Profissionais tentam sobreviver em meio aos reajustes constantes

Pedro Augusto

De acordo com a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgada na última segunda-feira (17), no intervalo do dia 9 a 15 de setembro, o preço médio da gasolina nas bombas de todo o país correspondeu a R$ 4,628, chegando a exorbitantes R$ 6,290, no estado do Tocantins, na região Norte. Especificamente em Pernambuco, segundo o estudo, o valor médio deste tipo de combustível atingiu a marca de R$ 4,441, apertando ainda mais os bolsos dos consumidores. Se para os usuários habituais de veículos, os constantes aumentos nos preços já vêm provocando muita dor de cabeça, imagine para os que dependem essencialmente deles para garantir o pão de cada dia…

Esta semana, a equipe de reportagem do Jornal VANGUARDA esteve conversando com alguns taxistas e mototaxistas que operam no mercado de Caruaru. Sem exceção, todos eles se mostraram bastante preocupados com os reajustes desenfreados que vêm ocorrendo no que se refere ao valor da gasolina. O taxista José Lira, por exemplo, que presta serviço há pelo menos 35 anos no cenário local, afirmou jamais ter observado tamanha alta em relação ao preço do combustível. Ele ressaltou as dificuldades que têm sido obrigado a superar.

“Durante todo esse tempo de praça, nunca tinha observado um valor tão absurdo no que diz respeito à gasolina. No dia em que consigo obter um bom apurado, o dinheiro acaba ficando todo no posto porque sou obrigado a abastecer para trabalhar no outro dia. Resultado: só está dando para pagar, praticamente, as despesas básicas! Abastecia num posto, que estava cobrando até semana passada, R$ 4,24 pelo litro. Mas, agora, o mesmo volume não tem saído por menos de R$ 4,48. Um verdadeiro absurdo! Daqui a pouco, não vou ter como trabalhar!”

Para justificar tais reajustes pesados, os postos de combustíveis vêm alegando que a Petrobras não está economizando nos repasses das elevações do petróleo e do dólar para os valores nas refinarias. Ou seja, segundo os estabelecimentos do tipo, a estatal não tem esperado o prazo máximo de 15 dias, conforme ressalta a sua política de preço em vigor, para fazer as alterações. E a estimativa, de acordo com especialistas na área, é de que os aumentos continuem sendo empregados, sobretudo porque o dólar continua apontando para cima, devido às incertezas das eleições. Por causa das turbulências eleitorais, a moeda norte-americana passou de R$ 4,20, o maior valor da história.

O mototaxista Adeildo Silva, que opera na praça do antigo Sertanejo, no centro da cidade, ressaltou que está difícil de trabalhar com os constantes reajustes. “Não podemos aumentar os valores das corridas porque os passageiros reclamam e deixam de nos procurar. Então, o jeito está sendo ter de engolir a queda diária no valor do apurado. Hoje, está muito difícil de sobreviver como mototaxista. Se não bastassem esses preços absurdos, temos de rezar todos os dias para não ter nenhum problema na moto, porque senão ficamos sem ter como trabalhar. Toda a categoria se encontra bastante preocupada!”, desabafou.

Na famosa praça de táxi da Catedral, a reportagem VANGUARDA conversou com Ricardo Martins. Operando no local há pelo menos seis anos, ele também lamentou a situação em que se encontra grande parte dos trabalhadores do volante de Caruaru. “Se eu não estiver enganado, a última vez em que houve modificações nos valores das tarifas da nossa categoria foi em 2016. De lá para cá, não ocorreram reajustes, enquanto que o preço da gasolina saltou de maneira vergonhosa não só no mercado local, mas também em todo o Brasil. Para ser bem sincero, hoje só está dando para arrumar o prato de comida do dia. Não sei aonde vamos parar! Esperamos que, após essa eleição, as coisas comecem a clarear para todos nós trabalhadores, porque o sofrimento está grande”, afirmou.

De acordo com o levantamento do VANGUARDA, atualmente os valores da gasolina na Capital do Agreste estão alternando na casa dos R$ 4,48 até R$ 4,80. Ou seja, superior ao preço médio do combustível que foi identificado pela ANP em relação a Pernambuco.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *