Por MENELAU JÚNIOR
Esta semana, o Brasil ficou chocado com as imagens divulgadas de um presídio no Maranhão. Detentos caminham sobre poças de sangue e depois exibem corpos de alguns presos mortos. O que choca é o tipo de morte: DECAPITAÇÃO. Nas imagens, os cadáveres aparecem com a cabeça arrancada. Há cortes profundos, demonstrando que deve ter havido tortura antes dos crimes. Num dos momentos, um preso diz “mostra esse desgraçado” enquanto ergue a cabeça do rival.
Muita gente, ao se referir ao ato de separar a cabeça do corpo, escreve “decaptação”, com “p” apenas. A palavra correta é DECAPITADO (com “pi”), e não “decaptado”, como muitos escrevem – provavelmente por influência de “captar”, que não tem nada a ver com DECAPITAR. DECAPITAR é palavra formada pelo prefixo “de-” (que significa “afastar”) e do radical latino “capitia” (cabeça). Portanto, tem “PI”: “decapitação”, “decapitar”, “decapitado”.
Embora brutal, a DECAPITAÇÃO não é coisa de detentos cruéis apenas. Basta lembrar que João Batista teve esse fim nas histórias bíblicas e que a guilhotina DECAPITOU muita gente na França.
Menelau Júnior é professor de língua portuguesa. Escreve para o blog todas as quintas-feiras. E-mail: menelaujr@uol.com.br