Por Hérlon Cavalcanti
A Câmara de Vereadores de Caruaru, a casa do povo, a casa das grandes discussões politicas. Essa casa que nos últimos anos, passa momentos delicados com os desfechos da operação ponto final 1 e 2, proferido pela justiça e seus órgãos competentes. Na realidade Caruaru espera que de fato sejam apurados e que os culpados venham a ser punidos ou absorvidos.
Mais o que me levou de fato como cidadão a pensar escrever esse texto que trás o titulo sete “elegantes Brancos” na Câmara de Vereadores de Caruaru?
Então vamos lá!
Em 2012 a Câmara de Vereadores através da sua presidência que naquela época ocupada pelo vereador do PCdoB Lícius Cavalcanti na entrega da reforma estrutural, em conjunto com os demais vereadores, aprovaram em requerimento a ideia de construir sete estátuas de personagens que marcaram a nossa história.
Confesso que a ideia é muito salutar com a intenção de valorização da nossa gente, da preservação da memoria e da nossa história. O processo de escolha se deu envolvendo alguns integrantes da ACACCIL, pesquisadores e memoristas da cidade que depois de alguns debates, chegaram à conclusão dos setes personagens escolhidos, são eles:
Joao Salvador (Primeiro 1º Prefeito de Caruaru)
Prazeres Barbosa (Professora e Atriz)
Lidio Cavalcanti (Poeta, Compositor e Radialista)
João Condé (Escritor e Advogado)
Luísa Maciel (Poetisa e Artista Plástico)
Álvaro Lins (Escritor e critico literário)
Azulão (Cantor e compositor)
As estátuas foram confeccionadas pelo artista Plástico Manoel Claudino da Silva, do ateliê das Artes de Pesqueira. A Câmara informou, ainda, que sondou o artista plástico Caxiado para criar os monumentos, mas, por questão de custos e prazo de entrega, acabou contratando outro profissional. Enfim as obras de artes foram pouco a pouco sendo construídas e entregues a Câmara e a população de um modo em geral, ocupando o lado esquerdo do hall de entrada da casa.
Depois de entregues as obras, podemos observar, e no meu caso como filho de um dos homenageados (Lídio Cavalcanti), que o resultado final não foi nada agradável, as estátuas quase nada têm haver com a realidade física dos personagens trazidos, os traços dos rostos ficaram diferentes, mal acabados mudando a fisionomia e o perfil dos homenageados. Uma obra que custou aos cofres públicos muita grana, e pelo seu resultado final tornou-se caro. Mais tudo bem a intenção de fazer a história acontecer superava esses obstáculos.
Passado dois anos desse feito, hoje resolvi trazer uma discussão que vai além de questões politicas, vai além de picuinhas ou qualquer outra coisa.
O problema é que as estátuas foram construídas e nunca houve por parte da Câmara a preocupação e o respeito de se fazer uma solenidade de entrega à população, ou um ato simbólico, em respeito aos familiares dos personagens escolhidos que já se foram e aos vivos como: Azulão e Prazeres Barbosa.
Muitas são as possibilidades de fazer um evento político e cultural, uma situação que não se alcança pela limitada compreensão do que é uma casa do povo e do que fazer quando chama para si situações que poderiam dialogar com uma mudança cultural de seu lugar.
O único sentido que acaba sendo possível pensar é que ideias interessantes acabam virando meros objetos sem sentido e entulhando cada vez mais o vazio que um espaço político precisa construir para sua cidade.
A casa do povo não consegue se fazer em homenagem ao povo que faz sua história.
O futuro é que vai dizer se aquelas estátuas de fato possam virar monumentos de busca de estudos por parte das escolas, alunos e profissionais da área, ou então serão esquecidas largadas ao leu, virando de fato “elefantes brancos” manchando a memoria de tantos que fizeram de suas vidas uma verdadeira entrega de amor e arte por Caruaru.
Hérlon Cavalcanti- Escritor e jornalista