Projeto desenvolvido em escola dentro da Funase tem destaque na ONU

Um projeto desenvolvido em uma escola que funciona dentro de uma unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) ultrapassou as fronteiras do Brasil. Por meio de um aplicativo tradutor e do Twitter, estudantes brasileiros e franceses trocaram experiências sobre desenvolvimento sustentável e aprenderam a fabricar materiais de limpeza não agressivos ao meio ambiente. O intercâmbio foi vivenciado por alunos da Escola Estadual Frei Jaboatão, que é da rede administrada pela Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco e tem um anexo dentro do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Jaboatão dos Guararapes, da Funase. Do outro lado, participaram alunos secundaristas do Lycée Sainte Marie, situado em Aire-sur la Lys, na França.

Orientados por professores e coordenadores pedagógicos, os estudantes foram levados a refletir sobre os efeitos das mudanças climáticas em todo o mundo e que ações podem realizar para contribuir com a reversão desse quadro. Foram discutidos temas como reciclagem no ambiente doméstico, uso de meios de transporte menos poluentes, reutilização de água e equilíbrio no consumo de energia, com observações a respeito das diferenças e semelhanças entre as realidades locais. Por fim, de forma prática, em salas de aula dos dois países, os alunos participaram de ações de análise da qualidade da água e de produção de detergentes caseiros.

O projeto teve destaque na edição mais recente da Revista PEA-Unesco e em postagem feita no perfil da ONU France no Twitter. A escola pública que funciona na unidade da Funase em Jaboatão é associada à Rede PEA-Unesco desde 2015, sendo a única instituição de ensino para adolescentes em privação de liberdade do Brasil a participar do rol de 583 associadas. Dessa lista, fazem parte 256 escolas públicas e outras dezenas de instituições particulares de 24 unidades da federação. O projeto ocorreu no âmbito dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

“Desenvolvemos uma fórmula com vinagre, água aquecida, sódio, eliminando elementos muito usados nas indústrias, como o ácido sulfônico. As aulas ocorreram em uma sala de ciências do Case. Foi uma ação pequena, com viés pedagógico, mas com grande alcance. Cada um dos participantes sai em condição de reproduzir esse conhecimento na sociedade, além de obter um olhar sustentável”, destaca o coordenador pedagógico da Escola Estadual Frei Jaboatão – anexo Case Jaboatão, Valter Gomes Carneiro. “Há um esforço integrado da Secretaria de Educação – que tem uma proposta específica para unidades do sistema socioeducativo –, de um corpo docente comprometido e da Funase. É gratificante estar construindo uma escola alegre, viva e motivadora”, completa.

A produção de detergente caseiro é só uma das atividades diferenciadas. Oficinas de capoeira, produção de pinturas, teatro de bonecos, ciclo de leitura e a Gincana Legal aparecem na proposta pedagógica da escola, que, em conjunto com a Funase, já foi premiada 15 vezes. Uma delas foi em 2014, com o Innovare, principal prêmio da Justiça brasileira. Em 2018, pelo segundo ano consecutivo, o Case Jaboatão venceu o Concurso de Redação da Defensoria Pública da União. A escola teve, em 2018, um índice de aprovação de seus alunos socioeducandos de 93,87%. A unidade da Funase atende adolescentes com idades entre 12 e 15 anos.

“A realização desse projeto e a repercussão que ele tomou mostram o compromisso com que fazemos a socioeducação. Os adolescentes estudam, participam de diversas atividades pedagógicas, têm habilidades reconhecidas e, cada vez mais, dão passos seguros para terem todas as condições de se reintegrar à sociedade”, avalia o coordenador geral do Case Jaboatão, Mozat Lourenço.

Para Vera Braga, gestora de Educação Inclusiva e Direitos Humanos da Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco, o reconhecimento da ONU é muito importante, pois valoriza o trabalho dos profissionais e estudantes envolvidos. “São profissionais que se esforçam diariamente para que esses adolescentes sejam reintegrados na sociedade”, afirma.

Imagem: Divulgação

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