Wagner Gil
Neste sábado (29), o governador Paulo Câmara (PSB) estará em Caruaru trazendo o ‘PE em Ação’, uma espécie de ‘Todos por Pernambuco’, com o DNA do atual gestor. Na maior cidade do Interior de Pernambuco, além de entraves administrativos, como segurança, abastecimento e saúde pública, ele terá que superar desafios políticos que vão desde a reaproximação com a prefeita Raquel Lyra (PSDB) a unir, no mesmo palanque, o casal Tony Gel e Miriam Lacerda, ambos do PMDB; o casal Jorge e Laura Gomes (PSB); o ex-prefeito José Queiroz (PDT) e seu filho, o deputado Wolney Queiroz (PDT), além do delegado Erick Lessa (PR).
Na questão administrativa, o ‘PE em Ação’ é aquele tipo de evento que todo político gosta. Geralmente o governador assina ordens de serviços, libera recursos e anuncia investimentos. Em Caruaru, a expectativa não é diferente. A cidade está precisando melhorar sua infraestrutura, principalmente depois das fortes chuvas que vêm caindo desde o final de maio, quando foi decretado situação de emergência.
O abastecimento d’água e a segurança hídrica são pontos que preocupam e travam o desenvolvimento da cidade. Atualmente Caruaru é abastecida apenas pela Barragem do Prata, já que Jucazinho ainda está em colapso total. O Sistema Prata chegou a entrar em pré-colapso em maio, ficando apenas com 15% de sua capacidade, que é de 43 milhões de m³. Aí o Governo do Estado concluiu o Sistema Pirangi, que dá segurança ao Prata, mas em termos de desenvolvimento é pouco, já que o sistema abastece pelo menos mais de oito cidades no Agreste, entre elas Agrestina, Altinho, Bezerros, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe.
DESAFIOS POLÍTICOS
Com sua popularidade em baixa em todo o Estado, com destaque para a forte rejeição que sofre em Caruaru, Paulo Câmara terá que mostrar a habilidade de seu padrinho político, o ex-governador Eduardo Campos. No primeiro lugar da fila para disputar a principal cadeira do Palácio do Campo das Princesas, ele precisa de um palanque forte na cidade e unir adversários históricos, como os ex-prefeitos José Queiroz e Tony Gel. Eduardo teve o apoio dos dois, mas eles nunca subiram no mesmo palanque.
O jogo de xadrez estadual passa pelas possíveis candidaturas de Tony Gel, Erick Lessa e Laura Gomes, que devem disputar o cargo de deputado estadual. Algumas variantes podem levar Gel a concorrer uma cadeira na Câmara dos Deputados, mas, para isso, Jarbas Vasconcelos teria que entrar na disputa majoritária. Desta forma, Gel poderia colocar sua mulher, Miriam, para disputar uma vaga de deputada estadual. Vale lembrar que, quando foi prefeito, ele conseguiu eleger a esposa com quase 70 mil votos.
Outro fato que chama atenção é o casal Gomes. Laura, que estava na suplência de deputado estadual, assumiu o cargo de forma definitiva depois das últimas eleições municipais. Teoricamente dentro do partido, ela teria a prioridade para renovar, mas o governador vem tentando costurar uma dobradinha de Laura (federal) com Tony Gel (estadual) ou vice-versa. O problema é que ambos sempre tiverem em campos políticos opostos e essa eleição estadual pode ser um norte para a sucessão municipal de 2020,
No PR, o delegado Erick Lessa, que foi ‘cria’ do suplente de senador Douglas Cintra, está praticamente isolado na cidade e sem ligação com nenhum dos grupos políticos tradicionais. Lessa já disse que deve disputar o cargo de estadual, tendo como foco o público religioso. Nossa reportagem tentou ouvir o delegado, mas ele não atendeu as ligações.
Já o ex-prefeito José Queiroz dorme e acorda sonhando em disputar uma eleição majoritária no Estado e convites já teriam sido feitos a ele para disputar uma vaga de senador – serão duas na disputa em 2018. Mas tem também o fator Wolney Queiroz, que é presidente do PDT estadual e deu provas de fidelidade ao governador nas últimas eleições, quando sua legenda apoiou Armando Monteiro para governador, mas os pedetistas levaram o partido para Paulo Câmara. Em troca disso, o governador retribuiu tirando o partido de Raquel e entregando a Jorge Gomes.
Já a prefeita Raquel Lyra não tem dito que é oposição ou situação em relação ao Governo do Estado. Ela aguarda decisão de sua legenda em nível nacional, para saber se caminhará ou não ao lado dos socialistas.