Folha de S.Paulo
Com a chegada do verão, o clima é de insegurança nas praias pernambucanas. O litoral com mais registros de ataques de tubarão do Brasil está há dois anos sem o monitoramento desses animais. Além disso, há postos de salva-vidas abandonados.
O convênio entre a UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) e a Secretaria de Defesa Social do Estado para a manutenção do projeto Protuba foi encerrado em dezembro de 2014. Durante dez anos, ele conseguiu capturar mais de 450 tubarões. Eles eram marcados com chips e soltos em alto mar.
Em 2015, depois do fim do projeto, foram registrados dois ataques, em Olinda e Fernando de Noronha. Ao todo, desde 1992, o Estado soma 62 incidentes e 23 mortes.
“O TCE-PE vetou o convênio devido ao alto custo para o Estado [foram gastos R$ 800 mil em 2014]”, justificou na época o coronel Clóvis Ramalho, presidente do Cemit (Comitê de Monitoramento de Incidentes com Tubarões).
Em setembro, um novo projeto foi selecionado por licitação, mas sequer saiu do papel. Ele prevê a instalação de um protótipo com câmeras. “Se o banhista atravessar a faixa de segurança, estabelecida pelos arrecifes, o equipamento alerta os postos de guarda-vidas”, diz Valmir Macário Filho, professor da UFRPE.
O pesquisador diz aguardar o investimento inicial de R$ 31 mil. Segundo ele, a expectativa é que a verba saia em janeiro e o monitoramento comece no fim de 2017.
Os postos de salva-vidas, contudo, não têm infraestrutura nem para ocorrências menos graves. A Folha constatou o abandono nos seis pontos com estruturas elevadas instalados na praia de Boa Viagem, cartão postal do Recife.
Os postos 4 e 7 servem de abrigo para moradores de rua. No posto 6, havia apenas um bombeiro. Nos postos 8 e 10, uma dupla trabalha embaixo de um guarda-sol.
Eles foram inaugurados em 2013, pelo então governador Eduardo Campos (PSB). O projeto Orla Segura, com verba de R$ 4 milhões, previa a segurança das praias da capital.