Maurício Assuero
Oficialmente a inflação de 2019, medida pelo IPCA, fechou em 4,31%, ligeiramente acima da meta do governo. Alguns fatores, dentre os quais, a pressão nos preços com a alta da carne, preço de combustível e taxa de juros, possuem certa carga de responsabilidade por esse desacerto. Nos dois casos primeiros, as forças do mercado podem equalizar a situação, mas é bom o governo ficar de olho e promover, aqui ou ali, pequenos ajustes sem que se configure intervenção. Minha preocupação maior é com a taxa de juros.
Conseguimos atingir uma taxa básica de 4,5% ao ano e isso tem algumas implicações dentre as quais pressão sobre os preços. Os juros reais ficarão abaixo de 2% ao ano e isso remete a duas: a primeira é o aumento da Bolsa de Valores e a gente tem visto, por exemplo, que chegamos a 117 mil pontos. Mesmo que seu dinheiro não esteja aplicado em ações, entenda que isso é bom para a economia. Sabe por que? As ações se constituem como uma forma das empresas captarem recursos no mercado sem pagar juros aos bancos. Os acionistas esperam lucros para obter dividendos e se houver lucros significa que a economia está caminhando bem.
A segunda questão da taxa de juros é a natural pressão sobre o consumo. Algumas pessoas podem aproveitar o excesso de renda e ao invés de aplicar, consumir. Essa sempre foi um luta que o Brasil perdeu ao longo do tempo e, por isso, o combate a inflação tem sido a principal política de qualquer governo. A dúvida é se temos motivo ou não de nos preocuparmos. Neste instante, quando estamos na primeira quinzena do ano, é muito cedo para dizer, no entanto, o crescimento do emprego precisa continuar. Tivermos uma boa resposta com os empregos informais porque geraram renda no momento propício; tivemos ao longo do ano quase um milhão de empregos formais, mas precisamos intensificar as ações.
Uma coisa que cabe lembrar é que a inflação é apenas um dos tripés que o Ministro Paulo Guedes utiliza. Os outros, privatizações e equilíbrio fiscal, não podem ser esquecidos. Sabe-se que há uma série de privatizações em pauta e em termos fiscais tivemos uma vitória: o déficit orçamentário de R$ 139 bilhões previstos em 2018 deve ficar entre R$ 60 bilhões e R$ 70 bilhões. Precisa trabalhar para zerar esse déficit. Não é fácil, nem imediato.
Assim, considerando que a estimativa de inflação é 3,5% ao ano, o governo precisa garantir uma inflação média de 0,28% ao mês. Vamos acompanhar. Janeiro é um mês péssimo por conta do reajuste de impostos, educação, saúde, dentre outros. Continuo dizendo, como disse aqui desde que foi aprovado a PEC do Teto, que as exportações continuam sendo um caminho factível de crescimento econômico. É preciso met