Wagner Gil
Esta semana o processo que corre na IV Vara Criminal, na Comarca de Caruaru e apura responsabilidades de fatos apontados na Operação Ponto Final, entra em fase decisiva com o início do depoimento dos dez vereadores que foram acusados de cobrar propina para aprovar projetos do Executivo. Depois de receber denúncia em setembro do ano passado, a Polícia Civil teria iniciado investigações e deflagrado a Operação no dia 18 de dezembro, de 2013.
O fato ocorreu justamente um dia após a aprovação do projeto do BRT- Buss Rapid Transit, onde a prefeitura precisava de autorização da Câmara de Vereadores para contrair empréstimo na ordem de R$ 250 milhões, junto ao Branco do Brasil e conseguiu. Dez edis foram presos em suas casas durante à madrugada e levados à Penitenciária Juiz Plácido de Souza.
O primeiro a ser ouvido, é Eduardo Cantarelli (SDD), a partir das 8h30 da manhã desta segunda. Na terça-feira, será a vez de outro vereador e até a quinta, todos os dias haverá depoimentos. Na próxima semana, acontecem as últimas ouvidas. Além de Cantarell, os outros noves edis serão ouvidos nas próximas duas semanas: Cecílio Pedro (PTB), Sivaldo Oliveira (PP), Pastor Jadiel (Pros) e Val das Rendeiras (Pros) e todos os membros da Oposição: Evandro Silva (PMDB), Louro do Juá (SDD), Jajá(sem partido), Neto (PMN) e o líder do bloco, Val de Cachoeira Seca (DEM).
Nossa reportagem tentou ouvir o juiz Francisco de Assis, mas não obteve êxito. Através de uma vereador acusado, nossa reportagem foi informada que houve uma reunião entre o magistrado e o advogado criminalista, Émerson Leônidas, que coordena a equipe de defesa. A reunião teria ocorrido, na última sexta-feira, quando decidiram já iniciar as ouvidas dos edis. Há dois meses, o juiz iniciou as oitivas das testemunhas de defesa e acusação, com depoimentos que duravam o dia inteiro e durante quatro dias na semana. Esse fato acelerou bastante o processo que teve repercussão nacional, já que os dez edis foram presos e afastados de seus cargos. A fase de sentença deve ocorrer no início do próximo ano.
Nossa reportagem apurou que estão faltando apenas duas ou três testemunhas, mas pessoas que não devem influir de forma direta no resultado do processo. São pessoas indicadas pela Defesa e que geralmente abonam à conduta de quem as indicou. Entre elas estariam o deputado Tony Gel (PMDB), o senador, Jarbas Vasconcelos (PMDB), entre outros nomes de peso de política pernambucana e local. Geralmente esse pessoal é ouvido através de Carta Precatória, devido ao foro privilegiado que é dado às autoridades.
Coincidência ou não, na semana passada a Defesa iniciou uma estratégia de apresentar na mídia, alguns trechos de gravações que podem comprometer as investigações e algumas ligadas ao processo, entre elas, diálogos entre o prefeito José Queiroz (PDT) e o então secretário , Marcos Casé (PTB). A intenção também é provar que houve quebra de sigilo e desta forma, anular algumas provas que foram colhidas pela polícia para acusar os edis de corrupção passiva, corrupção ativa e criação de organização criminosa, entre outros crimes.
No material apresentados pelos edis, estão gravações de áudio e vídeo, realizadas através quebra de sigilo e escutas telefônicas e ambientais. Parte desse material foi entregue na semana passada à TV Asa Branca e alguns trechos publicados aqui com exclusividade. Durante esta segunda-feira (03), o leitor ficará sabendo de tudo sobre os depoimentos e em tempo real, aqui no blog. Teremos uma equipe de plantão no local.