Loteiros precisam se adequar à nova lei

Wagner Gil

Uma medida do presidente da República, Jair Bolsonaro, fez com que motoristas de transportes alternativos – principalmente lotações – paralisassem as principais BRs que cortam o Polo de Confecções do Agreste. O fato ocorreu na manhã da última segunda-feira (22), causando quilômetros de congestionamento e fazendo o movimento da Feira da Sulanca despencar na Capital do Agreste.

O principal motivo do protesto foi a publicação da Lei nº 13.855, em 8 de julho deste ano, que altera o Código de Trânsito Brasileiro. De acordo com a nova matéria, a atividade do transporte escolar e do transporte remunerado não autorizado (que inclui as vans e lotações de transporte alternativo) passa a ser uma infração gravíssima. Anteriormente, era média. A lei entra em vigor no dia 8 de outubro, a exatos nove dia de sua promulgação.

O protesto teve início por volta das 7h, na BR-104, nas proximidades de Terra Vermelha, entre Caruaru e Agrestina. A Polícia Rodoviária Federal só conseguiu liberar a estrada cerca de duas horas depois, fato que prejudicou de forma considerável o movimento na Feira da Sulanca de Caruaru. “Muitos compradores não conseguiram chegar. O movimento que não já é bom nessa época, por conta da chuva e do frio, despencou”, lamentou Pedro Moura, presidente da Associação dos Sulanqueiros de Caruaru.

Outro ponto de interdição na BR-104 ocorreu nas proximidades do Terminal Rodoviário de Caruaru e em Toritama. “Isso prejudicou ainda quem vende seus produtos e não pode levá-los. Muita gente não conseguiu chegar com suas mercadorias para vender”, afirmou Pedro Moura. “Praticamente não tivemos clientes após as oito horas quando melhora o movimento”, disse a comerciante Maria Vitória, que atua no setor da Brasilit, na Feira da Sulanca de Caruaru.

Sem muita coordenação, os motoristas só reclamavam da lei, mas poucos estavam regulares ou dispostos a falar com a imprensa. “Realmente é muito difícil essa situação. Às vezes para ser regular é tão caro, que não vale a pena. E muitas vezes não conseguimos regularizar nossa situação”, disse Cícero José, que faz a linha Brejo da Madre de Deus/Caruaru.

Ele reconhece a situação de irregularidade, mas desabafou: “Não tem emprego. Isso é um trabalho para ganhar o pão. O presidente Bolsonaro está tirando nossa feira ao aumentar o valor da infração”, completou o motorista.

Por sua vocação econômica e tornando-se a cada dia um polo mais forte na área de medicina e educação, Caruaru atrai hoje uma média de 1,8 milhão de pessoas de pelo menos 50 cidades interioranas. Em dias de Sulanca, só na feira, a média é de 60 mil a 80 mil pessoas circulando. “Em meses como dezembro e junho há um acréscimo significativo, chegando a dobrar esse público”, revelou Pedro Moura.

Na cidade, as vans e toyotas irregulares costumam fazer paradas em locais estratégicos na tentativa de driblar a fiscalização. As áreas mais frequentes são a Praça Pedro de Souza, em frente ao Supermercado RM Express; a Travessa Martins Júnior (próxima aos Correios); entorno da Belmiro Pereira (nas imediações do Tiro de Guerra); Avenida Rui Barbosa e na 13 de Maio. “Alguns ainda fazem paradas no Parque 18 de Maio. Isso é bastante comum aos sábados e em dias de Feira da Sulanca”, denunciou Pedro Lins, motorista que atua de forma regular e com o adesivo da Destra.

De acordo com o presidente da Destra, coronel Gilmar, a autarquia vem atuando para combater o transporte irregular. Ele lembra que o efetivo atualmente é pequeno, mas será reforçado com os agentes que passaram no concurso e estão concluindo o curso de formação.

Caruaru sedia XII Conferência Municipal de Assistência Social

Na próxima quarta-feira (31), o Conselho Municipal de Assistência Social de Caruaru e a Prefeitura de Caruaru, através da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, realizam a XII Conferência Municipal de Assistência Social. O evento será realizado, das 08h às 17h, no auditório “2”, do Campus I, do Centro Universitário Tabosa de Almeida – ASCES UNITA, e abordará o tema: “Assistência Social: Direito do povo, com financiamento público e participação social”.

O evento é gratuito e está com inscrições abertas através do link https://www.sympla.com.br/xii-conferencia-municipal-de-assistencia-social__591807. A conferência é voltada para usuários da assistência social, assim como os representantes de entidades e trabalhadores do SUAS. É direcionada também para representantes do Judiciário, do Ministério Público e representantes governamentais que atuam nos serviços da assistência social. Universitários de áreas relacionadas com a assistência também podem participar na condição de convidados ou observadores. Será fornecido almoço aos participantes devidamente credenciados.

Serão trabalhados três eixos temáticos na conferência: A Assistência Social como Direito do Povo – Serviços, Programas e Projetos; Financiamento Público – Impactos e Retrocessos nas Políticas Sociais; e Participação Social – Quem Sou Eu no SUAS. “A conferência tem o objetivo de fortalecer o debate e a luta pela manutenção da Política Pública de Assistência Social, garantida pela Constituição Federal como direito e forma de minimizar os impactos da desigualdade social do país, devendo ser compreendida e garantida como política de estado e não de governo”, destacou a secretária executiva de Conselhos Municipais de Caruaru, Elyude Dantas.

Paulo Guedes defende modelo de capitalização da Previdência

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu na sexta-feira (26) a inclusão do modelo de capitalização na reforma da Previdência, que está em tramitação no Congresso Nacional. O ministro participou de um evento na Associação Comercial do Rio de Janeiro, onde foi homenageado com a medalha bicentenária de Visconde de Mauá, concedida a personalidades e autoridades que contribuem para o crescimento do Brasil.

Ao defender a capitalização, o ministro destacou que “ninguém seria deixado para trás” com o modelo, porque a renda de quem não conseguisse contribuir o suficiente para se aposentar com um salário mínimo poderia ser complementada de forma solidária. Guedes demonstrou confiança na aprovação da reforma da Previdência no Congresso Nacional, elogiando o trabalho do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, na condução do trâmite até a aprovação em 1º turno. “O presidente do Senado vai fazer um belo trabalho também. Estou seguro disso”, explicou o ministro, que destacou o acordo entre o Mercosul e a União Europeia e o leilão dos excedentes da cessão onerosa como medidas já encaminhadas que trarão benefícios à economia.

Guedes palestrou durante cerca de uma hora e meia para uma plateia que contava com empresários e presidentes de instituições, como o Sebrae, a Petrobras, o IBGE e o Banco do Brasil. O ministro apresentou um panorama da história econômica do Brasil nas últimas décadas e apontou o crescimento descontrolado de gastos públicos como um problema que não foi enfrentado ao longo dos anos, nem após a redemocratização, quando ele avalia que o Estado deveria ter sido descentralizado.

O presidente do Sebrae, Carlos Melles, e o diretor-superintendente do Sebrae RJ, Antônio Alvarenga, também participaram do encontro. Carlos Melles, ressaltou a importância da homenagem da Associação Comercial do Rio de Janeiro ao ministro e disse que está otimista com a economia no Brasil. “O Sebrae se coloca como um dos grandes parceiros do governo para a retomada da economia”, destacou.

Arena Caruaru prepara festa inédita na cidade

A casa de shows, Arena Caruaru, divulgou esta semana o Arena Fantasy, festa à fantasia que vai mexer com a criatividade dos caruaruenses e moradores das cidades vizinhas. O estilo da festa será realizado pela primeira vez na casa de shows.

“Estamos empolgados com a proposta do Arena Fantasy. Queremos surpreender não só Caruaru, mas todo o Estado com a estrutura, atrações e irreverência dessa festa”, comentou um dos diretores da Arena Caruaru, Luiz Henrique Lima.

O evento está marcado para o dia 26 de outubro, na Arena Caruaru, e terá como atrações o cantor Kevi Jonny, o vaqueiro Mano Walter, a dupla Simone e Simaria e, pela primeira vez na cidade, o funkeiro Jerry Smith.

Os ingressos para o Arena Fantasy podem ser adquiridos na sede da Arena Caruaru, no quiosque localizado no primeiro piso do Shopping Difusora, na Banca de Revistas Terceiro Mundo e no site www.arenacaruaru.net. Os valores variam de R$ 35 a R$ 200, dependendo da área.

Arena Fantasy – Áreas e valores

Pista meia – R$ 35,00
Pista social – R$ 50,00 + 1 kg de alimento não perecível
Pista Inteira – R$ 70,00
Lounge Meia – R$ 70,00
Lounge Social – R$ 90,00 + 1 kg de alimento não perecível
Lounge Inteira – R$ 140,00
Gold – R$ 90,00
Gold Social – R$ 120,00 + 1 kg de alimento não perecível
Gold Inteira – R$ 180,00
Open Bar – R$ 200,00

Líderes da base e da oposição são sabatinados na Caruaru FM

Wagner Gil

O programa Jornal VANGUARDA, que vai ao ar de segunda a sexta-feira pela Caruaru FM, das 7h às 8h, sabatinou, esta semana, os vereadores Bruno Lambreta (PDT), líder do Governo, e Daniel Finizola (PT), que está à frente da bancada de Oposição. As entrevistas ocorreram nos dias 23 e 24 (terça e quarta-feira).

O primeiro a ir ao studio da emissora foi Bruno Lambreta. Ele fez um balanço do seu trabalho no Poder Legislativo e avaliou as ações do governo da prefeita Raquel Lyra (PSDB). Segundo o pedetista, Caruaru avançou de forma significativa no que diz respeito ao setor de educação. “Raquel está trabalhando muito e está conseguindo cumprir a maioria dos seus compromissos de campanha, principalmente os que têm relação à periferia. Mais de 150 ruas foram calçadas, bem como várias escolas e creches reformadas. Outro exemplo de ‘cuidar das pessoas’ está no Monte do Bom Jesus, que foi totalmente requalificado e gerando emprego e renda para os moradores. Hoje, o monte voltou a ser um local turístico e que orgulha Caruaru”, disse.

Ele destacou ainda ações na zona rural e construção de áreas de lazer em todos os cantos da cidade. “Caruaru está sendo transformada de verdade. Quem tem um filho na escola municipal sabe a qualidade da merenda, do material que é entregue. Outra obra sensacional é a Via Parque, que está na sua primeira fase sendo concluída. A segunda etapa já teve os trabalhos iniciados”, afirmou o vereador.

Bruno Lambreta citou ainda a requalificação do Parque 18 de Maio, parceria com os proprietários do terreno da antiga Fundac, para melhorar a Feira da Sulanca, bem como ações na Rua 15 de Novembro. “A Feira da Sulanca já tem um novo ar. A parceria com empresários na área da antiga Fundac beneficou, de forma direta, seis mil vendedores e milhares de compradores. Além disso, foram entregues três baterias sanitárias, melhorias de calçadas, além de obras em andamento nos mercados de Carne e Farinha, e do Prédio Rosa”, recordou.

O pedetista também teceu várias críticas ao Governo do Estado, na pessoa do governador Paulo Câmara (PSB), que tem tratado Caruaru a ‘pão e água’. “Raquel conseguiu fazer o maior festejo junino da história da cidade e essa festa poderia ser ainda melhor e maior se não fosse as drásticas reduções de repasse com o município que vêm acontecendo ano a ano. Ele só destinou R$ 400 mil para a nossa maior festa e que mostra Caruaru para o Brasil e o mundo. O Festival de Inverno de Garanhuns teve aporte de quase R$ 9 milhões. Por que uma verba tão baixa para o maior São João do Brasil?”, questionou.

Bruno Lambreta lembrou que em 2017, no primeiro ano da gestão de Raquel Lyra, o repasse foi R$ 2,5 milhões. Em 2018, Caruaru teve liberados apenas R$ 800 mil pelo Palácio do Campo das Princesas. Essa verba só chegou este ano, no início de junho. Os R$ 400 mil anunciados para o São João 2019 não tem data para chegar aos cofres municipais.

Vale lembrar que o governador tem três deputados na sua base, sendo dois estaduais: Tony Gel (MDB) e José Queiroz (PDT), além do federal Wolney Queiroz (PDT). Também são aliados do governador e fazem parte da sua equipe o ex-vice-prefeito Jorge Gomes (PSB) e a ex-deputada Laura Gomes (PSB), hoje secretária executiva de Desenvolvimento Social.

DANIEL FINIZOLA

O líder da Oposição, Daniel Finizola, fez críticas à gestão de Raquel Lyra, principalmente pelo volume de matérias que chegam à Câmara à beira de um recesso parlamentar. “Acho isso uma falta de respeito com o parlamento. Muitas matérias nós precisaríamos de mais tempo para analisar. Com isso, elas passam como rolo compressor”, disse o petista.

Ele falou também da queda de repasse no São João. “Acho isso errado. Os artistas, a festa não podem ser prejudicados. Mas acho que a prefeita poderia fazer uma articulação melhor”, analisou.

Daniel Finizola também falou sobre política nacional e fez duras críticas ao governo de Jair Bolsonaro. “Declarações preconceituosas não só com o Nordeste, mas com várias classes e categorias. Ele está destruindo a política social criada nos últimos anos e que levou o país a se destacar no cenário nacional”, disse Finizola.

O vereador também falou na eleição do Diretório Municipal do PT. Atualmente são duas chapas, uma delas com o ex-secretário de Participação Social, Leonardo Bulhões, encabeçando. A outra, que não tem o apoio do vereador, traz o ex-presidente da sigla na cidade, Adilson Lira.

Daniel reconheceu a dificuldade que vai surgir nas próximas eleições, quando não haverá mais coligações proporcionais. Ele disse ainda que o partido estuda a possibilidade de ter uma candidatura própria para prefeito, mas que não será a dele. Daniel Finizola vai tentar a reeleição.

Fernando Rodolfo: Votei sem demagogia pela Reforma da Previdência

O deputado federal Fernando Rodoldo (PL) justificou seu voto favorável à Reforma da Previdência, afirmando que apoiou ‘sem demagogia’ e para evitar ‘uma quebradeira’ no sistema nos próximos anos. “Pensei no futuro dos aposentados. Para não chegar daqui a alguns anos e as pessoas não ficarem sem receber. É isso que vai ocorrer se a reforma não passar. Ainda tem o segundo turno e o Senado, mas um grande passo já foi dado”, argumentou.

Ele admitiu que algumas concessões tiveram que ser feitas para criar e melhorar o ambiente político na Câmara dos Deputados, entre os partidos da base e também da oposição. “Entre as concessões, estão o BPC (Beneficio de Prestação Continuada), a aposentadoria rural e a questão dos aposentados. Fernando Rodolfo disse ainda que não acredita em mudança ou inclusão de estados e municípios na proposta já aprovada quando ela chegar ao Senado.

O segundo turno da votação será logo após a volta do recesso e Fernando Rodolfo negou que a votação do segundo turno da reforma esteja atrelado a pagamento de emendas parlamentares. “Existem ritos para serem seguidos entre uma votação e outra. Para esse tema, não houve toma lá da cá”, afirmou.

Ele também disse acreditar que não haverá mais alteração no texto aprovado pelos deputados. “Se houver inclusão de estados e municípios no Senado, o projeto volta para a Câmara. Acredito que não existe ambiente para isso no momento. O texto deve ser aprovado do jeito que sair da Câmara”, analisou.

Fernando Rodolfo fez uma análise do governo de Jair Bolsonaro avaliando de forma positiva os seis primeiros meses do capitão do Exército à frente do Palácio do Planalto. “Na minha opinião, Bolsonaro consegue uma nota oito. Ele tem se esforçado para fazer um bom governo e as mudanças que o país precisa. São mudanças duras e necessárias”, justificou. Indagado sobre as ofensas do presidente aos nordestinos e à minoria, como gays e lésbicas, o parlamentar disse que o presidente errou, mas ações de governo devem mudar o país e gerar empregos.

Em relação ao governo de Paulo Câmara, Fernando Rodolfo foi muito crítico. “Vou ser educado e, para não dizer que sou radical, vou dar nota três”, disse. O deputado criticou ainda a forma de perseguição que o governador tem com a gestão da prefeita Raquel Lyra e criticou o pouco repasse para os festejos juninos. “O que ele ofereceu foi uma esmola. R$ 400 mil que o Governo do Estado anunciou para o São João de Caruaru não paga a alimentação da Polícia Militar. Se eu fosse a prefeita, não teria aceitado”, disparou.

Já em relação ao Governo Municipal, Fernando Rodolfo disse que Raquel consegue ficar entre a nota sete e oito. “Ela teve dificuldades no primeiro ano. Encontrou a casa desorganizada e agora começa a mostrar o seu trabalho. O reconhecimento já é visto nas ruas”, avaliou.

Nossa Avenida celebra Semana da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Em continuidade às comemorações da Semana da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, iniciada nesta quinta-feira (25), em Caruaru, a Prefeitura de Caruaru, através da Secretaria de Políticas para Mulheres, promove no próximo domingo (28), na Avenida Agamenon Magalhães, a Feira Afro-Mulher. O evento contará com Comercialização de produtos da culinária e artesanato afro, além de roda de capoeira com mulheres, desafio de poesia (slam) e um “aulão” de dança latino-americana e caribenha como parte das ações do projeto “Nossa Avenida”, na Agamenon Magalhães.

O evento será realizado em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SDSDH), na Avenida Osvaldo Cruz, paralela da Agamenon, onde são promovidas as atividades do projeto. O aulão de dança vai ser a primeira atração temática do dia, das 08h30 às 09h30. A programação também prevê treinamento funcional, das 09h30 às 10h e desafio funcional com o professor Afonso Layme logo em seguida. A feira afro vai ser realizada durante toda a manhã.

Demais ações do Nossa Avenida

O Nossa Avenida também estará funcionando com jogos de tabuleiro das 15h30 às 17h, oficina de Badminton das 15h30 às 16h30, aulão de dança das 16h às 17h, e para encerrar, um pocket show com a cantora Rosimar Lemos e Rossana Santos em comemoração ao Dia do Abraço, às 16h.

ARTIGO — A quem interessa aumentar a desigualdade?

O Brasil discute uma reforma da previdência que tende a aumentar desigualdades, embora sua propaganda aluda ao combate de privilégios. O país também se prepara para debater uma reforma tributária de modo independente da previdência. Se a redução das desigualdades fosse finalidade das reformas, as mudanças na previdência deveriam ser outras. Em ambas as reformas deveriam ser debatidas conjuntamente.

A reforma da previdência proposta aumenta muito a desigualdade de acesso à aposentadoria. Muitos brasileiros pobres começam a trabalhar muito cedo, mas não conseguem contribuir pelos 20 anos exigidos para obter a aposentadoria parcial, para não falar dos 40 anos para a aposentadoria integral.

Nas regras atuais, a primeira alternativa para aposentadoria é somar um tempo mínimo de contribuição (30 anos para mulheres e 35 para homens) com sua idade para alcançar um período de 86 anos para mulheres e 96 para homens, que aumentará a cada dois anos até chegar à soma 90/100 em 2027. A segunda opção é alcançar a idade mínima de 60 anos para as mulheres e 65 para homens, com pelo menos 15 anos de contribuição. A desvantagem é o desconto do valor da aposentadoria pelo “fator previdenciária” que varia com a idade, o tempo de contribuição e a expectativa de sobrevida.

A proposta atual elimina a primeira opção. Aumenta a idade mínima feminina para 62 anos (com os mesmos 15 anos de contribuição) e mantem 65 anos para homens, mas exige 20 anos de contribuição) e aumenta o desconto da aposentadoria parcial ( entre 20 e 39 anos de contribuição).

O problema é que os cidadãos que só conseguem se aposentar hoje por idade são trabalhadores precários que estão longe de alcançar o tempo de contribuição exigido nas novas regras: 56,6% dos homens e 74,82% das mulheres não alcançam. Em média, os homens só conseguem contribuir 5,1 vezes por ano, e as mulheres 4,7 vezes, segundo estudo de Denise Gentil (UFRJ) e Claudio Puty (UFPA) para a Anfip.

Se precisarem contribuir mais 60 meses, supondo que continuem empregados e consigam contribuir no mesmo ritmo na velhice ( o que é uma proposição absurda), a idade mínima real de aposentadoria parcial seria 74,8 anos para mulheres e 76,8 para homens, na média. Na prática, milhões não chegariam a se aposentar ou, com “sorte”, seriam transferidos para a assistência social, mas suas contribuições não seriam nem devolvidas.

Como são trabalhadores em empregos precários, aumentar seu tempo de contribuição não significa combater privilégios, mas aumentar a desigualdade. Significa retirar recursos de muitos trabalhadores pobres e vulneráveis que não conseguirão se aposentar.

De nada adianta reduzir a alíquota mensal de contribuição para os pobres se a contribuição se alonga por mais 60 meses e, no fim, nem garante a aposentadoria. O incentivo é para que não contribuam, o que coloca em risco até o pagamento das atuais aposentadorias.

O risco ao sistema advém igualmente do fim da contribuição fiscal dos empregadores, como a Cofins e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Com o PIS-Pasep, somam cerca de metade das receitas da Seguridade Social.

A proposta atual retira as contribuições fiscais do financiamento das aposentadorias (mantendo-as na Seguridade). O financiamento tripartite da aposentadoria acabaria, no sentido em que a reforma deixaria apenas o contrato de trabalho formalizado entre o trabalhador e seu empregador como fonte de recursos (através da contribuição previdenciária sobre a folha salarial).

Isto tudo provavelmente já inviabilizaria o sistema, mas para completar o governo Bolsonaro promete reforma tributária que libera o empregador de contribuir para a Previdência com uma percentagem da folha salarial, além de abolir a Confins e a CSLL.

Em um país tão desigual, deixar apenas os trabalhadores e, a depender da reforma tributária, talvez os empresários como responsáveis por um sistema contributivo de aposentadoria é condená-lo, especialmente nas circunstâncias atuais. A crise e o desemprego levaram 6,2 milhões de trabalhadores e milhares de empresas a deixarem de contribuir para o sistema, contraindo as receitas em cerca de R$ 230 bilhões entre 2014 e 2017 em termos reais.

Para completar, o desvio das contribuições sociais da Seguridade Social para o Tesouro aumentou de 20% para 30% em 2016, saltando da média de R$ 63,4 bilhões entre 2013-2015 para nada menos que R$ 113 bilhões em 2017.

Foi a crise econômica que contribuiu para o déficit, e não o contrário. Quando a crise for superada, porém, não é provável que as receitas se recuperem o suficiente caso o emprego do futuro venha sem contribuição empresarial sobre a folha salarial.

Se, como hoje, a solução proposta para a insuficiência de receitas no futuro for elevar de novo a idade mínima, a alíquota média e o tempo de contribuição, qual segurança jurídica terão os trabalhadores para serem incentivados a contribuir para a previdência pública mesmo que tenham empregos estáveis?

Em suma, trabalhadores com emprego e renda precários não terão capacidade de alcançar o tempo de contribuição requerido para se aposentar, enquanto trabalhadores com emprego estável e maior renda não terão incentivos para contribuir para um sistema insustentável.

É por isso que, se o objetivo for realmente combater privilégio e reduzir desigualdades, a proposta deveria, primeiro, explicar em detalhes as projeções atuariais e demográficas que justificam atrasar e até inviabilizar a aposentadoria de milhões de brasileiros pobres.

Segundo, deveria focar no topo do funcionalismo público. Terceiro, a reforma previdenciária deve ser necessariamente complementada pela reforma tributária, mantendo o financiamento tripartite da Previdência, mas combatendo os privilégios na tributação. Afinal, o Brasil parece um paraíso fiscal para detentores de capital e para a elite de profissionais de alta renda.

Ainda é tempo de debater com honestidade como combater privilégios e reduzir desigualdades. Porém, levar adiante a reforma da previdência nos termos atuais tornaria o Brasil um exemplo mundial de como destruir um sistema solidário de previdência e aumentar a desigualdade.

Thomas Piketty é diretor da I´Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sociales (EHESS) e professor da Paris School of Economics (PSE).

Marc Morgan e Amory Gethin são pesquisadores do World Inequality Lab da PSE.

Pedro Paulo Zahluth Bastos é professor do IE-Unicamp e pesquisador do Cecon-Unicamp

Juros do cheque especial subiram para 322,2% ao ano em junho

A taxa de juros do cheque especial subiu 1,3 ponto percentual em junho, comparada a maio, e chegou a 322,2% ao ano. Em 2019, os juros do cheque especial já subiram 9,6 pontos percentuais. Os dados foram divulgados ontem (26) pelo Banco Central.

A taxa média do rotativo subiu 0,3 ponto percentual em relação a maio, chegando a 300,1% ao ano. A taxa média é formada com base nos dados de consumidores adimplentes e inadimplentes.

No caso do correntista adimplente, que paga pelo menos o valor mínimo da fatura do cartão em dia, a taxa chegou a 277,2 % ao ano em junho, recuo de 2,7 pontos percentuais em relação a maio. A taxa cobrada dos clientes que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo da fatura (rotativo não regular) subiu 2,4 pontos percentuais, indo para 316,4% ao ano.

O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.

Em abril de 2018, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito passem a pagar a mesma taxa de juros dos consumidores regulares. Essa regra entrou em vigor em junho deste ano. Mesmo assim, a taxa final cobrada de adimplentes e inadimplentes não será igual porque os bancos podem acrescentar à cobrança os juros pelo atraso e multa.

Na modalidade de parcelamento das compras pelo cartão de crédito, a taxa de 175,6% ao ano em junho, com aumento de 1,5 ponto percentual.

A taxa de juros do crédito pessoal não consignado chegou a 120,3% ao ano em junho, com aumento de 0,2 ponto percentual em relação a maio. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) recuou 0,4 ponto percentual, indo para 22,8% ao ano no mês passado.

A taxa média de juros para pessoa física subiu 0,3 ponto percentual em junho para 53,2% ao ano. A taxa média das empresas ficou em 18,7% ao ano, queda de 0,8 ponto percentual.

Inadimplência
A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas, ficou estável em 4,8%. No caso das pessoas jurídicas, o indicador ficou em 2,6 %, com queda de 0,1 ponto percentual.

Esses dados são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes.

No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito) os juros para as pessoas físicas oscilaram 0,1 ponto percentual para baixo, para 7,7% ao ano. A taxa cobrada das empresas caiu 0,5 ponto percentual para 9,1% ao ano.

A inadimplência das pessoas físicas no crédito direcionado ficou caiu 0,1 ponto percentual para 1,7% e a das empresas recuou 0,4 ponto percentual para 2%.

Saldo dos empréstimos
Em junho, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos ficou em R$ 3,296 trilhões, com expansão de 0,4% em relação a maio, 1,2% no ano e 5,1%, em 12 meses. Esse saldo do crédito correspondeu a 47,2% de tudo o que o país produz – o Produto Interno Bruto (PIB) -, o mesmo percentual registrado em maio.

As regras do cheque especial mudaram no ano passado. Os correntistas que utilizam mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos passaram a receber a oferta de um parcelamento, com taxa de juros menores que a do cheque especial definida pela instituição financeira.

Construção civil registra inflação de 0,91% em julho, diz FGV

O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) registrou inflação de 0,91% em julho, percentual superior ao apurado no mês anterior (0,44%). Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o INCC-M acumula taxas de 2,73% no ano e de 3,95% em 12 meses.

A maior alta de preços foi observada no custo da mão de obra, que ficou 1,63% mais cara em julho. A mão de obra auxiliar teve inflação de 1,74%.

Os serviços ficaram 0,20% mais caros no mês, puxados principalmente pelos aluguéis e taxas (0,34%).

Os materiais e equipamentos tiveram uma taxa mais moderada (0,04%). Se por um lado, o material para pintura ficou 1,63% mais caro, por outro, o material metálico ficou 0,65% mais barato.