, no bairro dos Aflitos; e a terceira, o arrastão das torcidas nas imediações do Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira – IMIP.
De acordo com o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, a principal dificuldade da polícia em realizar prisões em flagrante no momento da ocorrência se deve a esses grupos atuarem com muitas pessoas, o que dificulta a identificação dos responsáveis pelos crimes de vandalismo e de agressão.
Contudo, a análise das imagens das câmeras de segurança e de outras divulgadas em redes sociais pelos próprios membros das torcidas organizadas ajudaram a polícia na identificação dos acusados.
“Após a ocorrência do Náutico, o governador do Estado anunciou seis medidas de segurança a serem tomadas, das quais três já estão em execução e as demais serão tomadas após a conclusão dos inquéritos. Uma das medidas é o aprofundamento do monitoramento das torcidas organizadas, o que já vem sendo realizado, com a criação do banco de dados das pessoas que integram esses grupos”, relatou o secretário.
A operação foi coordenada pela chefia da Polícia Civil de Pernambuco. Cerca de 100 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães, participaram da execução do trabalho operacional. As investigações tiveram início há cerca de dois meses e foram presididas pelo delegado Paulo Moraes, da Delegacia de Polícia de Repressão à Intolerância Esportiva, sob coordenação geral do delegado José Silvestre Júnior, diretor de Operações de Recursos Especiais – CORE, com apoio da Diretoria de Inteligência.
De acordo com José Silvestre Júnior, alguns dos crimes cometidos pelos acusados que foram detidos são de menor potencial ofensivo como rixa e dano ao patrimônio, passível apenas de um termo circunstancial de ocorrência – TCO. Os suspeitos, no entanto, foram detidos através de mandados de prisão temporária, por dano qualificado, associação criminosa e corrupção de menores, por exemplo. A depender das investigações a Justiça pode determinar o cumprimento de prisão preventiva. “Contudo, a polícia entende que esses 12 acusados são membros de uma organização criminosa envolvida em outros crimes, como sonegação fiscal e lavagem de dinheiro”, afirmou José Silvestre.
Essa linha de investigação se justifica porque foram encontrados mais de 500 carnês de associados que contribuem mensalmente com as torcidas organizadas. Essas diligências contam com o apoio da Secretaria da Fazenda de Pernambuco. Caso seja comprovado, o delegado responsável poderá pedir a prisão preventiva desses acusados.
“A ousadia desses criminosos, disfarçados de torcedores, em divulgar vídeos de suas ações em arrastões e tumultos na internet só comprovam que eles acreditavam que ficariam impunes, pagando apenas penas alternativas”, concluiu Silvestre.
O promotor do Ministério Publico de Pernambuco, Marcos Carvalho, parabenizou a Polícia Civil e a Científica pelo êxito da operação. “É importante ressaltar a dificuldade que o Estado tem em conter esse tipo de criminalidade em consequência do Estatuto do Torcedor, que prevê penas muito brandas. A apreensão dessas duas armas mostram que esses indivíduos usam o disfarce de torcedor para seguir o caminho do crime. Acredito que esse foi o primeiro passo a ser dado e vamos continuar trabalhando na esperança de que em dias de jogos a sociedade pernambucana possa transitar de forma pacífica”, pontuou o promotor.