A Bancada de Oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) cobrou explicações do governador Paulo Câmara e do prefeito Geraldo Júlio sobre as declarações do executivo da JBS, Ricardo Saud, envolvendo o PSB pernambucano. Na delação, Saud afirma ter sido procurado por Paulo Câmara e pelo prefeito Geraldo Júlio para tratar de doações da empresa para a campanha de 2014 e que terima liberado R$ 1 milhão para a campanha do governador.
“Saud fala, inclusive, em ter recebido, na sede da empresa, ao lado do empresário Joesley Batista, o governador do Estado e o prefeito do Recife. Li atentamente as notas divulgadas por Paulo e Geraldo e, no entanto, em nenhum momento vi nenhuma referência ao encontro. De fato houve ou não esse encontro com o delator? E se houve, e não foi tratado nada relacionado à campanha, o que o governador de Pernambuco e o prefeito da Capital foram tratar na sede da empresa”, questionou, Silvio Costa Filho (PRB).
O deputado Álvaro Porto (PSD), dissidente da base governista, cobrou coerência do governador, exigindo explicações públicas sobre as denúncias envolvendo o seu nome. “Paulo Câmara cobrou explicações do presidente Michel Temer e os pernambucanos esperam o mesmo dele. O governador vai renunciar, como propôs a Temer o prefeito Geraldo Júlio, de quem Paulo Câmara é aliado?”, perguntou o parlamentar.
Para Edilson Silva (Psol), presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, o episódio é mais um que exigem explicações do PSB e de seus dirigentes. “É mais um entre tantos mal feitos ainda mais graves do núcleo duro do PSB em Pernambuco”, destacou.
Os parlamentares lembraram ainda que essa não foi a primeira vez que o PSB pernambucano e seus quadros são citados em delações ou envolvidos em operações da Polícia Federal. O PSB de Pernambuco já foi citado nas delações de Marcelo Odebrecht e outros executivos da construtora, além de terem sido alvo de sete operações da Polícia Federal. Foram cinco no âmbito da Lava-Jato (Vórtex, Filhotes, Vidas Secas, Politeia e Catilinárias) e duas que tratam especificamente de questões locais (a Fair Play, que investiga irregularidade na construção da Arena Pernambuco, e Turbulência, que apura um suposto esquema de corrupção que teria movimentado cerca de R$ 600 milhões desde 2010).
“O governador de Pernambuco, o prefeito do Recife e a direção do PSB devem explicações à sociedade pernambucana sobre esse encontro e sobre a afirmação de que teriam sido enviados R$ 1 milhão para a campanha do então candidato Paulo Câmara”, cobrou Silvio Costa Filho.