Do ponto de vista da economia, se o governo Temer adiar o envio da reforma da Previdência ao Congresso depois de ter dito tantas vezes que a proposta estava pronta, enviará um sinal negativo aos investidores e ao empresariado.
É fato que enviar agora, a cinco dias do primeiro turno das eleições municipais, é irrelevante em termos de tramitação. Obviamente, vai gerar desgaste para candidatos mais identificados com o governo Temer.
Na avaliação do Palácio do Planalto e de caciques do PMDB, a candidatura de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo perdeu força porque os adversários da senadora conseguiram ligá-la a projetos de reforma da governo, sobretudo às mudanças na Previdência e à Proposta de Emenda de Constitucional que cria um teto para limitar o crescimento das despesas públicas.
Pesou ainda a descaracterização de Marta como política de esquerda. Ela, que deixou o PT pelo PMDB, chegou a dizer que nunca se colocou nesse campo ideológico, apesar de toda uma carreira turbinada por bandeiras de esquerda.
Portanto, tem tido efeito contra candidatos mais ligados ao governo o bombardeio à reforma da Previdência e à PEC do Teto. Há uma avaliação no PMDB de que a candidatura de Pedro Paulo também sofre no Rio por essa razão, entre outras.
Politicamente, Temer terá de tomar uma decisão difícil. Ceder e não enviar a reforma da Previdência já sinalizará na largada que haverá dificuldade maior do que a vendida pelo governo para aprovar suas propostas no Congresso.
Enviar a reforma da Previdência poderá ser a pá de cal na chance de Marta ir ao segundo turno em São Paulo, viabilizando na segunda fase um duelo entre João Doria, do PSDB, e Celso Russomano, do PRB.
Apesar de Fernando Haddad ter crescido nas pesquisas por bater mais duro em Marta, associando-a a Temer, as chances do petista passar à segunda fase ainda são improváveis, salvo uma reviravolta de última hora.