Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio do Instituto Datafolha, constatou que a automedicação é um hábito comum em 77% dos brasileiros. A mesma pesquisa apontou que 32% dos pacientes têm o hábito de aumentar as doses prescritas por médicos para potencializar os efeitos terapêuticos. De acordo com o mestre em ciências farmacêuticas e professor do UniFavip, José Edson de Souza Silva, essa prática pode ter consequências graves, que podem levar a óbito.
“A automedicação consiste em fazer uso de medicamento sem a orientação de um profissional de saúde. As consequências vão desde reações adversas leves, interações com outros medicamentos e em uma situação mais extrema pode levar à morte”, explica o docente.
Ainda segundo o professor, durante o inverno a procura pela automedicação aumenta. Com as infecções respiratórias em alta nessa época, a busca por medicamentos para tosse, coriza, febre, dor de garganta e ouvido por conta própria atinge níveis extremamente elevados. Paralelamente, aumenta-se, com isso, o risco de diagnósticos tardios de pneumonias, otites, meningites, sinusites, entre outros.
“As mudanças de temperatura podem fragilizar o organismo humano, como consequência surgem as doenças e a busca por medicamentos. É importante sempre buscar a orientação de um profissional competente antes de fazer uso de medicamentos, e nós farmacêuticos somos capacitados para fazer essa orientação”, destaca Silva.
Riscos iminentes à saúde
Medicamentos são substâncias químicas estranhas ao organismo com potencial de causar intoxicações. Um outro problema é a interação. Um medicamento pode reagir com outro e provocar um dano ao organismo ou até mesmo interferir no efeito, fazendo com que o medicamento fique ineficaz. Reitero aqui a importância da orientação farmacêutica para evitar possíveis danos a saúde da população.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que 18% das mortes por envenenamento no Brasil podem ser atribuídas à automedicação, e 23% dos casos de intoxicação infantil estão ligados a ingestão acidental de medicamentos armazenados em casa de forma incorreta. Os analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios estão entre os que mais intoxicam.
Automedicação em tempos de Covid-19
Em tempos de pandemia, há uma busca desenfreada por medicamentos contra a COVID-19, alimentada por uma avalanche de “fake news” nas redes sociais que geram no paciente um estímulo para a prática da automedicação e uso abusivo e irracional de medicamentos. Mesmo antes de sólidas comprovações científicas de drogas eficazes contra tal enfermidade, remédios como ivermectina e hidroxicloroquina desapareceram das prateleiras das farmácias, prejudicando pacientes com indicações precisas para tais medicamentos, como doenças reumáticas graves e verminoses.
“A Covid-19 é algo muito recente e a comunidade científica ainda está buscando muitas respostas. Muitas são as informações passadas em todos os meios de comunicação, principalmente na internet. É muito importante que as pessoas tenham muito cuidado e não façam uso de nenhum medicamento ou terapia sem a orientação profissional”, alerta e finaliza o professor.