OPINIÃO: Crases no comércio

Por MENELAU JÚNIOR

Hoje quero conversar com vocês sobre algumas frases que encontramos no comércio. Em muitas delas, o acento grave (mais conhecido como “crase”) aparece usado de forma equivocada. Vamos entender por quê.

Primeiramente, é preciso saber que o acento grave indica a ocorrência de crase (palavra grega que significa “fusão”). No caso, é a presença de “a” + “a” que exige o uso do acento. Mas, nos estabelecimentos comerciais, isso não costuma ser respeitado.

“Comece à pagar à partir de setembro”. Eis aí um dos casos mais comuns: “crase” antes de verbos (no caso, “pagar” e “partir”). Ora, se compreendemos que não se usa o artigo “a” antes de verbos, não é possível ocorrer crase nessa situação. Portanto, senhores lojistas, nada de colocar o acento grave antes de um verbo, certo?

Outro caso comum é na expressão “à prazo”. O problema agora é que “prazo” é palavra masculina. Por isso, diante dela não pode existir o artigo “a”, apenas a preposição “a”. E se não existem os dois “AA”, não existe crase!!!

Mais uma expressão que traz uso indevido do acento é “de segunda à sexta” ou “de segunda à sábado”. No segundo caso, é fácil saber por quê: “sábado” é palavra masculina – e diante de palavras masculinas normalmente não usamos o acento. Já no primeiro, é preciso entender uma relação de paralelismo: como não existe artigo diante de “segunda” (DE segunda), também não existe diante de sexta (que, nesse caso, é tomada de forma genérica, é qualquer sexta-feira). Por isso, mais uma vez não temos “crase”.

Para terminar, já observou com muita gente, após um aviso, assina como “À Direção”? Não sei quem inventou essa crase aí…

O assunto, claro, precisaria de bem mais linhas para ser explicado de forma clara. O importante, contudo, é que todos tenham cuidado ao empregar esse acento. Honestamente, é melhor errar pela ausência do que pelo excesso. Na dúvida, não use o acento grave. A probabilidade de ele não ser usado é muito maior.

Até a próxima semana.

menelau blog

 

Menelau Júnior é professor de língua portuguesa. Escreve para o blog todos os sábados. E-mail: menelaujr@uol.com.br

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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