Para vencer câncer de próstata, homens precisam vencer também o preconceito

Segunda maior causa de óbito oncológico no sexo masculino, o câncer de próstata é, também, o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Dependendo bastante de um diagnóstico precoce para o sucesso no tratamento e consequentemente para a obtenção da cura total, o problema ainda esbarra em alguns preconceitos que ferem a masculinidade.

Segundo o urologista Renato Leal, do Hospital Jayme da Fonte, o câncer de próstata não apresenta sintomas na fase inicial da doença, por isso é de suma importância que os cuidados preventivos sejam incluídos na rotina de saúde do homem. “O ideal é que homens a partir dos 50 anos iniciem o monitoramento da próstata com um acompanhamento médico. Porém, se existirem casos de câncer de próstata na família, sobretudo nos parentes de primeiro grau, esse acompanhamento médico deve ser iniciado aos 40 anos, porque as chances de desenvolver o problema são maiores”, explicou Renato.

Quanto mais tempo demora para diagnosticar o câncer, mais tempo se leva para iniciar o tratamento. Mas um dos problemas que dificultam a prevenção é uma certa resistência por parte dos homens em relação ao exame do toque retal, um dos principais na detecção da doença. Com 55 anos, o autônomo José Augusto nunca fez o exame do toque e confessa não se sentir confortável com a possibilidade. “Há cinco anos eu faço o acompanhamento através do exame de sangue, mas nunca fiz o exame do toque e ainda não tenho coragem de fazer”, revelou Augusto. Para ele, o desconforto existe porque ele desconhece o método. “Nunca perguntei ao meu médico se eu teria que ficar em determinada posição, se dói, mas ouço tantas coisas que fico relutante”, emenda.

O exame de sangue realizado por José Augusto é o de dosagem da proteína PSA, substância produzida pela próstata que, quando detectada em quantidade elevada, pode levantar a suspeita do câncer. “O exame de PSA é também é indicado na rotina preventiva. Aliado ao exame de toque, os dois são capazes de detectar as anormalidades”, disse o urologista Renato.

Já o servidor público Teobaldo Oliveira, 52, também nunca fez o exame de toque, mas se mostra menos resistente quanto a isso. “Ano passado, quando comecei a prevenção, realizei uma ultrassonografia. Como não detectou nada, meu médico disse que ainda não era necessário realizar o exame do toque. Mas se um dia ele solicitar, o farei sem problema algum. Sei que muitos homens têm preconceito, inclusive alguns amigos meus, mas acho que isso deve ficar de lado, porque a prioridade é a saúde”, argumentou Teobaldo. Por ter uma alimentação saudável, não fumar, beber com moderação e manter uma rotina de exercícios físicos diários, as chances de Teobaldo desenvolver o problema diminuem.

A psicóloga Ana Rique, que também é sexóloga e terapeuta de casal, afirma já ter atendido pacientes que tinham medo de realizar o exame do toque. “Alguns homens enxergam esse exame como um tabu, que pode afetar ou diminuir a masculinidade deles. Outros se acham fortes demais para desenvolver certas doenças e por isso menosprezam o tratamento. Quando lido com casos desse tipo, tento mostrá-los que esse é um procedimento médico comum, um exame como qualquer outro, necessário para o benefício da saúde”, conta Ana. Alguns dos pacientes recebidos por ela foram, inclusive, indicações de urologistas, que estavam com dificuldade de dar continuidade ao tratamento em alguns homens.

Assim que é detectado, o especialista que estiver acompanhando o caso deverá avaliar qual é o tratamento mais adequado. “Se for um câncer pouco agressivo, fazemos apenas um acompanhamento clínico. Caso seja um pouco mais agressivo, existem as radioterapias e braquiterapias, as cirurgias de remoção, entre outras. Nos casos mais pesados, o tratamento é feito com hormonioterapia ou quimioterapia”, elencou, destacando que o ideal é prevenir. “Ressalto, quando descoberto no início, o tratamento pode ser mais leve e as chances de cura total são maiores”, finalizou Renato.

Folhape

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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