Como parte da evolução dos cães, eles adaptaram-se a interação com a espécie humana, tornaram-se mais dóceis e mais dependentes afetuosamente de nós. Essa ligação emocional desenvolvida beneficia tanto o cão como a nós, seres humanos. Os cães hoje são considerados membros da família e ajudam a aliviar o estresse do dia a dia e, por muitas vezes, são responsáveis por uma carga emocional muito grande.
“Tudo isso gera uma maior proximidade entre o cão e seu tutor. Nós representamos uma proteção a esses cães, uma fonte de segurança não só alimentar, mais segurança contra ameaças. Quanto mais próximos estamos, mais eles passam a confiar em nós a tarefa de mantê-los vivos. Com a pandemia, essa aproximação aumentou, os laços ficaram mais estreitos e o vínculo emocional mais forte, gerando o que chamamos de hipervinculação”, explica a professora do curso de Medicina Veterinária do UniFavip, Jessica Bandeira, que também ressalta os sinais que podem ser percebidos para identificar a doença no pet.
“Com a volta das atividades presenciais, nós humanos, que temos uma capacidade de adaptação maior estamos sofrendo, imaginem os cães! Eles não conseguem compreender muito bem por que nós estamos “abandonando-os”, deixando-os desprotegidos, isso gera muita ansiedade nos animais e muitos acabam desenvolvendo a síndrome da ansiedade de separação, um dos problemas comportamentais mais reportados na clínica. Os sinais de que seu cão pode estar sofrendo dessa síndrome são vários, dentre eles: vocalização excessiva e comportamento depressivo. Muitos animais deixam de comer, começam a arranhar e por vezes destruir móveis, portas e até paredes, a fazer as necessidades em local inapropriado e a lamber excessivamente as patas. Em várias situações os casos ficam tão sérios que os cães mutilam o próprio membro”, enfatiza a médica veterinária.
Tudo isso tende a ser mais intenso naqueles animais adotados durante a pandemia, pois a única realidade que conhecem é de hipervinculação. Para que eles se adaptem a nova rotina, os tutores devem ter paciência e tentar ao máximo fazer essa mudança de forma gradual. Podem também procurar ajuda de adestradores profissionais, que irão auxiliar esse animal na nova rotina e, principalmente, procurar seu médico veterinário que atuará no controle da ansiedade por meios de várias terapias, encontrando a melhor alternativa que funcione para o cão e seu tutor.