O uso da tecnologia biométrica vem se consolidando mundialmente nos últimos anos. Estudo realizado pela consultoria norte-americana Tractica revela que o reconhecimento e autenticação de impressões digitais, íris e voz está sendo implantado em vários países e em diferentes segmentos – desde sistemas de acesso da população pouco escolarizada a benefícios governamentais até o acesso restrito a áreas estratégicas dentro de uma empresa ou governo. A expectativa é que esse mercado atinja US$ 15,1 bilhões em 2025, com receita acumulada de US$ 69,8 bilhões em dez anos. Em 2016, era de apenas US$ 2,4 bilhões.
Ainda de acordo com o estudo, alguns usos serão especialmente beneficiados pela biometria na próxima década: finanças, dispositivos de consumo, saúde, governo, empresas, defesa, educação, aplicação da lei e organizações não-governamentais. As pessoas vão se familiarizar com autenticação biométrica nos caixas eletrônicos e, inclusive, nos dispositivos móveis – principalmente nos smartphones. Também vão se acostumar a verificações de autenticidade em ambientes virtuais de sistemas governamentais, transações em pontos de venda, acesso a áreas restritas de distribuição de medicamentos e muito mais.
Na opinião de Kerry Reid, vice-presidente global de vendas da HID Biometrics – empresa líder em tecnologia de impressão digital de imagem multiespectral – o estudo norte-americano já vem sendo percebido na prática. “Enquanto estamos avançando muito no setor financeiro da América Latina – em que os países são ainda bastante suscetíveis a fraudes e muitos contam com importantes programas de inclusão social e financeira – nos demais continentes o uso da biometria tem outras funções. É o caso do aeroporto norte-americano de Baltimore-Washington, em que nossos leitores de impressão digital controlam inclusive o acesso à pista através de unidades implantadas ao ar livre. Ou ainda a experiência asiática, em que parques temáticos associam o uso da biometria com tecnologia RFID para que as crianças não se percam enquanto brincam e possam ser rapidamente localizadas por seus pais. Somente em um dos parques, o Chime Long Guagnzhou, os sensores biométricos são acionados mais de quatro milhões de vezes ao ano.”
O caso do Senegal também é destacado por Reid. Sensores de impressão digital foram implantados aos pares em estações fixadas em embaixadas, consulados e postos de fronteira. Essas estações devem integrar soluções de biometria, registro biográfico e fotográfico, além de assinatura digital. São ergonômicas, fáceis de manter, e devem produzir 300 mil vistos por ano naquele país africano. Além da identificação biométrica, o turista também poderá contar com uma solução de pagamento online. Assim, o processo será totalmente facilitado.
Na Oceania, sensores de impressão digital auxiliam um projeto que atende a população de Papua Nova Guiné com médicos ocidentais, enfermeiros, laboratório, farmácia, e exames de raio-X. Com a tecnologia de imagem multiespectral, a missão pode identificar corretamente todo paciente em tratamento, mesmo que seus dedos estejam desgastados ou machucados – como é comum naquela região. Numa cultura com centenas de tribos indígenas com diferentes idiomas – e onde as pessoas não costumam ter qualquer documento de identidade, já que muitos não sabem ler – a biometria é o recurso mais apropriado para garantir uma identificação rápida, simples e confiável.
O Brasil ocupa um lugar de destaque no uso da biometria na América Latina. “O mercado brasileiro de caixas eletrônicos é o terceiro maior do mundo, ficando apenas atrás dos Estados Unidos e do Japão. Trata-se de um importante exemplo para os demais países do continente. Hoje, mais da metade dos terminais bancários brasileiros contam com sensores de leitura biométrica, mas ainda há muito que expandir, na medida em que a população está se familiarizando cada vez mais com os sensores biométricos em muitos outros setores. Também é admirável que seja o primeiro país da América Latina a fazer o cadastramento biométrico nos cartórios eleitorais – o que demonstra seu pioneirismo e abertura para adotar essa importante ferramenta de gerenciamento de acesso e identidade”, analisa Reid – argumentando que o uso da tecnologia biométrica no Brasil ainda tem que expandir para muitos outros segmentos da economia.