A vitamina D desempenha várias funções essenciais no corpo humano, não por acaso ela passou a ser chamada de “hormônio D”. Também por isso, ela passou a ser usada de forma indiscriminada em diferentes situações e a endocrinologista e metabologista Lanna Gomes, sócia da Vilaví Clinic, em Goiânia, esclarece tanto a importância da substância como os riscos associados, seja à sua deficiência ou à suplementação inadequada.
“A vitamina D é fundamental para a regulação do metabolismo do cálcio e do fósforo, crucial para a formação e manutenção de ossos e dentes saudáveis,” explica a especialista. “Ela também modula o sistema imunológico, influencia a função muscular e regula a secreção de insulina, desempenhando um papel na prevenção de doenças crônicas como as cardiovasculares e certos tipos de câncer”, completa Lanna, que também é mestra em Endocrinologia e Metabologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Vitamina ou hormônio D?
Com o tempo, a vitamina D passou a ser considerada um hormônio devido à conversão feita no fígado e nos rins em calcitriol, que é a forma ativa da substância. “O calcitriol age em vários tecidos do corpo, regulando a expressão gênica e influenciando múltiplas funções fisiológicas”, destaca Lanna. Como ela explica, todo esse processo é característico da ação hormonal, justificando a referência à vitamina como hormônio.
Além disso, a endocrinologista também ressalta a relação entre a vitamina D e o emagrecimento. “Embora ainda em estudo, há evidências de que níveis adequados da vitamina podem influenciar o metabolismo energético e a queima de gordura, além de modular hormônios relacionados à fome e saciedade, como a leptina”, argumenta Lanna Gomes.
Suplementação segura
Com relação à suplementação, a médica enfatiza que alguns grupos são mais suscetíveis à deficiência de vitamina D e, portanto, necessitam de atenção especial. “Pacientes idosos, pessoas com exposição solar limitada, indivíduos com pele mais escura, pacientes obesos, gestantes e aqueles com condições que afetam a absorção de nutrientes, como doença celíaca, devem ser monitorados de perto”, afirma.
Nos últimos anos, a medicação se tornou parte do consumo de rotina de várias pessoas. De fato, o acompanhamento feito pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) aponta que 79% dos brasileiros com mais de 16 anos admitem o consumo de medicamentos sem prescrição médica.
Contudo, mesmo nos grupos que comumente precisam inserir doses complementares da vitamina, a endocrinologista Lanna Gomes alerta sobre os perigos da automedicação, que pode gerar diferentes efeitos adversos. “A suplementação sem orientação médica pode levar à hipervitaminose D, causando hipercalcemia. A condição é caracterizada pela presença de níveis elevados de cálcio no sangue e pode levar a sintomas como náuseas, vômitos, fraqueza e, em casos graves, danos renais e calcificação de tecidos moles”, alerta. Por fim, a especialista frisa que é crucial que a suplementação seja feita com base em exames laboratoriais e avaliação clínica individualizada de cada paciente.