Por MENELAU JÚNIOR
Um dos mais importantes colégios do país, o Pedro II, rendeu-se à patrulha “politicamente correta” de grupos que desejam suprimir o gênero das palavras. Como se vê, o ridículo não tem limites.
Num aviso afixado no colégio, lia-se: “A entrada dos alunxs do turno da tarde”. A moda surgiu por causa de reivindicações de grupos LGBT. Que esses grupos lutem por igualdade social é mais que justo; que as escolas sejam ambientes de discussão e do fim do preconceito também; que o Estado procure, por meio de leis, proteger esses grupos é também justo. Mas a patrulha sobre a língua é de uma burrice sem limites. E o Pedro II, lamentavelmente, comprou a estupidez em nome da “diversidade de gênero”.
O cartaz é tão infame que antes da forma “alunXs” (com um “X” no lugar da indicação de gênero) aparece um “dos”, contração da preposição “de” com o artigo “os”. Fosse para seguir o que querem alguns defensores da causa gay, teria de ser “dxs alunxs”.
A reivindicação é estúpida, para ficar num adjetivo publicável. Se a ideia é usar o “X” para indicar que pode ser homem, mulher, transexual, gay, bissexual ou qualquer outra denominação, a intenção já esbarra num conceito: o “o” ou o “a” em português não indicam sexo, nem condição sexual. Indicam gênero. E gênero não é sexo.
Além do mais, existem aqueles que dizem que a concordância no masculino é machista. Santa ignorância. O latim possuía três gêneros (e não sexos): o masculino, o feminino e o neutro. Nas transformações que originaram a língua portuguesa, a desinência do masculino se fundiu, por causa de aproximação fonética, à do gênero neutro. Ou seja, ao escrever “os alunos da escola”, estamos diante de uma expressão neutra, e não masculina. A única forma marcada em português é o feminino. Tanto é que na palavra “aluno”, o “o” final é classificado como vogal temática, e não como desinência de gênero. Este “o”, senhores patrulheiros, não indica masculino. É neutro. Estudo é mais importante que patrulha ideológica.
Além do mais, como se leria uma frase como “Xs alunxs estudiosxs estavam ansiosxs”? O Pedro II deveria estar mais preocupado em ensinar outras coisas do que em “fazer média” com grupos radicais. O “X” no lugar do “o” ou do “a” é de uma estupidez sem limites.
Até a próxima semana.
Menelau Júnior é professor de língua portuguesa. Escreve para o blog todos os sábados. E-mail: menelaujr@uol.com.br