A presença de imigrantes no mercado de trabalho formal brasileiro apresentou diminuição pela primeira vez na década. O número passou de 127.166 em 2015 para 112.681 em 2016. As informações foram divulgadas na quarta-feira (13), no Ministério do Trabalho, durante o lançamento do Relatório Anual 2017 – A inserção dos imigrantes no mercado de trabalho brasileiro. “A publicação traz dados que contribuem de maneira qualificada para a análise do mercado de trabalho formal no Brasil. O Ministério do Trabalho tem o papel de promover o trabalho decente e a igualdade para todos os trabalhadores, incluindo os emigrantes”, afirmou o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira.
O estudo é do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), parceria entre a pasta e a Universidade de Brasília (UnB). O documento reúne estatísticas sobre imigração e mercado laboral, incluindo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que permitem analisar a movimentação dos trabalhadores não brasileiros. “Apesar da diminuição em relação a 2015, o Brasil tem integrado esses trabalhadores ao longo dos anos. Em 2010, por exemplo, o número era de cerca de 55 mil”, destacou o secretário-executivo do Ministério do Trabalho, Helton Yomura, salientando que os números são positivos.
O Relatório Anual mostra que os haitianos continuam liderando a lista de nacionalidades inseridas no trabalho formal, com 25.782 pessoas. Em seguida estão os portugueses, com 8.844, e os paraguaios, com 7.737. Apesar da retração da mão de obra, algumas nacionalidades mostraram uma avaliação positiva, a exemplo dos Venezuelanos. Eles já ocupam mais espaço no mercado de trabalho e tiveram um crescimento de 32% no ano de 2016 em relação a 2015. Helton Yomura salientou que dados mais precisos sobre a imigração venezuelana devem constar no relatório que será apresentado em 2018. “Estamos observando esse fenômeno de fluxo migratório. O governo brasileiro está de portas abertas”, disse o secretário-executivo.
São Paulo continua sendo o estado que mais absorve trabalhadores imigrantes, empregando 37% deles no país, com um total de 41.826. Na sequência estão Santa Catarina (mais de 14 mil), Paraná (mais de 13 mil) e Rio Grande do Sul (cerca de 11 mil). Juntos, os três estados da região Sul empregam 34% dessa mão de obra no Brasil.
Assim como em 2015, o sexo masculino continua predominante no mercado laboral. Do total de imigrantes, mais de 80 mil são homens, contra menos de 32 mil do sexo feminino. Entre os setores da economia que mais empregam está o de Bens e Serviços. Os outros dois setores e segmentos que mais contrataram em 2016 foram os de Serviço, Comércio em Lojas e Mercados e profissionais das Ciências e das Artes.
Caged – O Relatório indicou que as demissões predominaram em praticamente todos os meses de 2016. Foram 50.959 demissões contra 40.066 admissões. O resultado é atribuído aos reflexos da crise econômica. No entanto, o primeiro semestre de 2017 já contabiliza bons números, com saldo positivo de 4.704 admissões. O coordenador do OBMigra e professor da UnB, Leonardo Cavalcanti, afirmou que a crise levou mais tempo para afetar os imigrantes que os brasileiros. “Enfrentamos um cenário distinto do norte global, onde os imigrantes foram os primeiros a serem impactados pela crise. No Brasil, eles foram afetados depois dos nacionais, pois o agronegócio, que é um setor de grande fluxo migratório, continuou exportando”, pontuou.
Acordo de Cooperação Técnica – Durante o lançamento do Relatório Anual 2017 foi enfatizada a importância da assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica entre Ministério do Trabalho, Ministério da Justiça e Cidadania, UnB, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Polícia Federal para fortalecimento de ações e integração de base de dados de imigração. Segundo o coordenador de Imigração do Ministério do Trabalho e presidente da Coordenação Geral de Imigração (CNIg), Hugo Gallo, o trabalho em conjunto favorecerá a integração da base de dados sobre imigração. “O acordo terá seis objetivos prioritários, entre eles o aperfeiçoamento de práticas e rotinas integradas e automatizadas de tramitação de informações e estatísticas sobre migrações e refúgio, além do estudo da viabilidade de incluir as pesquisas domiciliares desenvolvidas pelo IBGE”.