Em setembro de 2011, era instalado o Programa Atitude, como parte das políticas sobre drogas do Pacto pela Vida. No primeiro ano em atividade, atendeu a 537 usuários de drogas que enfrentavam ameaça de violência. Dez anos depois, o Atitude já ofereceu cuidados e proteção a 34.067 usuários. O programa se tornou referência no país, pela Fiocruz, por exemplo, e é citado em levantamentos internacionais, como da Open Society Foundation e da Mainline, da Holanda.
Só este ano, de janeiro-agosto, 4.495 pessoas passaram pelo Atitude. Cada uma destas pessoas recebe vários tipos de atendimento, que vão da avaliação da situação de seus documentos e condições de saúde, à relação com a saúde, atendimento psicológico, acompanhamento em busca da reinserção socioprodutiva. Desde 3 de setembro de 2011, foram realizados 1,1 milhão de atendimentos gerais, que apoiaram usuários em situação de grave vulnerabilidade.
São números robustos de um programa que apoia a transformação de pessoas. Os números mantêm a relação de crescimento do programa, tanto em atendimentos como em serviços. O orçamento deste ano é o maior destinado pelo Estado: R$ 22,5 milhões.
O secretário de Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas, Cloves Benevides, classifica o Atitude como um programa exitoso, na oferta de cuidados e de proteção para os usuários de drogas que são vítimas de violência ou de ameaça. “Nestes anos, o Atitude foi além da missão de oferecer um ambiente seguro e com cuidados básicos. O programa garantiu a dignidade e apoiou o resgate da cidadania”, afirma.
Ao citar mais de 34 mil pessoas perde-se a noção do efeito que o Atitude representou para cada um. Pessoas como o zelador Lázaro Silva, que ingressou no Atitude em Jaboatão dos Guararapes como usuários de drogas. Lázaro teve o primeiro contato com o programa em uma cena de uso. Atendeu ao convite dos técnicos do programa e passou pelos serviços oferecidos. “Eu agradeço muito ao Atitude. Eu sou uma nova pessoa”, conta.
Os quatro serviços presentes nas quatro unidades (Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Caruaru) são o Atitude nas Ruas; o Centro de Acolhimento e Apoio; o Centro de Acolhimento Intensivo e o Aluguel Social. A Atitude nas Ruas é o serviço de busca ativa, que visita as cenas de uso, faz os primeiros contatos, oferece água, um lanche rápido e itens básicos. Os técnicos nas ruas falam, principalmente, do funcionamento do programa, dos serviços oferecidos e da possibilidade de um local para repouso, banho, alimentação.
Os usuários interessados entram no serviço pelo Centro de Acolhimento e Apoio, que funciona como uma casa de passagem. No Apoio, como o serviço é conhecido, eles fazem o primeiro pacto com o Plano Individual de Atendimento (PIA). Neste registro, falam se possuem documentos, dão informações sobre a saúde, sua conexão com a família, que nível de risco de segurança enfrenta e mais dados pessoais. Os usuários que conseguem progredir são elegíveis pelos técnicos do programa para o Centro de Acolhimento Intensivo.
O serviço do Intensivo é uma república, uma casa na qual moram usuários e seus familiares. No Recife, destaca-se o Intensivo Mulher, destinado exclusivamente a mulheres e suas famílias, em geral, os filhos pequenos que também são acolhidos. Como o nome sugere, neste serviço o atendimento para o resgate com os vínculos familiares, comunitários e laborais são intensivos. Os usuários e usuárias que progredirem são elegíveis para o último serviço, o aluguel social.
O aluguel é um benefício temporário no qual aqueles usuários que vêm em um ciclo virtuoso na sua situação socioprodutiva e em relação com a família e com a comunidade permanecem por seis meses. Eles moram em uma unidade custeada pelo Governo do Estado. Ao final do período, os usuários se desligam do programa, como no caso do zelador Lázaro Silva, e seguem o curso da própria vida.