Inflação

A pressão nos preços está incomodando, por conta do desequilíbrio no mercado. Alguns já falam na volta da inflação, mas, até o momento, essa alta de preços parece ser uma questão mais localizada, mais do momento atual. No entanto, com o dólar alto, ou seja, o real desvalorizado, e a taxa de juros baixa, medidas corretivas precisam ser adotadas para que a extensão do problema não aumente. Se por um lado, o dólar alto favorece a redução de gastos no exterior, fato que poderia contribuir para aumentar a demanda doméstica, por outro lado, os produtores perceberam que podem ter lucros maiores vendendo lá fora.

Como medida de contenção da alta de preços do arroz, que puxou outros produtos agrícolas, o governo anunciou a liberação de tarifas de importação do arroz, fato lógico de ser adotado, mas com o dólar alto o efeito será bem menor do que se espera. Alternativas precisam ser implantadas, mas não é algo fácil, principalmente porque conta da “guerra ambiental”. Há um estudo da Embrapa que aponta um crescimento de 13% na área plantada no Brasil, passando de 75,4 m, milhões de hectares para 85,68 milhões num período de 10 (de 2018/2019 a 2028/2029).

Embora, o estudo aponte que esse crescimento se dará através do uso de terras degradadas, cabe salientar que a agricultura precisa de tecnologias mais adequadas, a exemplo do que se faz no Japão onde não existem terras cultiváveis em oferta e onde falta mão-de-obra, mas a agrotecnologia tem dado respostas formidáveis. Os japoneses conseguem produzir muito num espaço de terra minúsculo e o Brasil, esse gigante enorme, precisa muito aprender, embora a Embrapa seja uma grande referência nessa área.

O governo precisa ampliar o leque de oportunidades incentivando pesquisas, propondo alternativas que gerem resultados. Um dos grandes problemas ambientais para as usinas, no passado, era o tratamento da vinhaça que era jogada, simplesmente, nos rios. Devido a grande demanda de oxigênio, este produto matava fauna e flora nos rios e estudos apontaram que a vinhaça poderia ser utilizada como fertirrigação e trazia benefício para o plantio de cana como a renovação mais rápida, ou seja, maior produção, e economia com fertilizantes visto que o produto tem NPK – Nitrogênio, Fósforo e Potássio.

Segundo dados do Banco Mundial, no ano de 2019 startups ligadas ao agronegócio receberam US$ 20 bilhões em investimento para desenvolvimento de pesquisa na área. Em São Paulo, cada real investido no agronegócio traz um retorno, aproximado de R$ 30,00. O que falta trazer soluções para a região nordeste ou dito de forma mais coerente: trabalhar políticas regionais que fortaleçam o crescimento mais uniforme e igualitário.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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