OPINIÃO: Tem graça?

Por KATIELLY DE LIMA MACEDO*

O humor é um tipo de entretenimento que permite, por sua capacidade de propagar o riso, o descompromisso com a seriedade. Isso tem gerado algumas discussões a respeito do que pode ou não ser objeto de brincadeira, já que muitas vezes o que parece engraçado  para alguns, para outros é constrangedor e discriminatório.

Por isso, o humor tem limite e deve estar ao lado do respeito. Não pode ser insultante, fazer apologia à intolerância, tampouco servir como instrumento de humilhação. Piadas são, na maioria das vezes, estereotipadas, ou seja, expressam generalizações. Assim, devem ser feitas com cuidado, pois muitas vezes são versões distorcidas ou exageradas da realidade e acabam ofendendo.

Negros, cristãos (principalmente evangélicos) e homossexuais são, quase sempre, relatados de forma preconceituosa. Por isso, é preciso certo policiamento dos comediantes ao comentar sobre esses grupos. Afinal, o argumento “É só uma piada!” não é válido para qualquer circunstância. Isso não é defender a censura, é cuidar para que a liberdade de expressão não seja usada para incentivar machismo, homofobia, xenofobia e discriminações étnicas.

Chamar alguém de “macaco” por conta da cor da pele não é engraçado, assim como não tem graça dizer que uma moça fora dos padrões de beleza tem sorte em ser estuprada. Comentários como esses são desumanos e oprimem minorias sociais (negros, gordos, mulheres e idosos). Rir disso é aceitar e propagar uma cultura violenta.

Portanto, só o respeito pode regrar o humor sem torná-lo chato. A comédia não vai deixar de ser hilariante se os humoristas tiverem um pouco mais de cautela com o que dizem. A consciência humana pede um novo tipo de espetáculo, mostrando que a postura preconceituosa é ridícula e que ser diferente não é anormal. É tempo de um humor mais instigante e menos depreciativo.

*Katielly de Lima Macedo é estudante e aluna de Menelau Júnior