Tedros rebate Bolsonaro: quem ouviu OMS está em melhor situação

Tedros Gebreysus, diretor-geral da OMS, alerta que, apesar da queda nos números do coronavírus na Europa, a entidade estima que existe um fenômeno importante de sub-notificações na América Latina e em outras partes do mundo.

Segundo ele, a pandemia está “longe de terminar” e a falta de testes em diferentes regiões do mundo é um motivo de preocupação. “Temos um longo caminho diante de nós”, lamentou.

O diretor rebateu as críticas de Jair Bolsonaro, presidente brasileiro que insinuou na semana passada que não seguiria as recomendações da OMS por Tedros não ser um médico. De fato, o diretor é biólogo. Mas com mestrado e doutorado em saúde pública, além de ter sido ministro da Saúde e contar com dezenas de especialistas ao seu lado para formular as recomendações da entidade.

Ao ser questionado pelo UOL sobre os comentários do presidente brasileiro, o etíope evitou citar o nome do país. Mas indicou que quem seguiu os conselhos da OMS está em uma melhor situação hoje, em comparação com aqueles que não escutaram. “Na OMS, só podemos dar conselhos. Não temos mandato para impor nada. Cabe a cada país aceitar ou não”, disse. “Mas o que garantimos é que damos nossas orientações com base nas melhores evidências e ciência”, disse.

“No dia 30 de janeiro, declaramos emergência global. Naquele momento, só existiam 82 casos fora da China. Nenhum caso na América Latina e nem na África. Nada. Portanto, o mundo deveria ter escutado a OMS cuidadosamente”, disse.

Segundo ele, países poderiam ter iniciado suas medidas de preparação se tivessem ouvido. “Isso é suficiente para entender a importante de escutar os conselhos da OMS”, afirmou. “Quem seguiu está em melhor posição que outros. Isso é fato”, insistiu Tedros.

“Damos a melhor recomendação possível. Cabe aos países aceitar ou rejeitar. É responsabilidade de cada um. Não temos poder de impor a não ser a vontade do país. Espero que isso seja muito claro, para todos os países”, afirmou.

Tedros ainda repetiu seu mantra: o apelo para que a liderança política de cada um dos países abandone as divisões partidárias e que formem uma “união nacional” para lutar contra o vírus. “O vírus não vai ser derrotado se não estivermos unidos”, disse.

Fim das restrições

Michael Ryan, diretor de operações da OMS, citou um aumento de 50% ou 60% de casos registrados no Brasil em uma semana, enquanto a entidade continua a classificar a situação na região como “preocupante”.

Segundo ele, o número de casos e mortes não pode ser o único critério para relaxar medidas de restrição. Ele pediu cautela no afrouxamento de medidas, sob o risco de que que a doença volte com uma força ainda maior.

Ryan garante que as quarentenas tiveram um resultado positivo em colocar pressão sobre o vírus. Mas um relaxamento acelerado poderia gerar uma explosão de novos casos. Ele admite que a OMS não sabe o que vai ocorrer quando as quarentenas começarem a ser retiradas de fato. “Ninguém sabe”, insistiu.

Mas deixou claro que eventos de massa e grandes aglomerações devem ser evitados. “A segunda onda da doença está em nossas mãos”, completou Tedros.

Na avaliação do diretor, o mundo “precisará de uma vacina para controlar a doença”. Segundo ele, a demonstração de envolvimento de líderes internacionais, na semana passada, é um sinal de que tal iniciativa pode resultar em um processo mais rápido para garantir a chegada do produto no mercado.

Texto: Jamil Chade/UOL Notícias

Mercado de escritórios corporativos busca equilíbrio em meio à crise do coronavírus

O isolamento social recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma tentativa de conter o avanço do coronavírus está afetando os negócios de diversos setores, como turismo e varejo. Para lidar com os impactos no fluxo de caixa, muitas empresas estão buscando negociar os valores dos aluguéis dos seus espaços corporativos.

Com grande parte das equipes atuando em trabalho remoto, inicialmente, os locatários dos escritórios pleitearam concessões temporárias para solução de caixa durante esse momento. Segundo Monica Lee, diretora de Representação de Ocupantes da JLL para o segmento de escritórios, alguns inquilinos têm pedido antecipação da revisional de contrato.

“Nossa recomendação é sempre buscar um equilíbrio econômico entre as partes. Para isso, a negociação continua sendo o melhor caminho, valendo-se de bom senso e boa-fé. É importante lembrar que a crise do Covid-19 afeta a todos”, afirma.

Contar com um parceiro com know how para essa negociação é essencial neste momento. Um especialista como a JLL é capaz de fazer uma análise do mercado e um mapeamento inteligente das concessões contratuais, de maneira transparente e saudável para o equilíbrio mercadológico. O objetivo, tanto de ocupantes quanto de proprietários, é conseguir uma negociação mais estratégica e que visa o benefício para as empresas não só agora, mas a médio e longo prazos.

“Em linhas gerais, temos tido êxito em obter concessões a curto e médio prazo ou diferimento do pagamento de aluguéis, antecipação de revisionais, renovações, negociação de itens colaterais no contrato, entre outros”, destaca a executiva.

Alguns fatores contribuem para o bom resultado das negociações, como o relacionamento com os proprietários e o cenário de incerteza a respeito da duração e dos impactos econômicos da pandemia. De um lado, há empresas que não podem assumir custo de CAPEX e multas contratuais e, do outro, proprietários/locatários que precisam manter seus espaços ocupados.

Desde a chegada do coronavírus no Brasil, a área de Representação de Ocupantes da JLL foi altamente acionada pelos seus clientes corporativos para orientação do melhor caminho a seguir. São empresas de diversos setores da economia, que mostram que o impacto do Covid-19 é diferente em cada negócio. Por isso, as soluções são variadas e devem ser avaliadas caso a caso.

Entre os exemplos de medidas que podem ser consideradas neste momento, estão a consultoria para análise de ocupação, a viabilidade do Stay X Go considerando opções low cost, o Sales&Leaseback, a revisão de fluxo de pagamento para casos de Built-to-Suit (BTS), a avaliação para precificação e parametrização das práticas comerciais do mercado, a mudança de layout e otimização de espaços ociosos, workplace solution, etc.

“Nem sempre as concessões de curto prazo podem refletir em um bom resultado para as empresas no médio e longo prazo, mas é justamente este o objetivo primordial de qualquer negociação”, conclui Monica.

Pesquisa Ibope/C6 Bank revela que apenas 21% dos brasileiros tiveram educação financeira na infância

Apenas 21% dos brasileiros das classes A, B e C com acesso à internet tiveram acesso à educação financeira durante a infância, segundo pesquisa Ibope Inteligência encomendada pelo C6 Bank. O levantamento mostra que 38% dos entrevistados aprenderam noções de educação financeira na adolescência (dos 12 aos 17 anos de idade), 27% tiveram contato com o assunto na juventude (dos 12 aos 24 anos) e 14% só aprenderam finanças pessoais na fase adulta (acima dos 25 anos).

Como definido pelo Ministério da Educação, as escolas brasileiras terão de oferecer educação financeira como parte do currículo básico, já que essa competência agora integra a chamada BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Um parecer do Conselho Nacional de Educação de 2017 diz que as redes de ensino têm até o ano de 2020 para ajustar os currículos e incluir essa habilidade no plano pedagógico de forma transversal, em áreas como matemática, linguagens e ciências humanas.

Outra conclusão da pesquisa Ibope/C6 Bank é que a classe C adquire noções básicas de educação financeira mais tardiamente, com apenas 19% dos entrevistados tendo o primeiro contato com o assunto ainda na infância. Nas classes A e B, esse percentual é de 36% e 22%, respectivamente.

A pesquisa também mostra que a atuação da família na educação financeira dos filhos é maior nas classes mais altas. Na classe A, o percentual de entrevistados que relatam ter aprendido finanças pessoais em casa, com pais e familiares, é de 57%. Na classe C, essa fatia cai para 38%.

A prática de disseminar noções de educação financeira às crianças da casa parece ter impacto na forma de abordar o assunto com outros adultos da família: 51% das pessoas na classe C conversam frequentemente sobre o nível de renda e de gastos com outros adultos da casa, versus 76% na classe A e 59% na classe B.

O levantamento também mostra que há uma mudança de comportamento nas famílias brasileiras quando o assunto é finanças pessoais. Embora a menor parte dos entrevistados tenha tido contato com noções financeiras básicas na infância, hoje a maioria dos brasileiros declara que trata do tema com as crianças da família. Quando em dificuldade financeira, por exemplo, 77% dos entrevistados que têm criança em casa dizem compartilhar a situação com os filhos, explicando por que será preciso economizar.

A pesquisa ouviu 2.000 brasileiros das classes A, B e C maiores de 16 anos, com acesso à internet. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Desde 2019, o C6 Bank conduz uma série de pesquisas para entender os hábitos financeiros do brasileiro e contribuir para o debate sobre cidadania financeira no país. Educação financeira é uma das principais causas do C6 Bank, ao lado de educação tecnológica.

Sobre o C6 Bank

O C6 Bank é um banco completo para pessoas físicas e jurídicas. Sem agências físicas, o C6 Bank oferece produtos financeiros acessíveis para todos os perfis de clientes. O banco não cobra taxas por produtos básicos, como manutenção de conta corrente, saques e transferências. Com sede em São Paulo, o grupo tem cerca de 1.000 funcionários, incluindo o C6 Bank, PayGo, Setis e Som.us, empresas que também são parte da holding.

Aplicativos que ajudam a passar o tempo durante a quarentena

O período de isolamento social mudou a rotina de diversas pessoas por tempo indeterminado, até que o avanço da Covid-19 seja controlado. Durante esse isolamento social, os aplicativos têm tomado boa parte do tempo das pessoas. Mas quais aplicativos podem ajudar?

O docente do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistema da Faculdade UNINASSAU Caruaru, Fhelipe Freitas, que também é mestre em Engenharia de Software e especialista em Gestão e Governança em Tecnologia da Informação, dá dicas e exemplos de aplicativos que podem ajudar a “passar o tempo” de forma produtiva.

Segundo ele, para ocupar o tempo livre, além de ler bons livros, aproveitar para fazer um curso online para aperfeiçoamento ou assistir filmes/séries, é possível aproveitar aplicativos e soluções online que vão oferecer entretenimento e, em alguns casos, aprendizagem e informação. Está sem ir à academia de musculação por causa do Covid-19? O Especialista sugere apps como Seven, Freeletics Training, Nike Training Club e FitOn, que podem auxiliar na missão de permanecer em atividade por meio de rotinas de exercícios disponibilizadas nos apps.

“O passatempo também pode ser por meio de jogos que estão fazendo sucesso nas plataformas móveis. Ainda segundo o profissional, Gartic é um clássico, popular até os dias de hoje, dividindo os usuários em salas temáticas com o objetivo de desafiar os participantes a desenharem os objetos propostos”, indica Freitas.

Ainda segundo o especialista, a diversão também pode vir por meio do Stopots, uma espécie de “Adedonha” ou “Stop”, que ganhou um formato virtual devido ao grande apreço de pessoas espalhadas por todo o Brasil, que tiveram sua infância marcada por esse jogo. “Ainda temos a opção do Free Fire para quem gosta de jogos de aventura e estratégia”, indica ele.

Já para aqueles que desejam concentração para executar uma tarefa, tirar um cochilo ou relaxar imaginando que está longe do movimento da cidade, o profissional indica conferir o aplicativo Rainy Mood. “É um aplicativo/site que reproduz aquele ‘barulhinho’ da chuva, misturado com sons da natureza. Para vencer o tédio e permanecer em casa, você pode produzir e compartilhar diversos vídeos curtos e memes por meio do app TikTok, e ainda conferir as escalas de tamanho do universo no site The Scale of the Universe. Aproveite o período de isolamento para investir em você”, afirma o professor.

Chegam a Pernambuco 13 respiradores apreendidos por determinação da Justiça

Foto: Heudes Regis/SEI – Data: 26-04-2020 – Chegada de 13 respiradores para Pernambuco

Começaram a chegar a Pernambuco, na tarde de ontem (26.04), os 13 primeiros respiradores dos 35 que a Justiça determinou a busca e apreensão na empresa Intermed, em São Paulo. Segundo o governador Paulo Câmara, que fez o anuncio em vídeo pelas redes sociais, esses novos equipamentos devem começar a ser distribuídos para a rede de saúde a partir de hoje.

As máquinas foram apreendidas pela Comarca da cidade de Cotia na sexta-feira, dia 24. A expectativa é que até a próxima terça-feira, os outros 22 respiradores também já estejam desembarcando em Pernambuco. A busca e apreensão dos equipamentos foi determinada pelo juiz Teodomiro Noronha Cardoso, da 3ª Vara da Fazenda Pública do Recife, atendendo a uma ação impetrada pela procuradoria geral do Estado.

Os 35 respiradores foram comprados pelo Governo de Pernambuco e deveriam ter sido entregues pela empresa Intermed Equipamento Médico Hospitalar Ltda. desde no último dia 20 de março. A empresa alegava que estava impedida de efetuar a entrega, pois o material teria sido requisitado pelo Governo Federal. O Ministério da Saúde respondeu, através de ofício, que esses aparelhos não foram objeto de requisição administrativa feita pela União.

Mesmo diante dos fatos, a empresa respondeu negativamente e a PGE agiu junto à Justiça garantindo o direito do Estado em relação ao recebimento imediato dos equipamentos. “Essa é uma luta diária. Abrir novos leitos envolve além do espaço físico nos hospitais, os recursos humanos, os insumos e muitos outros detalhes importantes para atender os pacientes”, destacou Paulo Câmara e prosseguiu: “Nosso esforço para abrir novos leitos continua. Chegamos hoje a 712 novos leitos na nossa rede estadual, sendo 333 de UTI e 379 de enfermaria”.

Foto: Heudes Regis /SEI

Saque de auxílio emergencial começa a ser liberado hoje

Agências da Caixa abrirão neste sábado para saque do FGTS

A Caixa Econômica Federal começa a liberar hoje (27) o saque do auxílio emergencial, de forma escalonada, conforme o mês de nascimento do beneficiário. O objetivo da liberação aos poucos é reduzir o número de pessoas nas agências e lotéricas e, assim, evitar aglomerações.

Os recursos creditados na poupança digital já podiam ser utilizados por meio do aplicativo Caixa Tem para pagamentos e transferências, entre outros serviços. Quem indicou conta bancária anterior ou recebeu os R$ 600 em substituição ao Bolsa Família não tem restrição para saque.

Veja o calendário de saque em espécie da poupança digital sem cartão nos canais de autoatendimento e lotéricas:

27 de abril – nascidos em janeiro e fevereiro

28 de abril – nascidos em março e abril

29 de abril – nascidos em maio e junho

30 de abril – nascidos julho e agosto

04 de maio – nascidos em setembro e outubro

05 de maio – nascidos em novembro e dezembro

Balanço

Até as 21h desse domingo (26), a Caixa havia creditado R$ 26,2 bilhões para 37,2 milhões de pessoas, grupo formado por beneficiários do Bolsa Família, aqueles que fizeram inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e no aplicativo ou site do auxílio.

Pelo calendário da Caixa, foi iniciado o pagamento da segunda parcela no último dia 23, para os beneficiários nascidos em janeiro e fevereiro. Hoje é a vez dos nascidos em julho e agosto, amanhã (28), a segunda parcela será paga aos nascidos em setembro e outubro e na quarta-feira (29), aos nascidos em novembro e dezembro.

O banco também segue fazendo pagamento para beneficiário do Bolsa Família, conforme calendário normal do programa. Hoje, será feito o pagamento para 921.061 pessoas, com Número de Identificação Social (NIS) final 7.

Amanhã será creditado o benefício para 917.991 pessoas, com NIS final 8. Na quarta-feira, será feito o pagamento para 920.953 pessoas com NIS final 9, e na quinta-feira (30), será a vez de 918.047 pessoas, com NIS final 0.

Quarentena: Três sites que facilitam o ensino da matemática

Escolas de todo o país tentam diminuir os efeitos da suspensão das aulas por conta da pandemia de coronavírus. Para aqueles que têm acesso à internet, o período da quarentena pode ser também uma oportunidade para se aprofundar na matemática por meio de plataformas que deixam a disciplina mais divertida e interessante.

A dificuldade em matemática é um desafio nacional. O aprendizado da disciplina no Brasil é de apenas 15% para estudantes para ensino médio e 44% no ensino fundamental, de acordo com dados da Prova Brasil, que calcula a proporção de alunos da rede pública que aprenderam o adequado. Em relação ao Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), o país aparece entre as 20 piores colocações no ranking de 79 países e territórios.

Existe um esforço na educação para tornar a disciplina mais amigável e derrubar seus mitos. “Cada vez mais, a rede de professores, estudantes e famílias enxergam a matemática como um elemento que faz parte do cotidiano – e não como uma disciplina em que o processo de aprendizagem é restrito a um grupo seleto ou mesmo como inimiga”, explica a especialista em educação do Itaú Social, Juliana Yade.

Confira três plataformas online que oferecem conteúdos para que pais, professores e estudantes desvendem os mistérios da matemática de forma mais divertida:

Youcubed – A plataforma é baseada na abordagem americana de Mentalidades Matemáticas, que propõe o ensino da disciplina de forma aberta, criativa e visual. Estão disponíveis diversas atividades, como jogos, desafios, ideias inspiradoras, vídeos, aplicativos e pôsteres. Os conteúdos podem ser escolhidos conforme o ano escolar ou por tópicos, como multiplicação, frações e probabilidade, entre outros. A tradução do Youcubed foi viabilizada pelo Itaú Social, em parceria com o Instituto Sidarta.

IXL – Na plataforma, as crianças aprendem no seu próprio ritmo. As questões se ajustam automaticamente ao nível ideal de dificuldade. Uma grande variedade de questões mantém as sessões de prática inovadoras e permite que todos os tipos de aprendizes tenham sucesso na matemática.

Khan Academy – É uma organização sem fins lucrativos com a missão de oferecer uma educação gratuita de alta qualidade para qualquer pessoa, em qualquer lugar. Os alunos praticam no próprio ritmo, solucionando primeiramente suas dificuldades de compreensão e, depois, acelerando o aprendizado.

Outras áreas

O Polo, ambiente de formação do Itaú Social, reuniu outras dicas de conteúdos, atividades educativas e ferramentas para educadores e famílias. Estão divididas em seções como Atividades Pedagógicas, Artes, Biologia, Entretenimento, Ferramentas, Geografia, História, Língua Estrangeira, Literatura, Matemática e Química.

Com mortes por Covid-19 em queda, Europa se prepara para relaxar isolamento

Continente com o maior número de mortes em decorrência do novo coronavírus, a Europa começa a registrar dados que indicam um possível controle da pandemia e trazem esperança de dias menos dolorosos. No último fim de semana, vários países contabilizaram quedas significativas nas taxas de letalidade, e autoridades começaram a anunciar medidas gradativas de suspensão do isolamento. Um deles foi a Espanha, onde as crianças puderam ir às ruas ontem, após seis semanas confinadas. As autoridades, porém, advertem que os cidadãos não devem baixar a guarda.

“Não é conveniente subestimar o inimigo que tem essa capacidade de contágio”, alertou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ao anunciar o “primeiro relaxamento”. As crianças puderam sair de casa, mas seguindo uma série de restrições, como estarem acompanhadas de um adulto e não se afastarem a mais de um quilômetro de casa. Os parques seguem fechados. “(Podem) sair por uma hora por dia, entre 9h e 21h (…) É importante darmos esse passo seguindo rigorosamente todas as (…) medidas de proteção e higiene”, enfatizou o premiê.

Terceiro país com mais mortes pela Covid-19, atrás dos Estados Unidos e da Itália, a Espanha mantém seus 47 milhões de habitantes em confinamento desde 14 de março, uma medida que durará pelo menos até 9 de maio. O relaxamento foi decidido graças ao fato de o país, com mais de 223 mil casos notificados e 23.190 mortes, ter sinais de que está conseguido controlar a epidemia, deixando para trás o pico de infecções do início de abril, quando até 950 mortes foram registradas em 24 horas — ontem, foram relatadas 288.

Seguindo a mesma tendência, a França registrou 242 novos óbitos (dos 22.800 registrados), a Itália teve 260 (dos 26.600), e o Reino Unido, 413 (dos 20.700). Apesar do movimento de queda, as ordens de relaxamento são um quebra-cabeça para as autoridades de saúde. Sánchez apresentará, amanhã, um plano para abrandar as medidas a partir de maio na Espanha. Segundo ele, se os contágios continuarem caindo, a partir do dia 2, será permitido aos adultos passearem ou fazerem exercícios.

Volta às aulas

Na França, o primeiro-ministro Edouard Philippe deve anunciar, também amanhã, a “estratégia nacional do plano de ‘desconfinamento’”, com início previsto para 11 de maio. Entre as propostas está prevista a polêmica retomada das atividades em escolas. O chefe do governo italiano, Giuseppe Conte, prometeu ontem que a volta às aulas ocorrerá apenas em setembro. “A escola está no centro dos nossos pensamentos e reabrirá em setembro. Todos os cenários de um comitê de especialistas previam altos riscos de contágio no caso de elas abrirem antes dessa data”, declarou ao jornal La Repubblica.

Conte anunciou outras medidas para aliviar o confinamento que rege a vida dos italianos desde 9 de março. Os parques vão reabrir em 4 de maio, mas a distância social deverá ser mantida. Também será possível visitar a família e se reunir, dentro de alguns limites e respeitando as medidas de segurança. “As festas privadas continuarão proibidas”, reforçou o líder italiano. A reabertura completa de bares e restaurantes está prevista para 1º de junho, quando também serão reabertos os salões de beleza. A princípio, em 18 de maio, museus, estabelecimentos culturais e bibliotecas poderão voltar a funcionar.

A Itália registrou ontem o menor número diário de mortes em decorrência da Covid-19 em seis semanas. A pandemia provocou 26.644 óbitos nos país. Desde 14 de março, os italianos não concluíam um dia com menos de 300 falecimentos. “Tivemos um resultado muito importante. Agora, temos que tentar manter o risco o mais baixo possível e evitar um novo aumento das infecções, estabilizando o número de pacientes em terapia intensiva”, enfatizou Franco Locatelli, presidente do Conselho Superior de Saúde, um órgão consultivo do governo. “Mesmo com os avanços, não saímos do tormento. Temos que continuar com as medidas de distanciamento social e outras que deram resultados concretos no combate ao vírus”, complementou.

Em Londres, o primeiro-ministro Boris Johnson, que esteve hospitalizado por causa da Covid-19, retornou ontem à sua residência oficial, em Downing Street, e deve retomar suas atividades hoje. De acordo com Dominic Raab, ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Johnson está “em boa forma” e “ansioso para assumir as rédeas do governo”. As restrições de quarentena do Reino Unido, adotadas em 23 de março, permanecem em vigor até pelo menos 7 de maio. Os britânicos aguardam o início do planos de Boris Johnson para relançar a economia e sair do confinamento.

Correio Braziliense

Bolsonaro tem uma ”missão” ao oficializar novo ministro no lugar de Moro

Prestes a ser confirmado como ministro da Justiça, o atual chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, ministro Jorge Oliveira, postou em sua conta no Twitter uma foto do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro na sexta-feira, logo após a demissão do ex-ministro Sergio Moro, acompanhada de uma mensagem de apoio ao presidente. “Juntos com o PR @jairbolsonaro por um Brasil melhor. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!”, escreveu Oliveira.

Bolsonaro deve oficializar Oliveira como ministro hoje. Próximo da família do presidente, Oliveira não queria aceitar o cargo, mas Bolsonaro disse a ele que se tratava de uma “missão”, segundo fontes do Palácio do Planalto. Com a confirmação de Oliveira na Justiça, o atual secretário de Assuntos Estratégicos (SAE), almirante Flávio Rocha, é o mais cotado para assumir como ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. O delegado Alexandre Ramagem, atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), deve ser confirmado no comando da Polícia Federal.

Bolsonaro passou o fim de semana em meio a várias reuniões para definir a sucessão no Ministério da Justiça e na Polícia Federal. No sábado e ontem, ele recebeu vários aliados e auxiliares para discutir nomes. Um nome que ganhou força também para o lugar de Moro é o do desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, ex-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Ele é uma indicação de integrantes da ala militar do governo. O nome do Advogado-Geral da União, André Luiz Mendonça, também passou a ser considerado.

A exemplo do que ocorreu em outras substituições de ministros, o grupo mais próximo ao presidente tenta encontrar nomes que possam ter respaldo na opinião pública e livrar o governo de críticas. Bolsonaro, por sua vez, insiste que precisa ter uma pessoa de confiança no cargo.

“E DAÍ?”
A possível indicação do delegado Alexandre Ramagem para o lugar de Maurício Valeixo no comando da Polícia Federal é polêmica. Bolsonaro respondeu com “E daí?” a uma internauta que ressaltou o fato de Ramagem ser amigo dos filhos do presidente. “Alexandre Ramagem é amigo dos filhos do presidente. Inclusive foi indicado por eles”, escreveu a internauta Ana Clara Santos no Facebook. Pouco depois, o perfil do presidente escreveu: “E daí? Antes de conhecer meus filhos eu conheci o Ramagem. Por isso, deve ser vetado? Devo escolher alguém amigo de quem?

Com a resposta, Bolsonaro indica que tem uma longa relação com Ramagem, conhecendo-o desde antes do nascimento dos filhos. Flávio Bolsonaro, tem 38 anos. Ramagem tem 47, e é amigo dos filhos de Bolsonaro. Carlos já postou foto nas redes sociais ao lado dele. O filho 03 do presidente é investigado pela Polícia Federal em inquérito autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre divulgação de fake News contra a Corte e o Congresso Nacional.

Delegados cobram autonomia
Brasília – A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) divulgou carta aberta ao presidente Jair Bolsonaro apontando “crise de confiança” na indicação do novo diretor-geral da corporação. Eles cobram do presidente compromisso com a autonomia para o cargo de chefe da instituição. A entidade pede ainda providências para resguardar a PF de novas crises, como a que se estabeleceu a partir das acusações feitas por Sergio Moro em seu pedido de demissão.

“Da maneira como ocorreu, há uma crise de confiança instalada, tanto por parte de parcela considerável da sociedade, quanto por parte dos delegados de Polícia Federal, que prezam pela imagem da instituição. Nenhum delegado quer ver a PF questionada pela opinião pública a cada ação ou inação. Também não quer trabalhar sob clima de desconfianças internas”, diz a carta.

A entidade afirma também: “O contexto criado pela exoneração do comando da PF e pelo pedido de demissão do ministro Sergio Moro imporá ao próximo diretor um desafio enorme: demonstrar que não foi nomeado para cumprir missão política dentro do órgão. Assim, existe o risco de enfrentar uma instabilidade constante em sua gestão”, diz a carta.

A ADPF cita ainda o caso protagonizado por Fernando Segovia, escolhido pelo então presidente Michel Temer para comandar a PF em meio ao inquérito dos portos. “O último comandante da PF teve gestão curta. Eventual ordem de intervenção cumprida pelo novo DG, que acreditamos que nenhum delegado o fará, o levará ao mesmo destino ou até a uma situação pior”, afirmam.

Estado de Minas

Mortes por Covid-19 crescem mais entre pessoas com menos de 60 anos

Se por um lado idosos e pessoas com doenças crônicas são as maiores vítimas do novo coronavírus, as mortes de adultos mais jovens ou entre pessoas sem registro de fatores de risco avançam no Brasil.

Embora representem uma parcela menor, a quantidade de óbitos pela doença entre homens e mulheres com menos de 60 anos cresceu cerca de 64 vezes em um intervalo de menos de um mês.

No mesmo período, as mortes entre aqueles com mais de 60 anos aumentaram aproximadamente em 18 vezes.

A análise foi feita pela reportagem em dados do Ministério da Saúde.

No fim de março, quando a pasta começou a divulgar um detalhamento das mortes, 89% delas eram de idosos. Em menos de um mês, o percentual caiu para 72%.

O balanço de março mostrava ainda que 85% das pessoas que tiveram as mortes por Covid-19 analisadas tinham registro de ao menos uma doença prévia ou outra condição de risco conhecida.

Na última segunda (20), esse número chegava a 70%.

Desde então, com a troca no comando da pasta, o ministério suspendeu a divulgação de balanços completos com esses dados.

Especialistas ouvidos pela reportagem apontam diferentes fatores para essa mudança no perfil das mortes.

Um deles é o fato de que a população brasileira é majoritariamente mais jovem em comparação a países europeus, por exemplo.

“O Brasil tem um núcleo majoritário de pessoas que estão entre a segunda e a quarta década de vida. Era natural e esperado que a doença, ao alcançar um patamar de transmissão acelerada, alcançasse esse grupo da população”, afirma a pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz e uma das principais especialistas na linha de frente do combate à Covid-19.

Para ela, a epidemia rejuvenesceu no Brasil na medida em que começou a migrar de áreas mais ricas, onde foram registrados os primeiros casos, também para áreas mais pobres, onde há mais jovens e problemas de assistência são mais visíveis.

“A doença tem um vetor de crescimento para comunidades menos favorecidas. Nessas áreas de concentração urbana, de muita densidade demográfica, tem muitos jovens”, diz.

“A doença é democrática, no sentido de que atinge qualquer um. Ninguém precisa ter diferença de idade para isso”, afirma.

Ela lembra, porém, que o risco de gravidade e complicações ainda é mais alto em idosos e pessoas com doenças crônicas prévias.

Entre idosos, as principais são cardiopatia e diabetes. Já entre os mais jovens, aparecem asma e obesidade.

Mas o que explica o fato de haver mortes por coronavírus em pessoas sem registro desses fatores?

“Podemos ter, por exemplo, a ocorrência de uma suscetibilidade individual que nunca foi observada”, diz a médica Fátima Marinho, do Instituto de Estudos Avançados da USP.

É o caso de doenças autoimunes, ou outras em que há frequentemente atraso no diagnóstico ou ficam de forma latente, com manifestação tardia.

“E não se sabe como receberiam um vírus como esse”, afirma Marinho, que lembra que o novo coronavírus chama a atenção por causar pneumonias graves e ser mais agressivo em comparação a outros vírus respiratórios mais comuns.

Para Luciano Goldani, professor de infectologia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o aumento de mortes entre mais jovens impressiona.

“Uma hipótese são comorbidades escondidas, porque temos uma radiografia maior dos problemas em população mais idosa. Jovens fazem menos exames, então é difícil analisar se são isentos de comorbidades. Há também questões genéticas que precisam ser estudadas”, afirma.

O médico infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia Leonardo Weissmann coloca como hipóteses uma suscetibilidade genética ou mesmo uma maior exposição ao vírus.

Weissmann também menciona o fenômeno conhecido como tempestade de citocina, ainda pouco explicado, que pode se dar quando o corpo combate agentes infecciosos.

Uma possível reação a esse quadro leva a uma ativação excessiva do sistema imunológico, com fortes consequências para o paciente. “Pode atacar vários órgãos e levar à morte”, afirma.
Um outro fator apontado é a obesidade.

Atualmente, 56% dos brasileiros estão com excesso de peso e 18% são obesos, grupo que tem se mostrado mais vulnerável à Covid-19, de acordo com Mário Carra, da Abeso (associação brasileira para estudo da obesidade).

Para os especialistas ouvidos pela reportagem, é preciso considerar ainda a subnotificação nos registros gerada pela baixa oferta de testes, o que afeta a análise da mortalidade, e diferenças no modelo de registros.

Um deles é a possibilidade de falhas no preenchimento dos dados completos sobre comorbidades em alguns municípios.

Ao mesmo tempo, de acordo com Marinho, da USP, pode haver casos em que o registro da morte ocorreu como infarto, mas análises posteriores confirmaram também uma infecção pelo vírus Sars-CoV-2 –sem que isso estivesse incluído na notificação.

Questionado sobre os fatores que levam ao aumento no índice de mortes em alguns grupos, o Ministério da Saúde não respondeu.

Recentemente, o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, apontou a possibilidade de que a ocorrência de mortes em pessoas sem fator de risco conhecido esteja ligada a uma possível coinfecção por outros vírus respiratórios. A hipótese, porém, ainda precisaria ser confirmada.

No Recife, um caso que chamou a atenção foi a morte de um bebê de sete meses, faixa etária que inicialmente estaria fora de complicações.

A criança, no entanto, tinha uma cardiopatia grave, o que pode ter agravado o quadro.

“O vírus parece poupar em maioria as crianças sem comorbidades, e é muito raro ter mortes nessa faixa etária. No adulto jovem o risco individual é menor, mas ele existe. A verdade é que, quanto maior o número de casos, mais vamos vendo escapes à regra”, afirma o secretário municipal de Saúde do Recife, Jailson Correia.

Dados divulgados pelos estados também indicam especificidades locais.

Em São Paulo, 75,8% das mortes ocorreram entre idosos, segundo dados do governo estadual. Já no Rio Grande do Sul, esse índice é de 83% –acima da média do país.

A pirâmide etária do estado fornece algumas explicações. “A população idosa do Rio Grande do Sul é proporcionalmente a maior do país, um perfil parecido com o da Itália”, diz Goldani, da UFRGS.

Por causa dessa semelhança, afirma, houve um receio de que a situação do país se repetisse, o que fez o estado ser um dos primeiros a implementar uma política de distanciamento mais rígida.

O mesmo foi feito em outras regiões –que, no entanto, avaliam agora uma flexibilização, em meio a pressão do governo federal.

Para Margareth Dalcolmo, o aumento de mortes entre pessoas mais jovens mostra riscos em alterar a política de isolamento social.

“Se flexibilizarmos agora, em um momento em que a epidemia está em franca ascensão, vamos pagar um preço humanitário de mortes evitáveis.”

Diario de Pernambuco