O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pode ter dado um tiro no próprio pé aomanobrar, na última quinta-feira (19), para tentar impedir o avanço do processo de cassação que enfrenta no Conselho de Ética. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, partidos de oposição que antes apoiavam Cunha, na intenção de que ele iniciasse processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, agora preparam ofensiva no Supremo Tribunal Federal (STF) para tirá-lo do comando da Casa.
A mobilização começou com o PPS já na quinta-feira, que reagiu à postura de Cunha durante a convocação, em conluio de Cunha com o segundo-secretário da Câmara, Felipe Bornier (PSD-RJ), de ordem do dia em plenário para inviabilizar a reunião do Conselho de Ética, que analisaria o parecer de Fausto Pinato (PRB-SP) pela admissibilidade da representação contra o peemedebista. Na próxima terça-feira (24), o partido vai encaminhar ao STF um mandado de segurança acusando Cunha de se valer das prerrogativas do cargo para protelar o curso do processo. Trata-se da primeira que um partido oposicionista de peso anuncia medida formal contra o deputado na Justiça.
Parlamentares como a deputada Eliziane Gama (Rede-MA), que deixou o PPS há menos de dois meses, têm batido de frente com Cunha há meses no sentido de que ele se afaste do posto para se defender da denúncia que enfrenta no STF, sob acusação de envolvimento no esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato na Petrobras. “É latente a falta de isenção do presidente da Câmara. É incompatível com a ética e a moral a manutenção do exercício da Presidência pelo deputado Eduardo Cunha enquanto na condição de representado do Conselho de Ética da Câmara”, afirma Eliziane, no texto que levará à Procuradoria-Geral da República (PGR), também na terça-feira, para pedir o afastamento de Cunha.
Segundo o Estadão, a iniciativa do PPS pode ser reforçada por PSDB e DEM na próxima semana, em decisão a ser tomada em reunião entre as duas legendas. A tendência, diz a reportagem, é que os dois partidos apoiem o mandado de segurança. Vice-líder do PSDB na Câmara, Danilo Coelho (PE) concorda com Eliziane a respeito do uso que Cunha tem feito do cargo para se blindar diante dos processos. “Até então, havia uma tese de que ele poderia usar o cargo para obstruir as investigações. Na quinta-feira, ele materializou a tese”, disse o tucano