O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse na segunda-feira (20) que as autoridades federais aguardam o retorno da comissão interministerial que viajou hoje a Roraima para tomar mais medidas no esforço de conter a tensão entre brasileiros e imigrantes venezuelanos na região. Após participar de reunião entre o presidente Michel Temer e representantes de diversas áreas, ele voltou a criticar a tentativa do governo de Roraima de limitar a entrada de venezuelanos em território brasileiro.
“Vamos aguardar o retorno da comissão interministerial que foi enviada a Roraima para que o governo possa tomar novas decisões a respeito desse assunto. O governo já investiu cerca de R$ 200 milhões nessa situação. Temos pontos de acolhimento, intensificamos as ações sociais, de segurança no estado. Todavia, esse conflito nos preocupa, como não poderia deixar de ser”, disse.
Segundo Marun, o assunto é tratado como prioridade no Palácio do Planalto. De acordo com ele, novas reuniões podem ocorrer “a qualquer momento”. Não mencionou datas.
Na reunião, da tarde de hoje, no Planalto, foi anunciada a liberação da licença ambiental para o início das obras do Linhão de Tucuruí, que vai interligar o estado de Roraima com o sistema elétrico nacional. Neste fim de semana, cerca de 1,2 mil venezuelanos voltaram ao país após o ataque a abrigos dos imigrantes por brasileiros em Pacaraima, cidade fronteiriça.
Suspensão temporária
Na reunião, que contou com a presença de ministros e técnicos das áreas econômica e social, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), sugeriu ao presidente Temer como alternativa a suspensão temporária da autorização de entrada dos venezuelanos via fronteira brasileira no estado. “[O estado de Roraima está] sobrecarregado e não tem mais condições de acolher [os imigrantes].”
“Eu pedi ao presidente a suspensão provisória do ingresso de venezuelanos na fronteira de Roraima, especificamente em Pacaraima por conta dos conflitos e problemas que estão tendo, para que nem a população de Roraima seja prejudicada nem os próprios venezuelanos, cuidando da segurança de ambos”, disse. “Não estamos fechando fronteira”, disse Jucá.
De acordo com o líder, Temer solicitou um “estudo técnico operacional” para avaliar a sugestão.
Para o ministro Marun, há “grandes dificuldades” em implementar essa solução, devido aos acordos internacionais assinados pelo Brasil e à tradição brasileira de acolher os refugiados. “Não é uma situação fácil para Roraima”.
Questionado sobre o novo pedido da governadora de Roraima, Suely Campos (PP), de fechar temporariamente a fronteira para os venezuelanos, Marun disse que é preciso ter mais compreensão.
“Estamos vivendo um momento em que as questões assumem uma dramaticidade ainda maior. É um momento eleitoral, muitas vezes situações como essa são tentadoras no sentido de ter algum viés político, mas nós vamos seguir conduzindo essa questão com a atenção que ela merece em função da gravidade que tem, mas dentro da legalidade e da racionalidade”, afirmou Marun.
Diario de Pernambuco