Em celebração pela passagem do Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, a Prefeitura de Caruaru, através da Coordenação de Promoção de Igualdade Racial da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SDSDH), junto com o Conselho de Políticas de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (COPPIR) de Caruaru, irá promover uma programação alusiva à data. As ações serão realizadas em parceria também com as secretarias municipais de Políticas para Mulheres (SPM), Saúde, Educação, e Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru, e seguem até o fim do mês.
A primeira atividade aconteceu nesta quarta-feira (06) com uma formação voltada para os conselheiros de Caruaru, ministrada pela coordenadora de Igualdade Racial do Estado, Lucia Crispiniano (Mãe Lucia Ty Oya), e pela técnica de Políticas da Igualdade Racial do Estado, Marta Almeida. O evento foi na sala dos conselhos da SDSDH onde as facilitadoras focaram no discurso do controle social e no monitoramento das políticas públicas. O papel do conselho de igualdade racial e sua função no enfrentamento ao racismo e na efetivação da promoção da igualdade racial também foi assunto abordado no encontro.
Assim como os indígenas, os africanos também fazem parte da construção do que hoje conhecemos como Brasil, e, nesse sentido, registra-se a importância do 20 de novembro como Dia da Consciência Negra, uma data sustentada pela lei nº 12.519 de 2011. “Em conjunto com as demais secretarias, teremos um olhar dedicado às reflexões e sobre a inserção da população negra na sociedade brasileira, além de discutir a importância do povo e da cultura africana no Brasil durante as atividades da programação que elaboramos”, destacou o Coordenador de Promoção de Igualdade Étnico Racial da SDSDH, Ivan Moreira.
A programação alusiva segue até o dia 29 e prevê seminários, ação de saúde e cidadania, oficina de beleza e estética, curso de oratória, samba no Monte Bom Jesus, uma caminhada alusiva em Caruaru, além de uma viagem cultural com convidados para a Serra da Barriga, no município de União dos Palmares, em Alagoas. O cronograma de Caruaru iniciou na última sexta-feira (1º), com a ida de um grupo do município para a Caminhada dos Terreiros, no Recife.
Profunda desigualdade
Segundo o Atlas da Violência de 2019, (IPEA) Pernambuco está entre os cinco Estados com maiores taxas de homicídios de negros, maior parte destes na região nordeste um percentual de 73.2 a cada 100 mil habitantes negros. A população negra corre risco de vida no Brasil e estes números são ainda mais assustadores em relação aos últimos dez anos, em que o número de homicídios de pessoas negras cresceu 30%, mais do que o de não negros. Já em 2017, houve uma redução de 0.3% nos homicídios de não negros, enquanto o de negros cresceu 7.2%.
Ainda conforme o Atlas da Violência, a continuidade do processo de profunda desigualdade racial no país, ainda que reconheçamos que esse processo se manifesta de formas distintas, caracterizando cenários estaduais e regionais, muitos diversos sobre o mesmo fenômeno. Portanto, fica evidente a necessidade de que politicas públicas de segurança e garantias de direitos devam, necessariamente, levar em conta tais diversidades, para que se possa focalizar esse público alvo, de modo a promover segurança aos grupos mais vulneráveis.
Renda da população negra
A PNAD Contínua de 2017 mostra que há forte desigualdade na renda média do trabalho: R$ 1.570 para negros, R$ 1.606 para pardos e R$ 2.814 para brancos.
O desemprego também é fator de desigualdade: a PNAD Contínua do 3º trimestre de 2018 registrou um desemprego mais alto entre pardos (13,8%) e pretos (14,6%) do que na média da população (11,9%).
Dados de 2015 da PNAD mostram que, apesar dos negros e pardos representarem 54% da população na época, a sua participação no grupo dos 10% mais pobres era muito maior: 75%. Já no grupo do 1% mais rico da população, a porcentagem de negros e pardos era de apenas 17,8%.
Fotos: Jorge Farias