OPINIÃO: O consumo de álcool por adolescentes

Por MENELAU JÚNIOR

Cerveja é coisa do passado. Cachaça, vodca, uísque e outras bebidas perigosas tornaram-se a preferência de adolescentes – inclusive dos que têm menos de 18 anos. Exaltado pela sociedade como sinônimo de alegria, o álcool é responsável direto por casos de abandono escolar, acidentes de trânsito e até crimes mais graves. Enfrentar esse desafio exige ações da família, da sociedade e do próprio Estado.

É no âmbito familiar que muitos adolescentes aprendem a consumir bebidas alcoólicas. E sabendo que os jovens entendem mais através de exemplos do que de discursos, é até compreensível que tantos deles comecem a beber tão cedo. Dentro de casa, seus pais bebem e, muitas vezes, chegam a oferecer a bebida. Quando não, são os amigos da escola que iniciam este jovem nos rituais de bebedeira. Com esses exemplos e sem orientação, logo passam a consumir álcool habitualmente. As propagandas também contribuem para isso: a bebida é sempre associada a jovens saudáveis, bonitos e alegres. Beber virou quase uma imposição social para os adolescentes.

Aliás, esse comportamento social de aceitação e estímulo é, sem dúvida alguma, um dos maiores responsáveis pelo aumento do consumo de bebidas alcoólicas – inclusive entre as mulheres. Há pesquisas que mostram que elas já bebem tanto quanto os homens. Hoje, quase ninguém vai para a “balada” para ficar sóbrio. E o exagero na bebida quase sempre leva ao uso de outras drogas – e este, a problemas mais sérios, como queda no rendimento escolar, acidentes de trânsito e, em casos mais graves, assassinatos.

O Estado, claro, regulamenta leis que tentam coibir esse consumo entre os menores. Regulamenta, mas não fiscaliza. Em casas de shows e festas populares, é fácil encontrar até pré-adolescentes consumindo bebidas alcoólicas sem serem importunados. Sem punição eficaz, essa prática se tornou comum – até porque muitas vezes é um maior que compra a bebida para o menor.

Enfrentar o consumo de álcool por adolescentes é, portanto, desafiador. As famílias não têm como proibir, mas podem orientar – principalmente pelo exemplo. Está comprovado: lares desestruturados favorecem o uso de bebidas por adolescentes. As escolas podem, também, ajudar a sociedade nessa luta: aulas de química, biologia e sociologia, por exemplo, podem abordar o tema de forma conjunta, mostrando os perigos e efeitos dessas drogas lícitas no corpo do jovem e no meio social. E o Estado pode ser mais eficiente com seus órgãos fiscalizadores, punindo com rigor aqueles que “fecham os olhos” à idade de quem compra bebida alcoólica. Jovens que bebem menos contribuem mais para o bem-estar social.

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Menelau Júnior é professor de língua portuguesa. Escreve para o blog todos os sábados. E-mail: menelaujr@uol.com.br

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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