Segundo dados divulgados pelo Sebrae em 2019, o Brasil tem a 7ª maior proporção do mundo de mulheres entre os empreendedores iniciais (empreendedores nascentes e novos) – 34% dos empreendimentos nacionais são liderados por mulheres. No entanto, há um desequilíbrio frente à população masculina empreendedora. Segundo o levantamento do Sebrae, a cada 10 empreendedores, 6,5 homens viram “donos de negócio”, enquanto entre as mulheres essa taxa é de 3,9. A proporção de negócios “por necessidade” é maior entre as mulheres: 44% criaram seu próprio negócio por necessidade, em comparação a 32% dos homens.
Da dificuldade à superação
Sirlene Costa, CEO da Dassi Boutique, loja paulistana que conta com duas unidades físicas e um e-commerce, já fez parte dessa porcentagem de empreendedoras por necessidade e hoje tem uma história de sucesso para contar. “Em 2011, eu trabalhava em uma empresa e, paralelamente, revendia junto ao meu companheiro, Danilo, pares de sapatos comprados em Jaú (interior de São Paulo). Precisava complementar renda e essa foi a forma que encontrei”, explica a empresária. “As pessoas se interessavam cada vez mais pelos itens, e então resolvemos abrir uma loja física de 5 m², super pequena, no bairro onde eu morava, na periferia da capital. Porém após um problema familiar tive que optar por vender o nosso comércio, e isso foi um golpe muito duro.”
Sirlene relata que, apesar do problema que enfrentou, decidiu seguir em frente. “Toda vez que alguém ia visitar a loja interessado em comprá-la eu caía em prantos, muito triste por ver meu sonho se esvaindo. Foi então que eu e Danilo decidimos cancelar a venda e seguir com o negócio.” Hoje, a empresa de Sirlene emprega aproximadamente 100 pessoas e fatura em torno de R$ 10 milhões.
Além dos dados acima, outros números levantados pelo Sebrae também dão conta de que as donas de negócio têm maior escolaridade (16% maior), mas ganham, em média, 22% a menos que os homens na mesma posição. Além disso, as mulheres empresárias tomam menos empréstimo e com valor médio igualmente menor, mas pagam taxas de juros maiores, mesmo apresentando uma taxa de inadimplência inferior à registrada por homens: 3,7% para mulheres contra 4,2% para os empresários.