Por Menelau Júnior
Dizem que no Brasil o ano só começa depois das festas de Momo. Se é assim, este será nosso primeiro fim de semana de 2015. E na próxima segunda, o primeiro dia de semana realmente útil.
E já que a folia passou, talvez fosse o momento de criarmos um pouco de vergonha na cara. Já não é hora de realmente nos indignarmos com o cinismo petista, que insiste em exaltar corruptos e negar seus crimes de lesa-pátria? Já não é hora de pararmos de fingir que somos um povo pacífico – mesmo sabendo que nos matamos à ordem de mais de 50 mil por ano?
Passado o carnaval, já não é hora de assumirmos o ônus do estelionato eleitoral a que muitos se curvaram – uma candidata que, agora se sabe, faltou com a verdade o tempo inteiro com o único objetivo de se reeleger? Não é o momento de deixarmos de lado a gastança ensandecida e irresponsável dos últimos anos e economizarmos para os dias duros que estão por vir?
Também não é o momento de termos mais responsabilidade com o ambiente – o que significa economizar água e energia? E também não é hora de refletirmos sobre o fanatismo religioso – que encontrou sua mais brutal expressão no grupo terrorista Estado Islâmico?
Passada a farra, é hora de exigir de nossos representantes medidas eficazes para acabar com a impunidade. O que fazer com os bandidos e assassinos travestidos de “menores”? O que fazer com o tráfico de drogas, que dizima parte de nossa juventude?
Enfim, seria bom que deixássemos de ser tão “farristas” e fôssemos mais responsáveis com nosso futuro. Que fôssemos menos hipócritas e mais severos com aqueles que nos enganam. Menos partidários, menos militantes, menos fingidos. Enfim, mais honestos – independentemente dos cargos que nos oferecem para silenciar diante da corrupção deslavada.
É pedir muito, eu sei. É acreditar muito – inclusive naquilo em que nem se pode mais acreditar. Afinal, vivemos num país em que tudo é motivo para comemorar, em que “roubar” faz parte do jogo político e em que hipocrisia é regra. Por isso tanta gente gosta do carnaval. Se a gente pensar direitinho no país que aí está, a gente chora. E rir não é o melhor remédio?
Menelau Júnior é professor