“Temer errou ao subestimar manifestações”, diz governo

Da Folha de São Paulo

O presidente Michel Temer errou ao subestimar os protestos contra ele e seu governo durante entrevista na China, quando disse que as manifestações no Brasil eram coisa de um grupo de 40, 50, 100 pessoas. Na avaliação de sua equipe, Temer escorregou e transmitiu um sentimento de soberba, fugindo à sua característica de não menosprezar adversários mesmo em situações de conflito.

Ao dar as declarações durante sua passagem pela China, Temer até procurou dizer que seu governo não é contra manifestações nas ruas, mesmo as que têm sua administração como alvo. Criticou a ação de “baderneiros”, mas acabou escorregando ao dizer que os protestos estavam sendo feitos por uma minoria de 40, 50, 100 pessoas.

O escorregão do presidente é atribuído a avaliações apressadas feitas pelos aliados que integram sua comitiva no giro chinês, quando participou da reunião do G-20 (grupo das maiores economias do mundo).

Uma tentativa de conserto da falha já foi ensaiada ainda na China. Temer voltou ao Brasil sem dar novas entrevistas sobre o tema, mas seu ministro Henrique Meirelles (Fazenda) buscou contextualizar a fala do chefe. Meirelles reconheceu o “número bastante substancial de pessoas” nas ruas, mas disse que “já tivemos manifestações muito maiores”.

Segundo assessores de Temer, esta era sua intenção. Dizer que as manifestações que estavam ocorrendo logo após o impeachment não estavam reunindo grande grupo de pessoas nas ruas, diante de outros protestos realizados no país recentemente.

O resultado, segundo avaliação do Palácio do Planalto, é que a fala de Temer acabou servindo como estímulo para os manifestantes irem às ruas neste domingo (04), principalmente em São Paulo e no Rio.

Pro-Dilma: militantes protestam contra o impeachment

PRO

Militantes foram às ruas neste domingo 31 em protesto contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e pela saída do presidente interino, Michel Temer. Há protestos ocorrendo em várias cidades do País e até no exterior, como Berlim, na Alemanha, e Lisboa, em Portugal.

Os protestos também são contra a retirada de direitos trabalhistas pelo governo interino, contra mudanças na Previdência e em defesa de um plebiscito sobre novas eleições.

Em São Paulo, a concentração maior é no Largo da Batata, em ato organizado pela Frente Povo Sem Medo.

A Avenida Paulista, por outro lado, que seria palco de ato pró-impeachment e em defesa da Lava Jato, ainda estava “lotada de ciclistas e policiais” no início da tarde, como registrou o Mídia Ninja. Depois os manifestantes começaram a chegar. Protestos estão ocorrendo em pelo menos dez Estados.

Dilma agradece manifestações de apoio de artistas

cannes

A presidente afastada Dilma Rousseff usou as redes sociais para agradecer as manifestações de apoio que recebeu de um grupo de artistas no Festival de Cannes. “Obrigada pelo apoio!”, escreveu.

Dilma agradeceu nominalmente o diretor filme brasileiro Aquarius, Kleber Mendonça Filho, e as atrizes Sônia Braga e Maeve Jinkings. “Obrigada, Kleber Mendonça Filho (@kmendoncafilho), Sonia Braga (@bragasonia) e Maeve Jinkings – o talento do Brasil em Cannes”, escreveu.

“Ao elenco extraordinário do filme #Aquarius um beijo em nome da democracia. #Cannes2016”, tuitou a presidente afastada.

Tapete vermelho

No tapete vermelho, os artistas levaram cartazes em inglês e francês afirmando que “um golpe aconteceu no Brasil”. Desde a segunda-feira, 16, vários artistas brasileiros que participam do principal festival mundial do cinema fazem críticas abertas ao afastamento da presidente Dilma Rousseff e ainda ao fim do Ministério da Cultura, que foi incorporado ao da Educação.

O cineasta Kleber Mendonça Filho, de “Aquarius”, único representante do País na seleção oficial de longas de Cannes, classificou como “golpe de estado” o afastamento de Dilma. Já a atriz Sônia Braga, que atua no longa, afirmou que há a “manipulação da tomada do poder” no País precisa ser exposta o mundo e ainda pregou o fim da divisão no Brasil.

Manifestantes pró e contra governo ganham as ruas

Por ANDERSON BANDEIRA
Da Folha de Pernambuco

No momento em que o tensionamento entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional começa a ficar cada vez mais acirrado e o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) volta a ser um tema recorrente nos círculos políticos e conversas de populares, duas mobilizações prometem agitar agosto.

A primeira será realizada no próximo dia 16, em todo o Brasil, e tem um tom contrário ao governo da petista e está sendo organizada pelo movimento Vem Pra Rua. O grupo tem usado as redes sociais para divulgar a ação e aposta na participação maciça da população. Na pauta, o pedido do fim do governo petista e o repúdio ao projeto de ajuste fiscal elaborado pelo governo.

“É o Brasil inteiro e unido, contra o abuso do PT. Ninguém vai ficar de fora, todos estão convocados para irem para a rua!”, conclamam os militantes do movimento num post no Facebook. Até a última sexta-feira mais de 100 mil pessoas em todo País haviam confirmado presença no ato através da rede social.

O Movimento Brasil Livre (MBL) também encabeçará as manifestações contra o Governo Federal nas principais capitais do País. Em Pernambuco, a mobilização acontecerá na Avenida Boa Viagem, na zona Sul da cidade, a partir das 9h30. Essa é a terceira vez que a manifestação acontecerá na capital pernambucana, desde que a presidente Dilma foi reconduzida ao Palácio da Alvorada, em 2014.

“A pauta é fora corruptos, fora Dilma. O sentimento é muito positivo. As pessoas têm se envolvido cada vez mais e isso já dá um indicativo de que a mobilização vai ser muito boa”, avaliou Gustavo Gesteira, representante do movimento Vem Pra Rua em Pernambuco. Tentando capitalizar votos da população contrária ao governo petista, o PSDB também vem conclamando a população para ir as ruas. Diferentemente das primeiras mobilizações quando pediram o impeachment da chefe do Executivo federal, o mote dos tucanos, desta vez, será defender a renúncia de Dilma e a imediata convocação de novas eleições.

Já no dia 20 de agosto, será a vez dos movimentos (sociais e populares) simpáticos ao Governo Federal irem às ruas, em defesa da gestão petista. Entre as organizações que já confirmaram participação estão o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União dos Estudantes do Brasil (UNE). A ideia, segundo os movimentos pró-governo, é dar uma resposta aos protestos do dia 16. Mas apesar de defender a gestão de Dilma, as críticas ao ajuste fiscal terão espaço na pauta da mobilização.

A mobilização ocorrerá na proximidades do parque 13 de maio, área central do Recife. A expectativa é de que a concentração aconteça a partir das 15h para, em seguida, percorrer as principais ruas do centro da cidade. Diversas caravanas do interior e cidades da Região Metropolitana do Recife são esperadas, assim como ocorreu no início do ano, quando outra mobilização deste tipo foi realizada.

Marina Silva diz que está pagando o preço por não apoiar o impeachment

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Ex-senadora afirma que não vai “instrumentalizar a crise” para tentar ampliar desgaste de Dilma (Foto: ABr)

Por BERNARDO MELLO FRANCO
Da Folha de S. Paulo

A duas semanas das novas manifestações contra o governo, Marina Silva afirma que está disposta a pagar o preço por não defender o impeachment de Dilma Rousseff.

Ela prega “responsabilidade” com a democracia e diz que não vai “instrumentalizar a crise” para tentar ampliar o desgaste da presidente.

Sem citar o PSDB de Aécio Neves, que convocará eleitores para os protestos do dia 16, a ex-senadora sustenta que os políticos devem “respeitar a sociedade” e evitar o “oportunismo”. “O momento é de escutar. Ouvir e compreender, olhar e perceber”, rimou.

Marina recebeu a Folha na última quarta (29), em São Paulo. Segurava seu programa de governo da campanha de 2014, em cópia xerocada e cheia de anotações a lápis.

Ela manifestou incômodo com as críticas de que estaria muito calada diante da crise. “Estou trabalhando muito. Não estou sumida não, viu?”

*

Folha – A senhora consegue ver uma saída para a crise?

Marina Silva – A contração da economia vai se estender por um período que ainda não sabemos qual é. Se o país perder o grau de investimento, a situação vai se agravar.

Neste momento, é preciso ter muita responsabilidade. Já tivemos perdas em relação às conquistas econômicas. Agora estamos tendo perdas em relação às conquistas sociais, com inflação e desemprego. Uma coisa que não podemos perder é a nossa confiança na democracia.

Não podemos, em hipótese alguma, colocar em xeque o investimento que fizemos na democracia. Você não troca de presidente por discordar dele ou por não estar satisfeito. Se há materialidade dos fatos, não há por que tergiversar. Se não há, o caminho doloroso de respeito à democracia tem que prevalecer.

As manifestações do dia 16 devem pedir o impeachment de Dilma. Qual a sua opinião?

A sociedade tem todo o direito de se manifestar, porque foi enganada quando negaram os problemas e não fizeram o que era preciso.

Mas esse protesto não pode antecipar o que a Justiça ainda não concluiu. Uma coisa é o que a sociedade pauta, outra é o que as lideranças políticas têm que ponderar.

Alguns políticos estão tentando instrumentalizar a crise, em vez de resolvê-la. Na democracia, não se resolve a crise passando por cima do processo constitucional.

Isso tem um custo? Claro. Mas a liderança política não tem apenas que repetir o que se quer ouvir. Às vezes, ela tem que pagar um preço. Não podemos deixar de considerar o valor da democracia, até pelos traumas que passamos.

A sra. é cobrada por não defender o impeachment?

O presidente Fernando Henrique tem uma postura ponderada e paga um preço por isso. Eu tenho e pago o meu. Não estou fazendo isso porque quero agradar A ou B. É porque acho que é o certo. É muito fácil pensar que existe uma saída mirabolante.

Dilma tem responsabilidade pelo escândalo da Petrobras?

Ela foi ministra de Minas e Energia, chefe da Casa Civil e presidente do conselho da Petrobras. Eu não seria leviana de dizer, sem provas, que ela tem responsabilidade direta. Sinceramente, torço para que não. Ela tem responsabilidades políticas e administrativas. Não há como ser isentada politicamente.

Mas a legislação brasileira diz que é preciso ter envolvimento direto para o impeachment. Não podemos ter uma atitude leviana com isso.

A presidente voltou a falar em diálogo. A sra. aceitaria um convite para conversar?

Agora que estamos com o leite derramado, as pessoas se dispõem ao diálogo…

O caminho do diálogo é sempre bem-vindo, desde que se saiba em que direção. Na direção de mais do mesmo, não há o que conversar.

Torço para que a presidente e sua equipe reconheçam a gravidade dos problemas e os erros que foram cometidos. Reconhecer isso é a base para encontrarmos uma solução.

Qual a saída possível?

Temos que seguir dois trilhos. Um é o das investigações, com autonomia para o Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça. O outro trilho é o dos rumos da nação.

Talvez seja o momento de um pacto em torno de uma agenda comum aos interesses do país. Qualquer governo deveria ter apoio para medidas estruturantes. Eu não posso ser a favor do desenvolvimento sustentável e votar contra ele porque quem está propondo é a Dilma ou o Aécio. Isso seria incoerente.

Quais são os erros que o governo precisa reconhecer?

Em 2008, todo o mundo decidiu fazer o dever de casa. O Brasil simplesmente negou a crise. Negou o princípio da realidade. Tomamos medidas inicialmente acertadas, de estímulo ao mercado interno, mas em algum momento a corda iria quebrar.

O governo criou a expectativa de que o país poderia continuar crescendo 7% ao ano, como em 2010.

Se a sra. fosse eleita, não faria um ajuste igual ao de Dilma?

A dose não seria de morfina, como a que está sendo dada agora. Com mais credibilidade, com certeza se criaria um ciclo virtuoso de investimento e mobilização dos setores produtivos. O remédio seria menos amargo.

Eduardo Cunha pode continuar à frente da Câmara?

Nenhum de nós está acima da lei, por mais que tenhamos cargos importantes no Congresso. Uma vez denunciado, é óbvio que ele deve ser afastado, sem que isso seja um pré-julgamento. Mas a função que ele ocupa pode criar impedimentos ao andamento das investigações.

Alguns eleitores reclamam que a sra. anda distante do noticiário. A Marina sumiu?

Em 2010, as pessoas me faziam a mesma pergunta. Esse não é o momento de ficar gesticulando, tagarelando. É o momento do gesto.

Não estou aqui para instrumentalizar a crise. Nunca parei de trabalhar. Continuo na militância socioambiental e sou professora associada da Fundação Dom Cabral.

Pretende se candidatar a presidente de novo em 2018?

Ainda não sei. Estou ajudando a criar a Rede [seu novo partido, ainda não registrado]. Quero fazer as coisas sem estar presa ao que pode ser eleitoralmente melhor.

A gente está no fundo do poço porque a preocupação é maior com as eleições do que com o futuro da nação.

Dallagnol: MPF não apoiará protestos por impeachment

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Do Brasil 247

O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal, afirmou que não pretende apoiar ou se envolver com as manifestações contra a presidente Dilma Rousseff, marcadas para o dia 16 de agosto.

“Elas estão com uma característica de manifestação por impeachment, e a gente não acredita que o fim da corrupção endêmica vai ser pela mudança de um governante”, afirmou Dallagnol. “Nossa atuação não é política. Não vamos nos vincular a isso, por um risco de má interpretação de nossa postura e de nossa atuação”, acrescentou, em reportagem da revista Época, neste sábado, 1º.

O procurador fala sobre o projeto de lei de iniciativa popular com penas mais duras para quem pratica corrupção. A proposta pretende colher 1,5 milhão de assinaturas. “Quem pratica corrupção, faz uma análise de custo e benefício. Nos custos, a pessoa analisa o tamanho e a probabilidade de punição. A corrupção é um crime racional”, afirmou.

No dia do lançamento do vídeo no Youtube em que pede apoio ao projeto contra a corrupção, Dallagnol deu uma palestra num seminário teológico da Igreja Batista, no Rio de Janeiro. Criticado por fazer analogias da Bíblia para defender o combate à corrupção, o procurador admitiu sua crença, mas disse que sua atuação profissional é regida pelo laicismo.

“Quando converso com pessoas que têm a mesma fé que eu, tenho a liberdade de me expressar pelo ponto de vista desta fé. Mas meu trabalho como procurador é guiado pela lei e pela Constituição, de modo laico”, se defendeu.

Humberto pede arquivamento de projeto que criminaliza manifestações

O líder do PT no Senado, Humberto Costa, defendeu hoje o arquivamento do projeto de lei nº 508, de 2013, que impõe regras para manifestações públicas. Segundo o senador, a proposta “fere direitos individuais e é um risco para o exercício de direitos coletivos”. A matéria deve ser apreciada nesta quarta-feira (20) na Comissão de Constituição e Justiça da Casa.

“Os bons doutrinadores do direito ensinam que toda e qualquer tentativa legislativa de criminalizar movimentos sociais e protestos, ou de conceber tratamento mais duro para os que deles tomem parte, deve ser veementemente rechaçada”, afirmou o parlamentar. Entidades expressivas da sociedade civil, como a Anistia Internacional e o Greenpeace, também já se manifestaram contra o projeto.

A proposta aumenta, por exemplo, as penas de pessoas mascaradas em casos de dano ao patrimônio. “Uma pessoa mascarada numa festa de Carnaval deve, automaticamente, ter sua pena aumentada por isso, se for denunciada em razão de uma confusão que resultou em prejuízo ao patrimônio do clube onde ocorria a festa?”, questionou o petista. “Não pode uma lei querer qualificar criminalmente o exercício de uma condição absolutamente inerente à democracia, que é a participação em manifestações”, completou.

Segundo o parlamentar, o projeto que tenta associar diretamente o crime de vandalismo às manifestações “é um imenso risco à democracia”.  “A pretexto de punirmos os atos criminosos de alguns indivíduos, não podemos aceitar investir contra os direitos e as garantias fundamentais”, defendeu.

Sindicato dos Policiais Federais promove ato público

O Sindicato dos Policiais Federais de Pernambuco realiza hoje, a partir das 14h, um ato público na sede da Superintendência da PF, no bairro do Recife. Com panfletagem, a ação visa sensibilizar o governo federal para a reestruturação salarial e de carreira da categoria. Segundo o presidente do sindicato, Marcelo Pires, não há reajuste salarial desde fevereiro de 2009.

Os policiais federais reivindicam imediata correção das distorções salariais da categoria, com reconhecimento do nível superior e consequente definição das atribuições de alto grau de complexidade e responsabilidade próprias das carreiras típicas de Estado, conforme enquadramento dos EPAs (escrivães, papiloscopistas e agentes de Polícia Federal).