ARTIGO — Impulsionando

Por Maurício Assuero

A taxa de juros no Brasil chegou a 5% ao ano, o menor valor histórico, e tudo indica que ainda se reduzirá, pelo menos até os 4% ao ano. Embora o mercado de títulos seja afetado, afinal o investidor prefere ganhar sempre mais, esse comportamento tem alguns lados positivos. O primeiro é a redução da dívida pública. Adicionalmente, isso sinaliza ao investidor externo como o país pretende se comportar nos próximos períodos, ou seja, os juros deixarão de ser o principal instrumento de captação de recursos externos.

Observe que com a SELIC em 5% ao ano, a taxa de juros real, aquela que vem descontada da inflação, passa a ser algo em torno de 2% ao ano, ou seja, uma taxa de primeiro mundo. No entanto, o impacto mais intenso disso será sobre o consumo e, por conseguinte, sobre a inflação e é este ponto que deve ser trabalhado desde agora. O fato é que temos uma pressão por demanda que não se configura pela falta de renda, mas com o crescimento da empregabilidade, mesmo que informal, vai haver pressão sobre os preços e aí o Brasil começar a fazer o caminho de volta, ou seja, passar a elevar a taxa de juros com o fito de conter bolhas inflacionárias.

Não resta dúvida as vantagens de uma taxa de juros baixa, mas a grande reclamação das pessoas é que este benefício não traz impacto para consumidores. A grande queixa, e com larga razão, é o cheque especial. Este tipo de operação, também chamado de Empréstimo em Conta Corrente, tem como objetivo primeiro evitar que o cliente entre em adiantamento a depositante que é uma operação sem garantias. Assim, qualquer estouro de conta é coberto com o saldo do cheque especial (ou da conta corrente garantida) que é uma operação com garantia predeterminada.

No Brasil a taxa crédito rotativo é sempre alta em função do risco, no entanto, a Caixa Econômica Federal reduziu, no dia 12 de novembro passado, sua taxa de cheque especial para 4,99% ao mês enquanto a média do mercado é 12% ao mês, no mínimo. Isso é bom? Certamente que sim! As pessoas contam com o cheque especial para eventualidades. Todavia, não se pode esquecer que a CEF e o BB são empresas com ações negociadas em Bolsa de Valores e que isso pode reduzir o interesse, por parte dos investidores, em papéis dessas empresas.

Cabe lembrar que, em Economia, a interação dos mercados faz uma ação se propagar suficientemente. Assim, o governo precisa está atento a outros fundamentos econômicos como o mercado de câmbio. Em tese, as oscilações nesse mercado decorrem mais da instabilidade do país do que de eventos determinantes. O dólar acima de R$ 4,00 favorece exportação, então pode-se até lucrar com essa onda dolarizante, mas isso teria que causar impacto na produção e sem não acontecer, terá sido apenas especulação.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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