A pandemia da Covid-19 e distanciamento social vem provocando medo em pacientes cardiopatas (grupo de risco para o novo coronavírus) de ir a consultas médicas e de procurar atendimento hospitalar de emergência – dois dos raros casos em que se recomenda sair de casa durante o lockdown. A situação pode gerar o crescimento exponencial de outros problemas de saúde. Por isso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia em Pernambuco (SBC-PE) faz alerta para que os pacientes de cardiopatias não abandonem o contato com seus cardiologistas e que, juntamente a eles, busquem formas adequadas e seguras para os dois lados de realizarem suas consultas de acompanhamento, podendo evitar infartos em casa.
Para o presidente da SBC-PE, os benefícios do distanciamento social são incontestáveis e, justamente por isso, não pode se tornar razão para deixar de cuidar de outros problemas de saúde, como as doenças do coração que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a causa que mais mata no mundo (30%). “Observamos o aumento na mortalidade de pacientes cardiopatas em decorrência do medo em buscar atendimento médico ao perceber sintomas ou por deixar de ir a consultas necessárias de acompanhamento, capazes de evitar infartos e óbitos”, afirma o presidente, o dr. Fernando Moraes.
“Em Recife, há uma redução significativa dos atendimentos cardiológicos, seja nos consultórios particulares e públicos e também nas emergências cardiológicas. Somente no mês de abril, houve uma redução de 70% desses atendimentos em todo o Brasil e a falta de acompanhamento dos pacientes portadores de cardiopatia, tem aumentado o número de casos de óbitos em casa”, pontua o Dr. Fernando Moraes. Além do problema provocado pelo medo dos pacientes, evidências científicas (NEJM 2018;378:345-53) afirmam que infecções respiratórias e síndromes gripais aumentam em até seis vezes o risco de infarto nas pessoas que as contraem, o que faz do momento ainda mais delicado.