Essencial em todas as cidades do Brasil, o transporte público é o meio de transporte de mais de 80% dos brasileiros. Mas, devido às medidas de isolamento social, em função do Covid-19, o setor tem enfrentado dias difíceis.
Isso porque, com a restrição da abertura do comércio, suspensão das atividades escolares e fechamentos de estabelecimentos comerciais como shoppings a demanda caiu drasticamente. Como medida para evitar uma crise ainda maior no setor, a Associação das Empresas de Transporte de Passageiros de Caruaru (AETPC) solicitou a redução de frota a Autarquia de Defesa Social, Trânsito e Transporte ( Destra), visando preservar a saúde financeira das empresas de viação da cidade. Desde então, as empresas concessionárias do Sistema de Transporte Público de Passageiros de Caruaru (STPPC) passaram a operar com frota mínima de 20% (de acordo com a demanda por linha) mas garantindo o direito de ir e vir dos usuários de ônibus.
Com a demanda em declínio, as empresas temem não aguentar manter a operação por muito tempo por não ter receita suficiente para custear despesas básicas como diesel e pagamento da folha de centenas de funcionários mantidos pelo setor e por não terem aporte financeiro por parte do governo municipal para subsidiar o sistema.
Diferente de cidades como São Paulo onde o prefeito, Bruno Covas, enviou à Câmara Municipal um projeto de lei com uma série de medidas excepcionais de cunho financeiro e voltadas a contratos públicos diante da situação de emergência e estado de calamidade pública por causa do avanço da pandemia do coronavírus no Brasil, em Caruaru, não há benefícios fiscais para as empresas concessionárias do STTPC.
Lá, entre as propostas enviadas está a possibilidade de a prefeitura conceder subvenções por quatro meses para pagar parte dos salários de motoristas e cobradores de ônibus ou de outros trabalhadores do transporte coletivo.
“Da Subvenção para Evitar Desemprego dos Trabalhadores de Transportes Art. 7º Em função das restrições de circulação de pessoas por força da situação de emergência e estado de calamidade pública em vigor no Município de São Paulo, fica o Poder Executivo autorizado a conceder subvenções econômicas, pelo período de até quatro meses, para cobertura de despesas relativas ao pagamento de ajuda compensatória mensal e/ ou parte dos salários dos funcionários das empresas de transporte urbano de passageiros contratados pela prefeitura, em decorrência da diminuição da frota em circulação, na forma e condições estabelecidas em regulamento.”
Porém, a realidade de empresas de outras cidades brasileiras, assim como Caruaru, é bem diferente de São Paulo.
De acordo com o diretor institucional da AETPC, Ricardo Henrique, a situação é delicada e requer intervenções urgentes do poder público. “As empresas de ônibus de Caruaru estão operando hoje com a redução de 80% dos passageiros (obedecendo os critérios de IPK – Índice de Passageiros por KM) desde o início das medidas de isolamento social, o que afetou duramente a receita do setor. Com o baixíssimo número de pessoas embarcando e sem nenhuma ajuda das autoridades, as empresas estão preocupados em manter a empregabilidade do setor”, disse.
“Se levarmos em consideração que, somando as frotas das três empresas concessionárias, temos hoje 165 veículos. Aplicando o coeficiente de seis empregos diretos por veículos, teremos 990 pessoas empregadas. Considerando ainda que essas pessoas têm famílias (média três pessoas por colaborador), teremos 2.970 pessoas dependendo diretamente do setor. A situação dessas pessoas é algo que nos preocupa muito”, explica Ricardo.