O câncer de pulmão, associado ao tabagismo em 85% dos casos, é uma das principais causas de morte evitáveis do mundo. A mortalidade pela doença entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram. Entre ex-fumantes, é cerca de quatro vezes maior. E se a taxa de mortalidade tem diminuído ao longo dos últimos anos é principalmente pela redução do número de fumantes. Apesar disso, os números ainda preocupam. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil registra mais de 30 mil novos casos por ano. Em 2020, o tumor de pulmão foi a principal causa de morte entre homens acometidos por algum tipo de câncer. Durante o “Agosto Branco” que se aproxima, diversas campanhas de conscientização são realizadas no Brasil.
Este tumor é o segundo mais comum em homens e mulheres no país (sem contar o câncer de pele não melanoma). É o primeiro em todo o mundo desde 1985, tanto em incidência quanto em mortalidade. Cerca de 13% de todos os casos novos de câncer são de pulmão. Felizmente, a taxa de incidência vem diminuindo desde meados da década de 1980 entre homens e desde meados dos anos 2000 entre as mulheres. Além do tabagismo, outros fatores de risco da doença são a exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, deficiência e excesso de vitamina A, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), fatores genéticos e história familiar de câncer de pulmão. Também aumentam as chances de desenvolver o tumor: exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos, água potável contendo arsênico e altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes e ex-fumantes.
Sintomas – Os sintomas de câncer de pulmão normalmente só aparecem quando a doença já está em uma fase mais avançada, o que pode atrasar o diagnóstico e o início do tratamento. Além disso, eles são inespecíficos e comuns a outras doenças como enfisema pulmonar, bronquite e pneumonia. Os principais são tosse seca e persistente; dificuldade para respirar; falta de ar; diminuição do apetite; perda de peso; rouquidão; dor nas costas; dor no tórax; sangue no catarro e cansaço extremo.
Quando o câncer de pulmão é diagnosticado em estágio inicial (tumor localizado), a sobrevida em cinco anos é de 56%. Geralmente, esses pacientes são tratados com cirurgia, mas a quimioterapia e a radioterapia podem ser necessárias. “Infelizmente, o diagnóstico precoce é um grande desafio, pois os primeiros sintomas da doença são sutis e podem não ser percebidos”, explicou a oncologista clínica Samira Mascarenhas, integrante do Grupo Mulheres na Oncologia. O tumor só é identificado no início em cerca de 15% dos casos.
Avanços – Quando o diagnóstico acontece em estágios mais avançados, o tratamento requer outras abordagens como a imunoterapia e a terapia-alvo, por exemplo. “Esses tratamentos mais novos ampliam a expectativa média de vida do paciente, reduzem efeitos colaterais e proporcionam mais qualidade de vida”, destaca a médica que atua na oncologia dos hospitais da Rede D’or em Salvador. Os mais recentes avanços no combate ao câncer de pulmão estão relacionados aos marcadores genéticos, que permitem identificar diferentes tipos de genes com mutações causadoras da doença. Esse tipo de informação facilita a decisão acerca do tratamento mais indicado para cada paciente.
Para efeito de comparação, se até 2020, com tratamento restrito à quimioterapia, os pacientes com câncer de pulmão agressivo e metastático tinham sobrevida média de 12 meses, as terapias-alvo e, mais recentemente, as imunoterapias, permitem que os pacientes com câncer de pulmão, que têm indicação e acesso a esse tipo de tecnologia, tenham média de até 90 meses de sobrevida e com mais qualidade de vida. “O acesso dos pacientes às inovações é essencial, pois quando diagnosticado em fase avançada, o que representa 75% dos casos confirmados, isso modifica de forma significativa a história natural da doença”, destacou Samira Mascarenhas.