Seminário sobre Proteção à Infância é realizado em Recife pela Plan‏

Com o objetivo de compartilhar as boas práticas governamentais, do setor turístico e da mobilização comunitária sobre a prevenção da exploração sexual no contexto do turismo na região, a Plan International Brasil realiza o Seminário Turismo Sustentável e Proteção à Infância – Compartilhando Boas Práticas, na próxima quarta-feira, no JCPM Trade Center.

O evento faz parte das atividades do Projeto Turismo e Proteção à Infância da Plan International Brasil que vem desenvolvendo, nos últimos cinco anos, diversas atividades de prevenção da exploração sexual no contexto do turismo nos estados do Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Diversos especialistas de organizações que atuam com foco na redução da exploração sexual de crianças e adolescentes estarão presentes no evento compartilhando cases de sucesso e boas práticas.

“O ambiente turístico pelo fato de mobilizar pessoas de diferentes lugares pode aumentar o risco de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, o que se busca então é influenciar todo o setor turístico para que seja um aliado no enfrentamento à  essa problemática”, diz Flávio Debique, gerente técnico de Proteção Infantil da Plan, que será palestrante no evento.

Petrolina: Vara da Infância inaugura o Projeto Oficinas Preventivas

Nesta sexta-feira (6), a Vara da Infância e Juventude de Petrolina inicia o projeto Oficinas Preventivas, voltado para jovens que estão com problemas de indisciplina e violência nas escolas e no ambiente familiar. Os adolescentes farão um passeio pedagógico-educacional, com início no Fórum Dr. Manoel Francisco de Souza Filho, às 8h30, passando pela Fundação de Atendimento Sócio Educativa (Funase), pela Penitenciária Dr. Edvaldo Gomes e pelo Campus da Universidade de Pernambuco.

Os jovens conhecerão as dependências de cada unidade visitada, além de participarem de palestras pedagógicas em cada um desses pontos. Para a primeira jornada, foram convocados 20 adolescentes com histórico reincidente na prática de indisciplina ou violência perante a Vara da Infância e Juventude. Os pais também participarão de dinâmicas e audiência pública no auditório do Fórum às 8h.

De acordo com o juiz da Vara da Infância e Juventude, Marcos Bacelar, a iniciativa pretende mostrar as consequências positivas e negativas das atitudes tomadas pelos adolescentes. “Nossa intenção é falar da realidade deles. Vamos mostrar o resultado de se seguir uma conduta correta, lastreada nos estudos e respeito familiar, bem como as implicações de uma conduta conflituosa com aquilo que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente”, explica o magistrado.

Após a realização da oficina, os jovens serão acompanhados na escola, bem como nos ambientes social e familiar pela Vara da Infância e Juventude até o final do ano.

Pouca presença de negros na TV leva a racismo na infância, dizem especialistas

Da Agência Brasil

O estudante Anderson Ramos passou boa parte da 4ª série (hoje 5º ano) sendo chamado de “macaco”, “preto fedido”, “sujo” e ouvindo “piadas” por causa do cabelo crespo. As ofensas vinham de colegas da escola que, assim como ele, tinham 10 anos. O menino relatava os casos para a professora, que nada fez, e para a mãe, que demorou a entender que o filho estava sendo vítima de injúrias raciais.

“Quando comecei a chorar muito para não ir à escola e pedi para raspar o cabelo, minha mãe percebeu que eu estava sofrendo com aquilo, mesmo sem eu saber direito o que era”, afirma Ramos, hoje com 20 anos. “Quando a gente é criança, não tem maturidade para fazer a leitura do que aconteceu, mas sente a dor que o racismo causa. E não é brincadeira de criança, é racismo”, diz o estudante.

Apesar de pouco discutido, o racismo na infância e nas escolas existe e precisa ser enfrentado, na opinião de professores e especialistas ouvidos pela Agência Brasil. Eles destacam a pouca representação de crianças negras nos meios de comunicação como uma das causas do problema.

Professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da instituição, Renísia Garcia Filice acredita que o racismo existe dentro das escolas e ocorre de forma cruel, efetiva e naturalizada. Para ela, essa atitude na infância é fruto do que a criança viu ou vivenciou fora do ambiente escolar.

“A criança pode ter vivenciado isso numa postura dos pais, em algum comentário ou até em algo que os professores fizeram ou deixaram de fazer”, diz Renísia. Segundo ela, alguns professores se omitem em situações de racismo pela falta de informação, por naturalizar os casos ou achar que não é um problema. “Por isso, são necessárias práticas pedagógicas para que as crianças se percebam iguais e com iguais direitos”, acrescenta.

Ildete Batista dá aula para crianças de 5 anos em uma escola no Distrito Federal. Ela afirma que as questões raciais aparecem principalmente no momento de disputa e durante as brincadeiras. Professora há mais de 20 anos, Ildete afirma que faltam referências para as crianças. “O que fica como belo é o que se aparece na TV, nos livros – inclusive nos materiais didáticos. A gente vê muitas propagandas, livros de histórias infantis em que os personagens são brancos.”

A professora desenvolve, na escola, um trabalho contra o racismo e para colocar mais referências africanas na educação. Isso, segundo Ildete, vem dando resultados. “No início do ano, uma menina me disse que não gostava do cabelo dela, por ser crespo. Em um desenho, por exemplo, ela se fez loira do olho azul. Agora, no final do ano, ela se desenha uma criança negra com cabelo enrolado. Isso mostra que o trabalho tem que ser feito e, se ele é feito com respeito, a gente consegue vencer esses problemas”, acredita.

Segundo o professor do curso de direito da UnB Johnatan Razen, quando há ofensas entre crianças, no colégio, os pais devem relatar o caso à escola, para a que a instituição promova ações educativas. “Se o caso envolver um professor ou a ofensa vier da instituição – como obrigar uma aluna a alisar o cabelo –, cabe acionar a Justiça”, orienta. Se tiver conhecimento de atitudes racistas dentro do espaço e se omitir, a escola também pode ser responsabilizada penalmente, de acordo com Razen.

REPRESENTAÇÃO

Para a professora do curso de comunicação social da Universidade Católica de Brasília (UCB) Isabel Clavelin, há uma tendência de aumento na representação de crianças negras nos meios de comunicação, nos últimos anos. “Mas elas figuram em papéis de coadjuvantes e a representação está aquém da proporção de negros no Brasil”, diz a pesquisadora.

“Isso tem um efeito devastador, porque a criança se vê ausente ou não se vê como ela realmente é. Ela está sempre atrás. A interpretação dessas mensagens tem um efeito muito danoso, que é a recusa, de se retirar do espaço da centralidade”, afirma Isabel. “Enfrentar o racismo na infância é crucial e deve mobilizar toda a sociedade brasileira, porque ali estão sendo moldadas todas as possibilidades de identidade das pessoas”, acrescenta.

A escritora Kiussam de Oliviera, que trabalha com a literatura infantil com o objetivo de fortalecer a identidade das crianças negras, afirma que falta representação positiva. “Em um país de maioria negra, não se justifica uma televisão totalmente branca, como nós temos. A partir do momento que as emissoras entenderem que o público negro é grande, nós viveremos uma fase diferente desta que estamos passando, onde há violência por conta da cor da pele, agressões focadas na raça – cada vez mais banalizada.”

O estudante João Gabriel, de 11 anos, sente falta de mais crianças negras na televisão. “Nos desenhos e nos programas de TV, quem é gordo e negro está sempre sendo xingado, é sempre tímido e os outros zoam dele. Aí a gente vê isso e acha que é sempre assim. Os colegas acham que todos precisam ser iguais e ser diferente é ruim.”

NOVO PROGRAMA

Com a maioria dos personagens negros, começa hoje na TV Brasil o desenho colombiano “Guilhermina e Candelário”. Para marcar a passagem do Dia da Criança, a emissora exibirá quatro episódios em sequência, às 9h45 e às 13h. A partir daí, o desenho será transmitido de segunda a sábado, na Hora da Criança, faixa de programação de segunda a sexta das 8h15 às 12h e das 12h30 às 17h; e no sábado, das 8h15 às 12h.

A série mostra o cotidiano dos dois irmãos, cuja capacidade de sonhar transforma cada dia em aventura. A cada dia, eles esperam ansiosamente a chegada do Vô Faustino, a quem contam suas aventuras. O avô desfruta das histórias narradas pelos netos e compartilha sua experiência de vida e sabedoria.

Coproduzida pelo Señal Colombia e pela Fosfenos Media, a animação “Guilhermina e Candelário” é um dos primeiros desenhos do gênero com protagonistas negros a ser exibido na TV aberta brasileira.

Pernambuco e Ceará trocam experiências no segmento da Primeira Infância

Trocar experiências e boas práticas no segmento da Primeira Infância. Com esse objetivo, a primeira-dama de Pernambuco, Ana Luíza Câmara, recebeu, nesta terça-feira (19), a primeira-dama do Ceará, Onélia Leite, que foi apresentada às políticas públicas, projetos e programas implantados pelo Governo do Estado na área. Entre as ações, o Mãe Coruja, premiado internacionalmente e que servirá como base para um programa semelhante naquele Estado.
 
Ana Luíza Câmara destacou a importância de trocar experiências que têm dado resultado e transformado vidas. “Pernambuco e Ceará têm realidades muito semelhantes. Dois estados do Nordeste, pobres, mas com um grande potencial criativo e muita vontade de fazer a diferença. Então, a troca de experiências é fundamental para implantar bons programas, fazer um bom governo e mudar a realidade das pessoas”, argumentou.
 
Ao ressaltar como seu maior objetivo conhecer “de perto” o Mãe Coruja, a primeira-dama cearense classificou o intercâmbio como positivo. “O Mãe Coruja é um programa lindo, espetacular, com bons resultados. Ele vai ao encontro da mãe desde a gestação até os cinco anos de idade da criança. Eu costumo dizer que a fase mais importante é de zero aos sete anos; é a formação da personalidade, do desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança”, avaliou.
 
Também participaram da reunião a médica e coordenadora do Mãe Coruja, Bebeth de Andrade Lima, o secretário-executivo de Políticas para Criança e Juventude, João Suassuna, e gestores que atuam na pasta.

Mãe Coruja ampliará atendimento à primeira infância em 2015

 O programa Mãe Coruja, do Governo de Pernambuco, ampliará o atendimento à primeira infância (crianças até sete anos) em 2015, através de um plano de desenvolvimento infantil. A iniciativa foi anunciada pelo governador Paulo Câmara, nesta quarta-feira (28), durante a primeira reunião do programa este ano, quando os coordenadores das 12 regionais começaram a estruturar o planejamento. Em março, o Mãe Coruja receberá, no México, a sua segunda premiação internacional. Desta vez, o reconhecimento veio através do Prêmio Interamericano da Inovação para a Gestão Pública Efetiva, promovido pela Organização dos Estados Americanos (OEA).roberto pereira sei 3

“O reconhecimento internacional é mais uma prova que estamos no caminho certo. Esse plano anunciado hoje reforçará a atuação do programa em todo o Estado. O Mãe Coruja é um exemplo para o Brasil; uma política pública que tem dado resultados importantes. Vamos continuar levando ‘vida’ para a vida das pessoas”, destacou Paulo Câmara, ressaltando que os bons índices da iniciativa devem ser creditados à integração entre as secretarias. “Quando trabalhamos de forma integrada, sempre conseguimos mais êxitos”, argumentou.

Em quase oito anos de atuação, o Mãe Coruja reduziu a mortalidade infantil em Pernambuco de 22,1% para 15,7%. Hoje, o programa atende 130 mil mulheres e 72 mil crianças, em 103 municípios. Pernambuco foi o estado brasileiro que mais reduziu a mortalidade infantil nesse período. “Tínhamos o dobro da média nacional. Após o Mãe Coruja, chegamos à média e vamos trabalhar para diminuir ainda mais esse número”, assegurou o governador, salientando que 74% dos casos de mortalidade infantil podem e devem ser evitados.

Para consolidar o projeto, que objetiva a melhoria da qualidade de vida das crianças, o Mãe Coruja recebeu o reforço da Secretaria estadual de Cultura, que juntou-se às outras setes pastas no trabalho intersetorial de governo. Também atuam junto ao programa as secretarias de Saúde; Educação; Desenvolvimento Social, Criança e Juventude; Mulher; Planejamento e Gestão; Agricultura e Reforma Agrária e Micro e Pequena Empresa, Qualificação e Trabalho. “Fazemos parte de um todo que tem o objetivo de reduzir as desigualdades sociais”, salientou Paulo Câmara, que estava acompanhado na reunião da primeira-dama do Estado, Ana Luíza Câmara.

Coordenadora do Mãe Coruja, Bebeth Andrade Lima lembrou que o programa resgata a autoestima da mulher e garante a sua inserção no mercado de trabalho. “Quando começamos a desenhar o programa, ainda em  2007, todos os detalhes foram pensados com carinho. Temos um entendimento que trabalhamos com pessoas que estão inseridas em um determinado contexto social. Não adianta apenas fornecer o alimento, se a mãe não sabe como oferecê-lo corretamente ao seu filho”, detalhou.

 Além de oferecer toda a estrutura para a realização do pré-natal, o Mãe Coruja também disponibiliza um kit com roupas para o recém-nascido. “Uma ação simples, mas que faz uma diferença enorme na vida de uma mãe carente”, pontuou Bebeth Andrade Lima, recordando as palavras do ex-governador Eduardo Campos, que, ainda no processo de implantação do programa, em 2007, disse que não iria permitir que nenhuma criança pernambucana saísse da maternidade sem roupa. “O ex-governador identificou essa demanda, posteriormente comprovada por uma pesquisa”, lembrou Bebeth, citando as palavras de Eduardo: “O Mãe Coruja é uma política pública que vai marcar para sempre a vida das pessoas”.

RECONHECIMENTO – A premiação que o Estado receberá em março é a segunda vencida pelo Mãe Coruja. Em 2014, o programa foi um dos vencedoros do Prêmio das Nações Unidades para o Serviço Público (UNPSA). Um reconhecimento internacional pela excelência na prestação do serviço público, que reúne ações de organizações públicas e agências de todo o mundo.