Por João Américo de Freitas
O ataque no Aeroporto de Guarulhos, que resultou na morte do empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, é um claro desafio do PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior organização criminosa do país, segundo o Mapa das Organizações Criminosas 2024 da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen). Executado com 27 tiros em plena luz do dia, o crime deixou dois feridos e um pessoa morta e evidenciou o poder e a audácia do grupo, que não hesitou em agir em um dos locais mais movimentados e vigiados do Brasil. Gritzbach, que havia feito uma delação premiada revelando um esquema de lavagem de dinheiro do PCC, foi executado como retaliação. O grupo chegou a oferecer R$ 3 milhões pela morte do “dedo-duro”.
Esse episódio reflete a crescente força do PCC, que, desde sua origem na década de 70, se tornou um dos maiores expoentes do crime organizado no Brasil. Criado no sistema penitenciário paulista, o PCC se fortaleceu à medida que o Estado se mostrava incapaz de controlar as facções criminosas, com suas ações crescendo em intensidade e ousadia. Em 2006, a facção orquestrou uma série de atentados que paralisaram São Paulo, atacando policiais, ônibus e instituições bancárias, gerando pânico e mostrando a fragilidade da segurança pública em um dos maiores centros urbanos do país.
Além da audácia, o caso levanta questões alarmantes: como um colaborador da Justiça estava circulando sem proteção estatal? E como os criminosos sabiam de seu paradeiro? A falha na segurança por parte do Estado, somada à suspeita de envolvimento de agentes públicos, revela a fragilidade no combate à violência organizada.
O PCC, que se fortaleceu nas últimas três décadas, cresceu à sombra do Estado e agora se beneficia da corrupção, complacência ou medo de autoridades, desafiando abertamente o poder do Estado. Este crime não é apenas uma mensagem para os colaboradores da Justiça, mas um ataque direto à segurança pública e à sua ineficácia em combater o crime organizado.
O governo de São Paulo e o Governo Federal precisam tomar medidas urgentes para reverter a sensação de impunidade e restaurar a confiança da população na capacidade do Estado de proteger seus cidadãos. O Brasil não pode se tornar refém do crime organizado, como ocorre em outros países. O combate efetivo ao crime organizado só será possível com a união de esforços entre as forças de segurança e o sistema de justiça.
João Américo Rodrigues de Freitas
Advogado /Professor