ARTIGO — Pequenas vitórias

Maurício Assuero

Em pouco espaço de tempo três importantes notícias para a economia brasileira. A primeira foi a formalização de um acordo entre Mercosul e União Europeia, tentado desde 1999, que vai gerar algo em torno de US$ 100 bilhões para o bloco econômico. As tratativas para eliminação de barreiras devem começar dentro de seis meses e alguns produtos já tem uma data prevista para transações sem tarifas alfandegárias. Isso deve movimentar nossa economia de forma intensiva.

A segunda questão está relacionada com a expectativa de reclassificação de risco do Brasil. isso funciona como um atestado de bom pagador. Atualmente nossa classificação de riscos é BB- (isso mesmo, BB menos), que significa uma chancela de mau pagador ou “odor” irrespirável para investimentos externos. A expectativa do mercado é de melhora. A principal causa dessa mudança foi a aprovação da reforma da previdência.

O terceiro ponto que merece destaque foi o fato de a Petrobras ter vendido mais 35% do controle da BR Distribuidora. Como 29% já estavam sob o controle privado, isso significa que a Petrobras agora só tem 36% do capital. Ainda é muito. No próximo passe se desfaz desses 36% e deixa a iniciativa privada comandar.

Não tem motivos para não se comemorar esses pequenos avanços. São poucos dentro de da perspectiva do muito que se precisa fazer por esse país, mas o caminho do crescimento econômico passa por estas ações. A reforma da previdência, por si só, não vai resolver o problema do país e por essa razão ela deve complementada por outras ações progressistas. Um detalhe importante é que a receita com a arrecadação do governo, ao privatizar, deve ser maior do que a rentabilidade que ele mantendo a estrutura. É nessa visão que o governo se apóia.

Certamente tem aquela corrente de pensamento que alega o aumento do desemprego. Muito dessas alegações são baseados em conjeturas, em estimativas, mas nem sempre vão ao encontro dos fatos. Uma coisa parece premente: o governo está tentando mudar a relação sua própria formatação trabalhista, ou seja, nos parece que o concurso público (que eu já falei aqui no passado num possível fim) entrou de vez na agenda para ser eliminado.

Existem argumentos que indicam que o governo anda nessa direção. Tivemos a aprovação de uma lei que permite a contratação de terceirizados para atividade fim. Tivemos uma reforma trabalhista. Tivemos uma Emenda Constitucional que limitou gastos. Recentemente o governo falou no interesse de acabar com a estabilidade do servidor público. Em resumo: temos ingredientes suficientes para acreditar que o próximo passo é acabar com concursos.

Cabe a cada um de nós acompanharmos essa agenda. “A gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão e arte.”

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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