Por Tiê Felix
A amizade é uma virtude tipicamente brasileira. A frase aos amigos tudo, aos inimigos a lei reflete essa pratica corrente por cá. Diferentemente de outros lugares do mundo, conhecidos pela sua indiferença e individualismo liberais, no Brasil a coisa é diferente, troca-se favores o tempo todo, sem considerar nenhum outro valor senão a amizade como critério de qualquer negócio e comércio. Por isso mesmo pouquíssimas relações sociais – de socius mesmo – de qualquer natureza pode ser considerada realmente séria por aqui. Questionável são quase todas as obras realizadas no Brasil, desde uma compra numa loja sem nota fiscal até mesmo uma rua calçada com uma verbinha qualquer.
Basta lembrar que em cargos de grande importância da nação quem trata de cuidar são os partidos, levando sempre grande parte de toda grana que envolve ministérios e empresas públicas para seus próprios bolsos ou para sua própria causa partidária. Daqui se vê a crise partidária brasileira. A direita o faz para os mais ricos e a esquerda para os seus correligionário e empresário também financiadores. Quanto a isso todos estão podres.
Alguém pode dizer: mas não se faz nada sem partido.
Posso retrucar imediatamente dizendo que o partido deve servir ao interesse de quem nele votou e portanto aderiu a ele, o que não acontece em todas as vezes.
Quando se vê falta de agua, de energia e de vergonha, é porque realmente a coisa é séria, a crise moral está instalada. A política descambou para o seu fracasso, embora muitos afirmem o “avanço da democracia”. O fracasso da política no Brasil relaciona-se a esse personalismo tão comum nas relações sociais brasileiras onde tudo é moeda de troca, principalmente a dignidade, a personalidade e a honestidade. Grande parte dos nossos representantes são personalidades mesquinhas, destas que vemos por ai com seus autoritarismos.
A mesquinharia autoriza o autoritarismo; a ignorância ajuda a crescer imoralidade.
Falta-nos ética de verdade, ética como vergonha e não como mero conceito relativo. Para viver qualquer uma precisa de ética. Sem ética não dá pra sair nem para a rua.
Nenhum esforço é feito no Brasil porque não há nenhuma valorização do trabalho como fundamento produtivo da vida. O trabalho aqui em alguns lugares ainda é semi-escravo, com direito a gritos inclusive, bastante semelhante à casa grande mesmo. Qualquer político brasileiro sabe que governa para uma maioria serviçal e pouca afeita a promover críticas.
A maior parte do trabalho realizado resulta sempre de uma exploração excessiva de um exercício medíocre. Em todos os aspectos da sociedade o brasileiro está sem saída, paga altos impostos e vive sob a inflação que não lhe deixa possuir nada.LaBruyere moralista francês dizia que há apenas duas maneiras de se obter sucesso na vida, pelos próprios hábitos ou pela incompetência alheia, no Brasil a segunda predomina.
Tiê Felix é professor