Uma pesquisa realizada em todas as capitais pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal de educação financeira ‘Meu Bolso Feliz’ mostra que dois em cada dez consumidores (20%) brasileiros já contrataram serviços de empresas que prometem ‘limpar o nome’ no mercado de crédito.
De acordo com a experiência das pessoas ouvidas, em 65% dos casos as empresas não cumpriram o prometido e o consumidor saiu lesado. Exemplo disso, é que considerando as pessoas que contrataram, mas que não tiveram o CPF retirado da base de negativados, apenas 28% receberam integralmente o dinheiro investido de volta e 37% alegam que não receberam nada.
Mais da metade dos consumidores que passaram por essa situação (53%) acredita que não valeu a pena contratar o serviço, pois teria saído mais barato negociar diretamente com o credor. Em média, cada consumidor gastou R$ 1.490,00 na contratação deste auxilio, tendo ainda de arcar com o valor corrigido da dívida adquirida com o banco ou estabelecimento comercial.
Alerta contra golpes
A internet (29%) é o meio em que os consumidores mais tomam conhecimento sobre a oferta de serviços que vendem facilidades para limpar o nome, juntamente com os anúncios de jornais (29%).
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o consumidor que estiver inadimplente e quiser regularizar a sua situação não precisa, necessariamente, contratar uma empresa privada para iniciar uma negociação. “O meio mais eficaz para sair dos cadastros de proteção ao crédito ainda é procurar diretamente o credor e propor a negociação da dívida, evitando os intermediários e despesas adicionais, com o pagamento de taxas. Para esclarecimentos e consultas pode buscar informações nos balcões de atendimento que o SPC tem espalhados por diversas cidades do Brasil.”, orienta.
O educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli, explica que é preciso pensar bem antes de contratar uma empresa para limpar o nome, pois na maioria das vezes, o problema não é solucionado, como demonstra o estudo. Além disso, os custos envolvidos são consideráveis, e nem sempre é possível receber o dinheiro de volta nos casos em que a empresa não obtém êxito na tarefa de limpar o nome do consumidor.
“Existem ainda golpistas que se oferecem como intermediários na renegociação de pendências financeiras, cobrando taxas e valores elevados, mas muitas vezes acabam por não fazer a quitação do débito e a remoção do banco de dados. Em diversas situações, essas empresas nem têm endereço físico e o consumidor lesado nada pode fazer para se recuperar do prejuízo”, explica o educador.
A economista Marcela Kawauti alerta que sempre que o consumidor ver algum anúncio de empresas que prometem limpar o nome sem o pagamento de dívida, inevitavelmente trata-se de golpe. “Não há impeditivo para que as empresas atuem como intermediárias numa negociação, mas em todos os casos deve haver a quitação do valor devido, mesmo que o credor ofereça um desconto. Não há como sair de uma dívida sem o seu pagamento”, diz a economista.