Do Blog do Magno
Uma das prioridades do governo de Michel Temer deveria ser a restauração de uma noção mínima de coisa pública no Brasil. Mas a presença de um apadrinhado de Renan Calheiros no comando do ministério incumbido de combater a corrupção tonifica a impressão de que o governo não é capaz de saciar a fome de limpeza que está no ar.
As gravações em que o ministro Fabiano Silveira aparece orientando Renan sobre como driblar a Lava Jato ofereceram a Temer a oportunidade de corrigir um erro. Mas o presidente interino preferiu manter no cargo o auxiliar que ele jamais deveria ter nomeado. É como se Temer planejasse sua própria imolação.
Apresentaram-se várias alegações para justificar a sobrevivência de Fabiano na Esplanada. Mas o único motivo que realmente pesou só foi balbuciado longe dos refletores, em voz baixa: a exemplo do que sucedia com Dilma Rousseff, Temer não tem condições políticas de desagradar Renan.
Temer ainda não se deu conta. Mas Fabiano, o afilhado do presidente do Senado, já se tornou um ex-ministro. Falta apenas um ato que formalize o afastamento. A desmoralização de Temer crescerá na proporção direta da demora do presidente interino em mandar publicar no Diário Oficial a exoneração.
Ao indicar para líder do governo na Câmara o triplo-réu André Moura, um miliciano de Eduardo Cunha, Temer revelou-se um presidente pequeno, bem menor do que a crise que o assedia. Ao dobrar os joelhos diante de Renan Calheiros, Temer escancara sua ‘renandependência’.
Diz-se no Planalto que a aliança com Renan, hoje o principal parceiro do governo no Congresso, ajudará a condenar Dilma no processo de impeachment. Resta saber o que dirá o asfalto quando decidir se pronunciar.