Por Indianara Gonçalves Ferreira
Ultimamente se tem comentado muito sobre RH 3.0, e como isso pode mudar o mercado de recursos humanos. Caso não esteja familiarizado com o termo, ele implica no uso da tecnologia para ampliar a performance das áreas de RH.
Os processos mais antigos ficaram conhecidos como RH 1.0, quando o foco das atividades eram as leis trabalhistas e processos burocráticos. Com o passar do tempo o destaque para o lado comportamental das pessoas, motivação, produtividade, treinamentos, entre outros, tornaram o RH em 2.0, pois o RH passou a ser um gestor de talentos, um parceiro da empresa no desenvolvimento humano.
Nada disso deixou de ser feito. Na verdade novas técnicas só melhoraram esses processos e ações, porém, a tecnologia transformou, e vai transformar mais ainda, o cenário. O lado humano e pessoal ganhou tanto destaque, que se notou que para contratar há muitas mais variáveis de personalidade que garantem bom desempenho, e que podem ser analisadas e entendidas com o uso de tecnologia.
Claro que muitos começaram a falar de substituição do humano pela máquina, como os alarmistas e pseudo ludistas de plantão sempre falam. Porém, entendendo de verdade o que é o RH 3.0 se percebe que vai mudar muita coisa, mas não há essa substituição, e sim uma progressão dos trabalhos no mercado.
A visão humana do colaborador se ampliou. Eles devem ser desenvolvidos de acordo com seu potencial, se encaixando nas empresas de maneira mais assertiva, o que é bom para ambos os lados. Com propósitos alinhados, é mais simples estimular inovação, sustentabilidade, criatividade, e a gestão pessoal se torna algo natural, pois há um comprometimento que vem do emocional, tanto quanto vem do racional.
Se fala inclusive em utilizar o termo Liderança de Pessoas, sugerindo um tratamento muito mais humano do que se espera de algo motivado pela tecnologia. Mas afinal, onde entram as máquinas? O talento é amplo, não escasso, o problema é encontra-lo, direcioná-lo ao lugar certo, e é ai que a tecnologia entra.
A tecnologia de análise do comportamento digital das pessoas ajuda a entender os valores, alinhamentos, e até mesmo talentos escondidos das pessoas. O profissional de RH parte para ser um conhecedor do aspecto tecnológico que o ajudará a lidar com volumes maiores de informação, de pessoas, de variáveis comportamentais.
A automação de alguns trabalhos existirá, mas a posição de gestor dessa tecnologia é a que realmente precisa de uma capacidade crítica que somente o tato humano consegue trazer. Criadores designers, experts, planejarão.
Essa área precisa de agilidade, mas também não pode abrir mão de ser assertiva. Ela precisa acompanhar as transformações pessoais dos funcionários, e para isso processos precisam evoluir, e a tecnologia precisa ajudar na lida com a quantidade de informação. A ferramentas de análise dão parte do trabalho “mastigado” para o recrutador.
Automação somada à inteligência de psicologia, de recrutamento, de liderança pessoal. Feedbacks são dados com mais agilidade, pois as ações são analisadas de maneira muito mais rápida. Percursos são corrigidos antes que se tornem problemas maiores. Será preciso um maciço investimento em tecnologia para um setor que antes não a tinha como base.
As formações terão de evoluir, pois a tudo que se soma é preciso adicionar conhecimento, e a tecnologia se somará aos RHs. Então, o alarmismo que fique no campo das ilusões. A prática está em colher o que é melhor no profissional de RH, seu potencial pessoal, gerencial. O trabalho braçal na verdade toma tempo que poderia ser usado para alavancar o progresso, e é isso que o RH 3.0 representa.