Dia Nacional de Doação: população pode doar medula óssea em vida

Nesta sexta-feira (27.09) é comemorado o Dia Nacional De Doação de Órgãos e Tecidos. Órgãos sólidos como fígado, rim, coração e pâncreas, além de córnea (tecido), podem ser doados após a morte. Em vida, esse ato pode ser efetivado com parte do rim, fígado e pulmão, além da medula óssea. No último caso, a pessoa interessada em doar deve ir ao Hemope para fazer seu cadastro e coleta de uma amostra de sangue, para a realização dos exames de compatibilidade. Com isso, é possível ajudar alguém de qualquer lugar do Brasil e do mundo. Neste mês, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) tem reforçado a importância desse ato e solicitado à população cadastrada que faça a atualização dos seus dados pessoais no sistema, para dar mais agilidade no contato e na localização do potencial doador.

Em Pernambuco, o cadastro do doador de medula óssea é feito nas unidades do Hemope do Recife, Caruaru, Garanhuns, Serra Talhada, Arcoverde, Ouricuri e Petrolina. Para ser um doador, o interessado, que deve ter entre 18 e 55 anos, participa de uma palestra sobre o assunto e assina um termo de consentimento, além de preencher uma ficha com informações pessoais. Na ocasião, será retirada uma pequena quantidade de sangue, que será analisado em laboratório para identificar características genéticas que vão ser cruzadas com dados de pacientes que necessitam de transplantes, sendo possível determinar uma possível compatibilidade.

“Dependendo do tipo de procedimento utilizado para a doação da medula óssea, o doador retoma suas atividades normais em cerca de 1 semana. Antes da doação, são realizados diversos exames para comprovar que o doador está bem de saúde e apto para esse ato de solidariedade. Além disso, em cerca de duas semanas as células-tronco hematopoéticas estarão reestabelecidas no organismo”, afirma a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), Noemy Gomes.

As informações do potencial doador ficam armazenadas no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Para verificar a necessidade de atualização das informações, como telefone e endereço, o doador já cadastrado deve acessar o site redome.inca.gov.br. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) vem chamado a atenção do público para a importância de atualizar os dados para dar agilidade na localização do doador. Neste ano, entre janeiro e agosto, em Pernambuco, já foram realizados 165 transplantes medula óssea. Isso significa um aumento de 12% em relação a 2018 (147 transplantes). Atualmente, 31 pessoas estão em fila de espera pelo tecido.

Em celebração ao Dia Nacional e ao Setembro Verde, mês de conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos, o Hemope Recife, no bairro das Graças, fará uma ação de cadastro de doadores neste sábado (28.09), das 8h às 14h. De rotina, o cadastro funciona de segunda a sexta, das 8h às 16h. Mais informações pelo 0800.081.1535.

BALANÇO: Em Pernambuco, entre janeiro e agosto, 1.082 pessoas foram transplantadas, quantitativo 5% menor do que o mesmo período de 2018 (1.139). Entre os órgãos sólidos, houve uma diminuição de 20% nos transplantes de rim (255 em 2019 contra 319 no mesmo período de 2018). Esse é o órgão com a maior fila do Estado, totalizando 1.029 pessoas. Em 2018, o Estado ficou em primeiro lugar no Norte Nordeste nesse tipo de procedimento e em 2º no país em transplantes de rim por milhão de habitantes. O ano de 2018 também foi o com o maior número de transplantes de rim de Pernambuco (463).

“Pernambuco é pioneiro e referência no Norte e Nordeste em transplantes de órgãos e tecidos. Na região, fomos o primeiro Estado a criar uma Central de Transplantes, em 1994, três anos antes do Sistema Nacional de Transplantes. Ao longo desses anos, foram formadas equipes de excelência na captação e de transplante de órgãos, profissionais capacitados para o diagnóstico de morte encefálica e para as entrevistas familiares e logística para conseguir atender a população do nosso Estado e de outras regiões do país. Contudo, todo esse esforço precisa, ainda, da doação do órgão ou tecido, que no Brasil precisa ser autorizada por um familiar de até segundo grau do potencial doador. Por isso, precisamos falar do tema no nosso dia a dia, desmistificá-lo e entender que, mesmo após a morte, podemos ajudar a mudar vidas de pessoas em fila de espera por um órgão ou tecido”, afirma o secretário estadual de Saúde, André Longo.

AGILIDADE: Desde meados de 2019, Pernambuco possui o status de córnea zero. Isso significa que todo o paciente que tem indicação para o procedimento, e os exames necessários para ser inscrito na fila de espera, faz o transplante em até 30 dias. Entre janeiro e agosto deste ano, 500 pessoas já foram beneficiadas.

CAPACITAÇÃO: A coordenadora da Central de Transplantes, Noemy Gomes, afirma que a capacitação dos profissionais de saúde para acolher as famílias, tirar suas dúvidas e explicar todo o processo da doação é essencial para que o transplante se torne uma realidade. “Nós estamos constantemente, com o apoio da imprensa, levando o tema para a casa das pessoas. Esse é um trabalho importante e necessário, para que o público comece a pensar sobre o tema e informe aos seus familiares seu desejo de ser doador. Contudo, é indispensável termos profissionais capacitados a lidar com o diagnóstico de morte encefálica e no acolhimento dos familiares em um momento de dor que é a perda de um ente querido. É nessa hora que precisamos estar bem preparados para dar todas as informações que ajudem o familiar a poder exercer o seu direito de doar os órgãos do potencial doador”, diz Noemy.

Desde 2017, quando o Conselho Federal de Medicina (CFM) atualizou os critérios de diagnóstico da morte encefálica, a CT-PE tem atuado para capacitar os profissionais sobre as novas diretrizes. Neste mês de setembro, houve capacitação voltada para médicos e, no Hospital da Restauração, o maior centro doador do Estado, para enfermeiros.

RANKING: De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), Pernambuco ficou, em 2018, em 1º lugar no Norte e Nordeste no número de procedimentos de rim, coração, pâncreas e medula óssea. “Além de números, isso mostra a excelência dos serviços prestados no Estado, beneficiando pernambucanos e, como o Sistema Único de Saúde (SUS) não tem barreiras, pacientes de diversas regiões do país”, reforça o secretário André Longo.

FILA DE ESPERA: Atualmente, há 1.029 pessoas em fila de espera por um rim em Pernambuco, 190 por córnea, 95 fígado, 31 medula óssea, 12 rim/pâncreas e 8 coração.

TRANSPLANTES REALIZADOS EM 2019: 500 de córnea, 255 rim, 165 medula óssea, 106 fígado, 35 coração, 15 válvula cardíaca e 6 rim/pâncreas

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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