Por Menelau Júnior
Sei que o título desta coluna não é agradável àquelas que sonham com a maternidade. Entretanto, a constatação não é minha, mas da Síntese de Indicadores Sociais, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): apenas uma em cada dez mulheres brasileiras entre 15 anos e 29 anos com pelo menos um filho continua estudando – e se você está entre elas, parabéns duplamente! . 41,8% delas ainda conseguiram concluir o ensino médio, mas não avançaram nos estudos, e 48,2% abandonaram a escola sem terminar a educação básica. Só para se ter uma ideia de como um filho atrapalha a vida escolar das mulheres, das que não têm crianças apenas 11,2% abandonaram a escola sem concluir o ensino médio.
Quando a gravidez ocorre na adolescência, o drama é igualmente perturbador: entre mulheres de 15 anos a 17 anos, apenas 28,4% continuam a estudar quando têm filho. Entre as sem filhos, a proporção chega a 88,4%.
É preciso lembrar que, nas universidades, o número de mulheres matriculadas já supera o dos homens. Os números do abandono entre as que têm filho ficam ainda mais claros diante deste fato. Ou seja, ter filho em idade de estudos – entre 15 e 29 anos – é um péssimo negócio para as mulheres que pretendem investir nos estudos e na carreira.
Outros números do IBGE confirmam a tese. No Sudeste, onde a população tem os melhores índices educacionais, verifica-se a menor taxa de filhos por casal. E pela primeira vez na história o Brasil registrou taxa de menos de 2 filhos (1,9) por casal. As mulheres, como se vê pelos números, estão adiando ao máximo a maternidade em nome da realização profissional e do aperfeiçoamento nos estudos.
Paradoxalmente, continua grande o número de adolescentes grávidas, principalmente nas camadas mais pobres da população. Além dos problemas econômicos que essa parcela já enfrenta, outro se atrela: a falta de perspectivas em função do abandono escolar. E sem escola não há mudanças sociais. Em outras palavras, como num ciclo vicioso, as mais pobres têm mais filhos, abandonam a escola e, por isso, vão continuar pobres. Bolsa família não muda a situação social efetiva de ninguém, a não ser na cabecinha oca dos petistas que mamam na Petrobras.
É, portanto, imperativo que sejam pensadas políticas de educação sexual nas escolas. O assunto precisa ser debatido com urgência pelo governo, pelas escolas e pela sociedade civil. A mesma sociedade que exalta a maternidade condena as mulheres que optam por filhos mais cedo. No mundo moderno, ter filhos continua sendo maravilhoso. Mas só depois dos estudos e do sucesso profissional.
Menelau Júnior é professor de português